segunda-feira, 26 de abril de 2010

NAQUELA MESA ESTÁ FALTANDO ELE E A SAUDADE DELE ESTÁ DOENDO EM MIM"(Sérgio Bittencourt)

A NATUREZA E A SÉTIMA ARTE

“ Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras. Mas, só há duas nações – a dos vivos e a dos mortos” (Mia Couto).


Passam-se tantas histórias.
Exemplos de intolerância são gritos nem sempre escutados com atenção. Atos dignos firmam suas essências pelos continentes, como fios de esperança pela solidariedade.
Passam-se anos, mudam-se as pessoas, ações indignas permanecem e ficam enraizadas, algumas vezes protegidas pela ignorância, pela intransigência, outras pelo mal querer, porém, abastecidas pelos bloqueios...

O mundo pede atenção.
A natureza mostra sua força, sempre pendendo para o lado dos oprimidos, dos “sem recursos financeiros”, sem atenção dos poderes que deveriam sempre estar presentes.

Passam-se histórias, tantas histórias.
De vez em quando a arte que sempre reflete luzes e é transcendente, superando tudo, chega até o final do túnel (Ah! Kurosawa e seus Sonhos...) e dá um grito de alerta: vejam, pensem, reflitam bastante, liberem seus grilhões!

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Uma, pela natureza.
Chuvas destroem ruas, morros, famílias inteiras e o que a imprensa mostra rotineiramente são os olhares de dor pela perda, pelas feridas anímicas, pelas chagas físicas. O que constatamos é a dor humana em sua intensa e sofrida potencialidade.
E uma parte da sociedade mostra para que serve a alma...Toneladas de alimentos não perecíveis e roupas chegam aos pontos de recebimento num desabrochar de amor e bem querer.
Artistas (ah! A arte, como sempre, a arte!) unem sentimentos e projetos em prol dos desabrigados, dos agora sem familiares, sem nada, com apenas a certeza de sobrevivência.


Aparecem tantas histórias... Que bom sabermos que nem só de banda podre vive a humanidade.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Outra, pela sétima arte.
O País desde a semana passada tem respondido, de forma encantada, ao filme de Daniel Filho sobre Chico Xavier.
Intelectuais, pessoas que não tiveram a oportunidade de burilar o conhecimento, crentes ou ateus, testemunham a beleza da história de um homem que, independente do credo que divulgou, escolheu, apesar de tanto sofrimento na vida, ajudar ao próximo.
Pessoas que saem das salas de exibição, inebriadas do exemplo que a humanidade tudo pode, dão depoimentos emocionantes sobre um humilde homem que acreditou em Deus acima de todas as coisas.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Vendo tudo isso, sensibilizada pela dor grandiosa de tantas famílias, escuto o meu coração, em perplexidade, por uma ação isolada dos exemplos bonitos de solidariedade e respeito humanos que durante dias o Brasil está presenciando.

Por que não se pode visitar pessoas com paralisia cerebral que são abrigadas pelo Lar Espírita Mensageiros da Luz, numa mensagem de renovação pascal ?
Como 4 atletas endeusados por uma parte da sociedade, se recusaram a acompanhar os outros 11 jogadores que fizeram a alegria de 34 seres especiais ávidos de olhar e tocar seus ídolos, por serem de outro credo?
Inexplicável...
Mesmo que depois tiveram arrependimento e pisaram, os quatro, no “maculado espaço”, que exerce a solidariedade e o respeito ao cidadão, seu próximo, como uma forma de amor.

O País presenciou mais uma vertente das ações humanas.
Lamentável.
PASSADAS LENTAS PELAS RUAS... VÔOS ALTOS PELOS CÉUS.



Chego na praça no amanhecer de um dia lindo e, porque o céu anuncia com labaredas encantadas a chegada do sol,que abrirá sentimentos controversos nos corpos suados e nas mentes abertas ao caos ou à coerência, aguardo o momento de faxinar...

Porque passei tempos em outra aldeia, num espaço que me abrigou para entender os pensamentos logosóficos, conduzindo o meu ser a aprender o entendimento transcendental, observo as pessoas e vejo em muitas delas o espanto natural de quem não se acostuma com as desordens e os desamores diários.

Por que há tanta necessidade de pressa, velocidade, incoerência e falta de maturidade em quem deveria vivenciar a fase do crescimento?
O que faz a irresponsabilidade ser fator essencial no dia a dia de vidas que poderiam pensar e agir de outra forma?

Observo as pessoas chegando na praça, caminhando por ruas, entrando em casas, abrindo portas, comentando , estupefatas, o horror de vidas serem ceifadas em pleno vigor...

Voltei de um tempo em que adormeci e vivi outras aldeias, vivenciei outras falas, chorei outras dores, abracei saudades e voei para outros espaços, para sobreviver, para fortalecer a alma, para não sofrer tanto.
Mas, o que estou olhando, vendo e ouvindo chegam ao meu coração em forma de medo. Do estranho. Do inconsistente. Do irresponsável, da pergunta que não pode estar muda: até quando?

Lentamente deixo a praça, antes pacífica, para amenizar o coração angustiado pelas dores de pessoas desconhecidas que se unificam pelos mesmos sentimentos de dor, de sofrer, de querer o que não se pode mais ver,nem ter ao lado.

Eu, Faxineira de Ilusões, reencontro os amigos que estão tristes pela névoa de dor e perplexidade que acometeu a cidade há poucos dias.
E torno a questionar:
Por que há tanta necessidade de pressa, velocidade, incoerência e falta de maturidade em quem deveria vivenciar a fase do crescimento?
O que faz a irresponsabilidade ser fator essencial no dia a dia de vidas que poderiam pensar e agir de outra forma?

Paro. Reflito:
Por que não pensar nos seres que deram a vida às vidas que não ouvem conselhos e ensinares? Por que não elevar preces para eles que não podem pagar tributos pelo que não fizeram?

Ando pelas ruas que me levam às lembranças e tento aspirar os pensamentos negativos que caíram sobre a minha aldeia.Ela precisa estar limpa, renovar tudo que está lhe aniquilando,porque as cores da manhã que chegou com tanta força não pode acinzentar.
É preciso acreditar.
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"As casas vivem e morrem.Há um tempo para construir e um tempo para viver e conceber e um tempo para o vento estilhaçar as trêmulas vidraças e sacudir o lambril onde vagueia o rato silvestre..." (T.S. Eliot,em East Coker)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Na imagem da dor, a saudade de quem sabe a história de DIEGO TORQUATO, do Violino!


O menino Diego Frazão Torquato, o Diego do Violino, de 12 anos, morreu no início da noite de ontem, 1º de abril.Fazia parte da orquestra de crianças do AFRO REGGAE, Rio de Janeiro.
A foto registra um momento de dor de Diego, "que ficou famoso e emocionou o país ao ser fotografado, tocando seu violino em lágrimas, no enterro do coordenador do AfroReggae Evandro João Silva, assassinado no Centro do Rio em outubro do ano passado".(http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/posts/2010/04/01/diego-do-violino-morre-informa-afroreggae-280169.asp)

Na imagem do menino que, segundo a imprensa superou tantas dificuldades na vida, apesar de tão criança, a minha prece a Deus que o recebeu agora. Ele precisava descansar...