sexta-feira, 26 de setembro de 2008

MOMENTOS

Momento de saudar a primavera e aplaudir a sua estação,
Refletir sobre a vida que nos abraça e nos testa.
Momento de ver e admirar cores e amores,
E calar em respeito ao que se pode ver e sentir.

Momento de aplaudir uma vida especial, que em outros céus, planta a semente que traduzirá em luzes, sons e germinadas idéias, a realização de um querer.
E silenciar sob a forma de oração, pela data festejada.

Momento de refletir sobre as inconseqüências de alguns, os falsos profetas que desrespeitam os inúmeros cidadãos e enganam com palavras de ordem, sob a proteção de mentiras e surrealistas planos , expostos como realizáveis.
E sentir indignação.

Momento de ter paciência para atravessar uma ponte, vê a negação do que seria óbvio, com atitudes inimagináveis, porém, permitidas, diante de quem deveria inibir.
Momento para entender o que caracteriza um protesto, o que forma o ideal de um manifesto e, em nome da liberdade de expressão, precisar calar o que revolta,prender os gritos e acorrentá-los porque não serão ouvidos.

Momento de rever a necessidade da gratidão pelos construtores de edificações sólidas, mesmo que não ocupem mais salas, andares, “status” , provando a solidez de caráter.
Momento de espanto diante de tantas afrontas morais, de tantos esquecimentos, de tantas aberrações humanas.
Momento de reflexão, de controlar a ânsia de jogar para fora, o que macula quem é probo.
E desprezar quem,por tanto tempo foi beneficiado, e hoje esquece...

Momento de pensar, de encarar as facilidades momentâneas, que garimpam gabinetes provisórios e sentir asco.
Momento de aguçar os sentidos, pois um domingo especial está para chegar e marcar, para bem ou para mal, uma temporada de louvor ou horror...
Momento de ter um momento para pensar.
E crescer!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A PERPLEXIDADE DA FAXINEIRA DE ILUSÕES



Para iniciar a sua rotina de dar brilho às ilusões, a Faxineira caminhou nas ruas e reencontrou vidas que lhes são caras e lhes dão alicerce para a sua missão.
Parou diante de um visual que a encantou, atestando a presença de uma Energia Superior, através de um rio que sempre foi amparo alimentar para tantos e, mesmo sendo desrespeitado,com a poluição, ainda abriga canoas e pescadores, pacientes pescadores, que embelezam mais ainda o que se vê.
Num banco,sentada diante do esplendor, a Faxineira reencontrou uma Mulher Sonhadora, acusada de andar nas nuvens por gostar de poesia e acreditar na romântica forma de ser sinestésica...
Conversaram e como se quisesse exorcizar o que fazia mal, sopraram ao vento, como bolhas de sabão, as lembranças que ainda aniquilam a Mulher que acredita em sonhos e tem a alma macerada pelas dores e mágoas.
E as frases foram, sinuosas, alçando vôos, palavras que ferem e marcam, ações que não são apagadas, ausências em momentos cruciais que permanecem presentes...
E a Faxineira calou em sua natureza de ouvinte para sofrer com os contares de uma mulher que teve como pecado maior, acreditar. E sentiu como dói a traição, que é ato mais vil que o ser humano alimenta,pois pisoteia confiança, admiração, crenças e projetos de vida para semear o caos anímico.
E entendeu que a única possibilidade de ajudar a Mulher Sonhadora seria falando de frestas iluminadas que dão, aos poucos, espaço para abrir vãos, ampliar horizontes, escancarar janelas, abrir tramelas e dissolver elos. E aspirou o que tanto deixava alma da Mulher, em eterna agonia e limpou as marcas das desilusões que viraram muletas para a vida da Sonhadora.
Prosseguindo, a Faxineira pisou em calçadas corretas , viu ruas sinalizadas, semáforos em pleno funcionamento, ao passar por uma ponte, constatou desrespeitos de quem não sabe o que é disciplina,formando filas duplas,impossíveis num certo momento,ignorando o trabalho de quem trocou o dia pela noite para um bem estar coletivo...
E, como muitos e muitos cidadãos coerentes e conscientes, sorriu com a farsa das chamadas de quem precisa e clama por eleitores, usando palavras básicas para a construção do caráter humano e que estão tão longe...
E ficou surpresa em ver e ouvir comportamentos e ações novos, usando de fatos alheios para ataques de pessoas, argumentos frágeis e deturpados para subir degraus em pesquisas...
E pensou em fazer uma grande faxina, com a ânsia de limpar tantas sujeiras, tantos atos torpes, tanta desumanidade que poderão ser, mais adiante, transformadas em abraços, batidinhas, insuportáveis batidas nas costas de quem ,antes, foi ofendido, porque tudo é possível(será?) em eleições...
Perplexa, não acreditou em ver rostos junto a outros, antes estampados em plotagens antigas, de quem agora eram antagônicos.
E a Faxineira não encontrou material suficiente para tal faxina...
Precisava voltar à sua tarefa normal...aspirar, varrer, brilhar,higienizar as ilusões, incinerar tudo que faz mal à alma, ao encantamento da vida.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Para refletir...

“Nunca houve negros!
A África foi construída só por vós
A América foi colonizada só por vós
A Europa não conhece civilizações africanas
(...)
nunca mataram pretos a golpes de cavalomarinho
para lhes possuírem as mulheres
nunca extorquiram propriedades a pretos
não tendes, nunca tivestes filhos com sangue negro,
ó racistas de desbragada lubricidade,
fartai-vos agora dentro da moral”

(Agostinho Neto. A renúncia impossível.1949)
Sem o mito do amanhã não existiríamos...Não fora o amanhã e secaríamos à beira do caminho, esboroaríamos como um cascalho no deserto. O amanhã é o que fermenta o hoje, que fermenta o ontem.

Affonso Romano de Sant'Anna

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Que seria de nós sem o socorro daquilo que não existe?
Paul Valéry