segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O OLHAR DISTANTE DE QUEM ESTÁ TÃO PERTO...



Observo, à distância, aquela Mulher que tanto me ensinou. Busco resquícios da vitalidade que tanto me encantava e vejo , inanimada, a figura feminina que me guiou para a vida dando-me todas as razões para a importância do crescimento intelectual através do saber.

Silenciosa, embalando o pranto que não pode ser ouvido, procuro alguma resposta que me convença sobre o estado real da Mulher que agora está fugindo de todos para seu desencantado mundo de uma fantasia que não dá alegrias.

Por que o olhar distante de Alguém que está perto de mim e já está esquecendo do que somos,do que vivemos e em que momento estamos?
O que me dizem ou querem dizer os olhos da Mulher que sorriem ( ou estão paralisados num passado feliz?!),mas não sabem expressar o que sentem?

Estática na minha dor, procuro as muletas afetivas que não me amparam mais porque foram para outros espaços melhores e sinto que o estado de orfandade está ampliando a minha solidão.
A quem gritar minha incompreensão da dependência de uma Mulher que está desaprendendo os seus próprios passos, esquecendo dos nomes das pessoas especiais à sua vida e que precisa de trilhas vitais para seus rotineiros movimentos, antes tão rápidos e certeiros?

Em que momento a vida parou para a Figura feminina tão forte que foi o esteio de tantas vidas,agora, quase desconhecidas para ela?

Quem é essa Mulher que agora está hipnotizada pelas circunstâncias e que para diante da minha perplexidade e me faz ficar mais fraca porque não posso lhe dar a energia perdida?

Doem no meu corpo as marcas da angústia e da certeza de impotências diante de uma Mulher que sequer se lembrou de sua vida festejada, da felicidade vivenciada pelo bater de palmas, pelos desejos de mais e mais alegrias futuras e de uma data que sempre amou aplaudir: seu aniversário!
O seu olhar distante que duela com a sua presença tão perto de mim, faz com que eu inverta os papéis e sinta a importância de dar mãos, ensinar passadas e ações tão corriqueiras na vida para que a sua vida brinque comigo ,enganando a minha razão e brincando de mentirinha a afirmar que ainda sou a filha momentaneamente perdida em sua memória , sou a filha que não se esquece de sua Mãe!

Ana Virgínia Santiago
16/10/2010

Saudades de Mariá Ramos...





Cala a voz de uma Dama que soube fazer amigos em Ilhéus, mostrou o seu talento na arte da costura perfeita e eternizou a presença bonita e inesquecível nos ambientes que freqüentava e era muito amada.
Mariá Ramos personificou a grande mulher ao lado de um grande homem. Com Osvaldo Ramos, grande orador, formou o par que fazia bem a quem com eles convivia. E mesmo com a tristeza estampada no rosto, como uma deusa grega, manteve a dignidade dos seres especiais que dão mãos à tragédia imposta,mas não perdem a fé em Deus.
Fica aqui a minha última homenagem à minha madrinha de coração, à minha amiga que se foi deixando-nos órfãos daqueles olhos belíssimos que sorriam, falavam de amor e amizade.
Com certeza, Mariá está em lugares iluminado agora. 09/10/2010.
Ana Virgínia Santiago

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. Bertolt Brecht(1898/1956).

Para a coluna do DI do dia 02/10/2010

DIVAGAÇÕES


Enfim, chegado o tempo de ter liberdade para não ouvir lixos, chamadas absurdas, sorrisos com “cheese ou xis” (como queiram), de receber bofetadas a todo instante com a poluição visual e sonora, de conviver com tentativas de apertos de mãos, tapinhas nas costas, discursos frágeis sobre fulano ou sicrano.
Enfim, um tempo para não ficar sufocado em meu próprio espaço de convivência porque não posso impedir a tal liberdade de ação das pessoas que não respeitam o outro.
Enfim, ser apenas com meus pensamentos,minhas idéias formadas, meus gostares livres de influências ou apadrinhamentos.
Enfim, amanhã é dia da consciência( para quem tem...)!

Respeito... Viver em comunidade.

Ânsia de conviver com civilizados, com pessoas que podem ser a vizinha e o filho que não assimilam a educação doméstica com os princípios básicos que existe para os outros hora para dormir, para descansar, para vivenciar a tranqüilidade com a família ou alguns que exercitam suas preferências com queridos bichinhos de estimação que só enxergam outras portas para sujar...
Ânsia de presenciar gerações (que infantes, começam a viver) ouvindo,obedecendo e entendendo os ensinamentos de seus adultos, de vê-las aprendendo a formação do indivíduo, do saber respeitar o espaço com quem convive em suas ruas, em seus bairros, em seus lugares...

Ânsia de ver clarear muitos lares com pais enxergando mais do que querem ver, preocupados com os horários, com as companhias de seus filhos e os fazeres,além dos escolares...

Ânsia de aplaudir mudanças das pessoas que avaliam os bares não como um espaço em momentos de lazer, com papos agradáveis e companhias que valham a pena e sim como extensão ou peça principal de seus lares, porque encaram o místico e folclórico chavão de relaxar com uma geladinha e esquecer que saúde é primordial, é disciplina no comer e beber...

Enfim, espera de tempo para aproveitar a vida, absorver as maravilhas que ela nos dá como amizades que não sugam, seres especiais que dão orgulho, colegas que acrescentam, vizinhos que traduzem prazer.
Tempo para aproveitar a energia e a presença de quem pode, a qualquer momento ir para um outro lugar ou ao encontro de Deus..Para despertar e enxergar, com discernimento, quem é ou quem finge ser...

Respeito...

Ânsia de ouvir apenas a música que gosta, inebria a alma e que eleva o pensamento.
Ânsia de não ter a obrigação de “ tragar” os modismos musicais inexpressivos, verdadeiros insultos ao bom gosto que ecoam dentro de suas casas, independente da vontade.

Enfim, tempo ...