sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ela estava ausente da vila,pois firmava a sua existência num espaço que traduz aprendizagem, crescimento espiritual e conhecimento das pessoas...
Recolhia-se ao estado inverso de sua existência,para vivenciar o que sempre teve.E como teve!
Ficou ausente da vila para aconchegar seu querer num bem maior.
E pensava na solidão de sua vida naquele momento.
Que olhos eram aqueles que, pedintes, diziam tantas coisas? Por que passos incertos, antes tão ágeis, tão firmes na função maior de comando, agora precisavam de companhia?
Por que ninguém aprende com o que a vida presenteia?
De que são feitos aqueles seres que perscrutam o espaço que, silencioso, revive passado, acentua presente e atesta futuro?

Ela estava ausente de sua vila, de sua função de varredora de sonhos, de arrastar para fora os indignos flagelos e farelos humanos para tanger a hipocrisia de seu chão.
Despiu-se da fantasia dos afetos para desfazer todas as farpas desumanas de quem estava tão próximo e escancarou a realidade.
Que realidade!

Era Faxineira de Ilusões e construtora de sonhos,agora, irrealizáveis, porque a indignidade rondava seu espaço e ela não sabia a dimensão.
Buscou a forma maior de digerir tudo que estava vivendo, longe de sua vila. Procurou encantos antigos, revirou os lamentos, espanou os tantos lampejos de dores físicas e emocionais, para ter sobrevivência, e percorrer os espaços que lhe doaram para acomodar o seu universo. Mas, estavam ocupados e bloqueados,porque a desarmonia, a ingratidão e o espanto tomaram assento num lugar que precisava de atenção redobrada, compreensão, retrocesso para etapas passadas, respeito humano.

Ela retornou à vila e encontrou a Mulher que não mais espiava pela janela do mundo drummondiano. A Mulher agora olhava pela janela o infinito para tentar entender o que via. Precisava da Faxineira para eliminar vontades revoltadas, esfregar visões que condenava pelo desrespeito e ajudá-la a chegar até aos seres alados que pulsam, inebriam e entendem as estrelas.

Ela retornou à sua vila. Para acalmar sua alma necessitada de paz. Para conter sua ira pelos atos desumanos de quem só precisava ter amor. Para fugir de uma realidade que está tão próxima. Para não saber de sua impotência diante de uma chama que, mesmo iluminada, precisa de espaços maiores para resplandecer.

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