quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A RETOMADA DO DESRESPEITO

E começam as agressões e os desrespeitos a quem quer sossego.
A campanha eleitoral chegou com toda força. E aparecem candidatos. E empurram em nossa garganta, o que é difícil de tragar...
Agridem nossos ouvidos com “jingles” absurdos, com rimas dignas de enfartar qualquer um, com “slogans” surrealistas, porque em política se vive no mundo dos absurdos, até símbolo estrangeiro em época errada já acelera as suas passadas.
E pela imposição, porque, mesmo não concordando, somos obrigados a ouvir o que não queremos, ver em nossas mãos, distribuídos nas ruas, os coloridos e estúpidos “santinhos”, os apertos de mãos nojentos, os sorrisos escancarados, principalmente de quem nunca gostou de mostrar os dentes e os abraços,ah! os abraços, além das visitas em casas de bairros, jamais visitadas...
E tomem torpedos... de gente que não queremos ver, não precisamos ouvir, mas, vemos e ouvimos,porque a campanha eleitoral chegou a velocidade máxima e nada podemos fazer. Apenas sofrer a indignação, calados.
Humanizar mais a cidade? Gerar mais empregos?Melhorar a cidade?Competência? Dignidade? Seriedade?
Mas, será que estamos tendo pesadelos? Não seriam requisitos primordiais e obrigatórios de qualquer cidadão, ser honesto?Não é dever de qualquer homem ter a dignidade de ser sério,de respirar probidade?
E chega a campanha eleitoral, aparecendo a seqüência de estupidez e desrespeito a quem tem pensamento e ideologias próprias, a quem tem o candidato certo,pela sintonia de pensamentos e ações. E caminham o desrespeito e a insensatez de grupos que desafiam a nossa inteligência, com folhetinhos empurrados em nossos portões, assinados por pessoas auto-eleitas como referência e ou multiplicadores , indicando a ou b como candidato de bairro, de ruas, de sei lá mais o quê.
E começam as agressões e os desrespeitos a quem quer sossego.
A quem precisa do domingo para repor energias pelo descanso e bem estar e é acordado, cedinho, com as palavras mágicas de reconstrução da cidade, de “humanização” dos munícipes; dos doentes em hospitais; dos idosos que necessitam de paz.
A retomada do desrespeito já está conosco.
Que horror!!!
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

SE ( Ruyard Kipling )

SE


Se consegues manter a calma quando à tua volta
Todos a perdem e te culpam por isso;

Se consegues ter confiança em ti quando todos
duvidam de ti e aceitas as tuas dúvidas;

Se consegues esperar sem te cansares por esperar
ou caluniado não responderes com calúnias
ou odiado não dares espaço ao ódio
sem porém te fazeres demasiado bom
ou falares cheio de conhecimentos

Se consegues sonhar
sem fazeres dos sonhos teus mestres

Se consegues pensar
sem fazeres dos pensamentos teus objetivos

Se consegues encontrar-te com o triunfo e a derrota
e tratares esses dois impostores do mesmo modo

Se consegues suportar
a escuta das verdades que dizes
distorcidas pelos que te querem ver
cair em armadilhas
ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida
ficar destruído
e reconstruíres tudo de novo
com instrumentos gastos pelo tempo

Se consegues num único passo
arriscar tudo o que conquistaste
num lançamento de cara ou coroa,
perderes e recomeçares de novo
sem nunca suspirares palavras da tua perda.

Se consegues constringir o teu coração,
nervos e força
para te servirem na tua vez
já depois de não existirem,
e agüentares
quando já nada tens em ti
a não ser a vontade que te diz:
"Agüenta-te!"

