segunda-feira, 5 de maio de 2008

A MULHER E A VIDA QUE PASSA...

Todas as manhãs, Ela chega ao ponto de ônibus, no mesmo horário.
Parada, observa as pessoas que, todos os dias, percorrem o mesmo roteiro.Todas ocupando o mesmo espaço e encenando o tedioso comportamento do dia a dia.
O tempo frio obriga os transeuntes às mudanças de comportamento e vestuário, mostrando nas expressões, os olhares, inquisidores ou não, que anseiam, acomodam, sonham ou questionam.
O que será que pensa aquele senhor que todos os dias busca no tratamento de saúde, a esperança para seus olhos tristes?
De que tanto sorri aquela jovem mãe, que leva a filha para a escola, o uniforme impecável denotando limpeza e noção de higiene?
E aquele casal que traduz a infidelidade visível, como será que encara os seus pares no fim do dia?
Como conversam aquelas senhoras que, no hábito das andadas matutinas, fazem suas terapias com as amigas e sorriem!
Por que aqueles jovens estudantes desconhecem o respeito ao próximo, ao sacrifício dos pais e às suas existências e vão chutando a própria vida junto aos recipientes coletores de lixo, que encontram pela frente?
A Mulher aguarda e observa...
Quantas vidas que desfilam todas as manhãs atestando que a vida realmente não pára! Evolui, estaciona em alguns momentos, em outros,prossegue, sempre.
Por que será que, algumas pessoas que estão no mesmo espaço que Ela, não conseguem balbuciar um cumprimento de bom dia? O que as impede de serem sociáveis? Alguma amargura? Esquecimento do que lhes foi ensinado na infância?E por que outras que, antes desconhecidas, agora, passam e sorriem e sabem o valor de um desejo de dia bonito apesar de mostrarem, pelo aspecto físico e pela face, o sofrimento que a vida lhes impôs?
A Mulher observa...E vê rostos, muitos rostos, pelas janelas dos coletivos, de pessoas,que rotineiramente, vão para os trabalhos e escolas e já são pessoas conhecidas.
É dia chuvoso.
E a Mulher, agora em outro espaço dividido com outras pessoas, continua a questionar as lacunas existentes na alma delas...
Será possível que o convívio diário, o contato ao lado com várias pessoas, não conseguem transformar angústias, mágoas, preocupações, desamores, desconhecimentos de valores morais e tristezas, nas qualidades que outras que estão ali sabem tão bem mostrar? Por que não os cumprimentos, as risadas, os desejos de dia de paz, os sorrisos?por que não a socialização?!
O que as impedem de ser gente?!
A Mulher continua a observar...

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