terça-feira, 25 de agosto de 2009


A SAUDADE DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Enchendo a alma de enternecimento, Ela buscou a esperança naquelas nuvens que ensaiavam um dia de paz.
Talvez por ser uma habitante de Vênus, que possui a dualidade simbólica (Estrela da manhã e Estrela da tarde), e, como uma pastora nômade buriata, acredita que esta Luz é “ o pastor celeste guiando o seu rebanho de estrelas”..., Ela buscou a tranqüilidade necessária para alimentar o seu dia e recordou da Menina, que também veio de lá.
Por estar em estado de saudades amadas, lembrou de imagens passadas, de seres infantes que eram diversão, alegria, festa na afinidade e na harmonia da troca, na comunhão afetiva que fazia de todos eles encanto, graça e amor, muito amor.
Lembrou da Menina que não está mais por seu povoado, da eterna enluarada que olhava para os céus e ensinava, a todos, o poder da celestial imagem que encantava e estimulava lendas, até mesmo, abrigando um cavaleiro real dizimando o dragão...
Lembrou tanto... de Vênus que protege todos os seres que se alimentam de poesia e do invisível que existe; daquela Menina que é seu habitante e continua relacionando-se com o Anjo Amael, operando no âmago da alma o amor e suas relações sadias.
Lembrou do mágico sorriso que se estendia para seus olhos e que fez tantos amigos! E, num momento na história de sua vida, se perdeu da Faxineira.
Lembrou da Menina, uma autêntica pastora de Vênus! Uma Menina que agora é proteção e fortaleza para outros afins e que foi tão forte para o espírito da Faxineira!
Porque o dia irradiava luz e calor, a mulher que busca aspirar as desatentas ações desumanas, teve a nítida impressão da presença da Menina, habitante do mensageiro do Sol, para, como antigamente, ser seu amparo de paz.
E chorou as ausências que tanto lhe angustiam, porque seus recados silenciosos, só interpretados pela sintonia afetiva, agora não são mais ouvidos. Estão adormecidos no recanto dos sonhos que lutam com uma realidade que ela não gosta.
Porque o dia está abrindo caminhos claros e perfeitos, a Faxineira iniciou o seu labor, colocando alfazemas e essências nas ruas, nas praças e nos cantos do povoado para ajudar a limpeza que ele precisa.
Visitou ruelas, parou para reverenciar um templo de fé que lhe acompanhou anos e anos e visualizou a mulher que agora é quase infante, porque a vida lhe presenteou com um transtorno que a faz frágil.
E a Faxineira sentiu seu colo ampliar a carinhosa presença do amor para cercar o novo mundo daquele ser que, a cada dia, desenvolve um infantil crescimento nas ações, nas vontades E acolheu aquele dependente ser que busca respostas num olhar vago...
Porque o dia clareou mais ainda sua mente, Ela viu a necessidade de sempre criar estruturas no novo mundo da mulher, que agora é criança, para respaldar a sua alma de encantos e diversões.
O dever de ser magia e segurança para a Mulher-menina criou asas e deu forças para a Faxineira sorrir da saudade da Menina de Vênus que lhe encantou e lhe encanta e ficou em paz.
Na paz que o dia de sol lhe abraçou.

sábado, 15 de agosto de 2009

O TEMPO QUE NÃO PASSA PARA A SAUDADE...


Já são passados quase cinco meses que meu pai foi descansar nas estrelas...O tempo passa? cinco meses? quantas coisas aconteceram! Quantas provas de desamor entre pessoas que deveriam ser afins...
Como Deus é maravilhoso! Escolher a hora certa para que a alma de um anjo protetor que ficou entre nós tanto tempo não ficasse mais macerada, ainda...Escolher a hora de criar o mundo dos sonhos e da irrealidade para minha mãe poder sobreviver...
Como devo agradecer!!!

TEMPO DE PREPARAR O CORAÇÃO

A noite induz o meu coração a refletir sobre o tempo!
É tempo...
De acalentar a alma para adormecê-la, porque o momento em que se precisa sobrevoar outros espaços, alheios à sua realidade, para continuar a viver, é chegado.
É tempo de se guiar pelos próprios pensamentos, olhar o mar e questionar as próprias emoções; parar para saber o destino dos sonhos e as certezas que lhe foram norte na vida,
Indagar porque eles ficaram cegos e não enxergaram uma realidade que lhe chamava atenção (talvez pelas desatenções ampliadas), impedindo a clara visão.
É tempo de saber por que se ouviu apenas a voz que camufla e brinca de esconder com os desavisados de maldade e se deixou os olhos fechados para a vida que passava diante de si.
É tempo de saber...
As formas que poderiam evitar as mágoas que criam elos na essência e maculam a alma, amordaçando as vontades de amor e de querer.
É tempo de parar e de desencantar o macerado ser para refletir melhor, pois nem tudo traduz poesias lidas e amadas que alimentam (alicerces anímicos), mas, respostas do coração.
É tempo de acordar, abrir os braços para a vida que ainda pulsa, olhar para infinito e acolher o que ela ainda lhe poderá dar. É tempo de acordar, pois.
É tempo, ainda há tempo...
De alertar que a vida está estampada nas faces das pessoas, grita para ser ouvida mostrando a transparência que é.
É tempo de acordar, a vida adormece rápido,pois tudo é efêmero...
É tempo de refletir as indiferenças, os atos de esquecimento, as confidências ditas para messalinas que possuem o poder diabólico de aniquilar.
É tempo, ainda há tempo...
É tempo de preparar o coração!
Para as ações que poderão não ser entendidas, mas que significarão sobrevivência, pois até a solidão precisa ser vivenciada em sua essência e também é companhia...
É tempo
Para as reflexões profundas que ainda terão espaço, se feitas com alma descansada.
Ainda há tempo,
Para dizimar a intolerância, para o entendimento ser assentado, para as vozes serem ouvidas.
É tempo...
De aliviar o coração para a alegria da despedida tão desejada,
Para a paz ser, enfim, selada,
Para a ausência ser solidificada.
É tempo de preparar o coração!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Jean Genet

" No interior da minha miséria eu não ignorava a presença da volúpia, de uma ponta de furor" ( Em Diário de um ladrão)