Se consegues falar para multidões
e permaneceres com as tuas virtudes
ou andares entre reis e pobres
e agires naturalmente

Se nem inimigos
ou amigos queridos
te conseguirem ofender

Se todas as pessoas contam contigo
mas nenhuma demasiado

Se consegues preencher cada minuto
dando valor
a todos os segundos que passam

Tua é a Terra
e tudo o que nela existe
e mais ainda,
tu serás um homem, meu filho!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O DESENCANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Enclausurada em suas emoções, a Faxineira, ausente, estava descansando, porque se energizava para retornar ao seu labor.
Silenciosa, reiniciou suas passadas pela aldeia, andando pelas ruas. E observava... Olhou portões que permaneciam fechados (sem chaves, abertos, apenas quando algum morador gritava para abri-los) impedindo a luz penetrar,porque naquelas casas inexistia a sede de viver e o encanto que deveria ter em todos os lares.
Algumas casas permaneciam iluminadas pela simples presença do núcleo familiar,porque nelas tudo era dialogado e cultivava o sentido da comunhão.
E andou por avenidas e subiu uma ladeira que abrigava uma mulher encantadora que, para a Faxineira, era um exemplo de vida. Octogenária, era jovem nas idéias, nas ações, na beleza do saber encarar a vida e tinha sempre um contar interessante, um testemunho que expandia a sua luz. E era uma amiga que guardava no coração há muito tempo, desde as primeiras escrituras que publicava, alicerçando um querer que já vinha de outra geração.
E a Faxineira sorriu com os novos contares da amiga que morava numa ladeira e desconhecia o bálsamo que tinha plantado em sua alma, desencantada de dores, desamores e solidão.
E retornou ao andar pela aldeia para começar a sua limpeza...Ver quem precisava de sua presença, de sua função. E desceu a ladeira.
E, diante de outra casa, constatou o desmoronamento da estrutura que deveria ser exemplar, porque via ali uma Babel devastadora, disseminando desarmonia, ódios e ações malignas. E viu a impossibilidade de faxinar, aspirar as maldades, espanar rancores, desinfetar palavras, porque - aproveitando as faixas etárias avançadas de quem ali, em outros momentos, direcionou tudo - seres que não cresceram cultural e espiritualmente, avançam em suas ações e firmam o caos.
A aldeia é total mudança.Passeando por suas ruas, a Faxineira sentiu felicidade,porque carências básicas estavam sendo sanadas, apenas, por direcionamentos normais e tão difíceis para tantos que sobem as escadarias de um palácio.
E viu as praças e as gentes que por elas passavam.E recebeu e deu sorrisos e abraçou braços abertos pela amizade e pela bem querência. E sentiu felicidade, mesmo que seu coração estivesse abrigando saudades antecipadas, vontades com grilhões, sonhos adormecidos e decepções de quem não esperava.
Mais adiante, encontrou a Mulher que sempre vê tudo pela janela... E sorriu ao lembrar-se da amiga que mora na ladeira e que tanto quer conhecer o ser que, “espiando”, vê a vida e as pessoas passarem, fazendo paralelos para o seu viver.
E sentou no banco e conversaram e falaram suas confidências e sorriram suas alegrias e choraram suas dores.
E aplaudiu os vôos de um menino calado que sempre acreditou nos sonhos que encantam e provocam emoção. E assentiu sua certeza no que ainda virá para seu caminho,porque suas passadas são abençoadas pela correção de valores e pela perseverança no que quer.
E sorriu...
Conversando, saíram andando pela aldeia. Duas mulheres, duas vidas, sentimento irmanado no carinho e respeito.
Mais alguns passos, a Faxineira parou diante do secular templo de orações, mentalizou uma estrelada garota que sorri com os olhos e ilumina quem com ela convive, pedindo à Energia maior renovação de bênçãos para a eterna menina que anda em esquecimento.
E chorou...
E ,com gestos silenciosos, solidária,a Mulher “que espia pela janela”, também chorou pela amiga que sofria uma mágoa doída e amarga.
E falaram sobre as ingratidões que chegam para qualquer um e tentaram entender como as mudanças podem envenenar almas lindas e iluminadas, como pessoas entram na vida de outras e semeiam alterações que dão tristeza.
Silenciosas para energizar o incontido sentimento de desencanto, as duas mulheres permaneceram imóveis, mas, unidas num questionamento profundo pelas almas maceradas, que precisavam de um milagre.
E, saíram em direções opostas para o início do dia.
Porque estava enclausurada por um tempo, a Faxineira recuperava a hibernação, com a ânsia de varrer, limpar, lavar, aspirar todas as dores que as pessoas vivenciavam naquela aldeia.
E partiu para o labor, para encantada, transformar quem precisava de sua presença.
E trabalhou sem descansar, talvez, para aplacar a agonia que tomava conta de seu coração.
A aldeia estava mudada e era bom constatar isso.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

OS PAIS ENVELHECEM

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.

Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.

Mas, os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz. O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem.
Envelhecemos. E então algo começa a mudar.

Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebe as mínimas faíscas no olho de um filho.

É quando pais, idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular? Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida. Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente, não ouvem mais os conselhos.

A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.
Autor: JEFFERSON SANTOS

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

SAUDADE DE MEU FILHO




E o momento chegou... A saudade grandiosa apertando o coração, vontade de ainda ter aquela presença forte de amamentação, de proteção ao ser pequenino que precisava de mãos, braços, abraços...
Filhos são assim... Crescem (mesmo que a gente não queira aceitar...rs), formam a personalidade, seguem a vida, traçam seus caminhos.
Maravilha, quando continuam do bem, como é o meu caso .Mas, não deixam de ser os filhos,os meninos, as crianças...
Mas, o menino cresceu!Gabriel já está em Austin (Texas), iniciando a maratona do doutorado em música, sonho feito real, novinho...
Asas prontas para continuar seus vôos, confirmando a vida que já está formada.
Chegou ao porto de chegada, ao ponto inicial de novos projetos, de encantamentos pelo mundo grandioso que encontrará na Universidade do Texas, no espaço dedicado ao seu “xodó”, a música.
Filhos são assim... Inspiram sentimentos contraditórios à vida... Por que crescem, Meu Deus? Que bom que crescem, Meu Deus!
E chegam à alma materna tantas perguntas, tantas buscas de respostas para o que lhe aperta o coração.
Filhos são assim...
Uns esquecem que foram pequeninos, que receberam suportes emocionais, que tinham braços abertos a qualquer momento que precisassem. E esquecem, esquecem, esquecem de tantas coisas, de tantos momentos passados que foram o alicerce para seus passos presentes e se dão para quem chega por último. Mas, o que fazer com esses “esquecidos”? Apagar do cantinho que guarda os afetos? Não, continuar, de longe, com a querência e entregando os “esquecidos” a uma esfera maior.
Filhos são assim...
Outros continuam presentes, silenciosos na forma de amar,mas, com a memória em plena luz, guardando os momentos que viram braços abertos a qualquer momento... E aí, deixam saudades imensas, quando começam a voar, voar, voar...
Vivo esse momento, agora.
Sinto a saudade grandiosa de meu filho Gabriel, que está longe ...Mas, uma saudade que faz bem,porque aplaude o seu novo momento, a sua nova investida presente para o futuro que se projeta e não deixa de estar entre nós, sua família, mesmo de longe.
Filhos são assim...
Será que alguns pais não deram o caminho sólido para os primeiros passos de suas crias,e por isso tenham filhos chamados de “esquecidos”? Será? Não creio!Questiono muito o que virá para esses seres que perderam a memória... Receberão o que estão dando, mais para frente? Abrirão a alma e vislumbrarão alguma coisa?
Quem sabe!
O que importa é que estou sentindo saudades de meu filho. O que não é “esquecido”, graças a Deus.
E mentalizo as forças iluminadas para que pais( mãe e pai, claro) não estejam sendo vítimas de filhos esquecidos,porque a dor e a decepção devem ser imensas e intensas...
E peço a Deus que sejam sempre beneficiados por suas crias que cresceram, firmaram o caráter, constroem a vida, mas, permanecem os filhos, os meninos, as crianças...

Brindemos a você, Gabriel, que hoje inicia sua nova etapa em Austin, Texas.Que Deus,deuses e Orixás continuem abençoando a sua vida!

sábado, 2 de agosto de 2008

De Vitória Berbert de Castro

Ana Virgínia: Reafirmo o que lhe disse por telefone: sua homenagem a José foi magnifica, me emocionou muito। Estou mandando sua peça de declaração de amor e admiração , para Ramirinho e Liliane, filhos de José, bem como para o casal Izabel Ceres Araújo Rosa e Emilson Moreira Rosa, pessoas que além de promoverem a publicação do último livro dele,também promoveram aquele lançamento , aludido por vc, aqui em Ilhéus. Em meu nome e nome da família digo: MUITO OBRIGADA! Vitória
Ilhéus,02/08/2008.