quinta-feira, 18 de agosto de 2011

RETORNANDO À ALDEIA...

Passados tantos meses a Faxineira de Ilusões retornou à sua aldeia...
A Mulher a viu chegar e a ouviu em silêncio como se não estivesse por perto,porque Ela falava como se fosse para si mesma...
Em que mundos andou? Por quais portos aportou?
E a Mulher traduziu-se em ouvidos solidários, amigos para escutar a Faxineira e seus lamentos.

Por causa de perda recente ela precisou recolher-se entre muros e pensamentos para deixar seus passos e seu coração fortalecidos.
Porque sempre uma perda afetiva traz outras, às vezes,também, pelo desamor, a Faxineira precisou ouvir certas palavras guardadas há tempos que necessitavam ser gritadas e gestos alucinados, para conhecer realidades (que evitava) e pessoas.
Por isso precisou partir.

Agora ela retornou à sua aldeia... .
E transparecendo tristeza profunda começou os seus contares...

Porque eram dias de recolhimento, ela recordou momentos, chorou tantas saudades e nem teve tempo de resguardar sua dor,para refazer, como num grande quebra-cabeça, imagens distorcidas (agora, certeiras e rasteiras) que estavam escondidas, precisavam alinhar-se e apareceram como se fosse aberta a caixa de Pandora...
Espantada, sentiu a necessidade de viajar.. .

Ah! A dor da Faxineira!
Porque eram momentos cruciais de reconhecimento das lacunas vitais que se ampliavam, chorou seus mortos porque perdeu certas referências de vida e de ensinamentos ,mas, embalou no maior cuidado, as promessas e acordos emocionais e afetivos selados pelo amor ,para não ser responsável pelo caos.

Retornar à aldeia...Rever rostos conhecidos, confirmar presenças que foram ausentes, abraçar amigos inúmeros e sinceros e buscar forças para não ouvir o que não é bom...

Ah! Certezas da Faxineira!

É necessário saber o chão que pisa, respirar o ar que lhe é saudável, sentir o amor das pessoas ,passear entre caminhos que lhe são favoráveis e esquecer o que não lhe faz bem.
Retornar à aldeia era necessário...Reconhecer ( e respeitar) as vontades de seres especiais, que já fazem suas escolhas e possuem seus próprios sentimentos impedindo interferências era outra lição que aprendeu no seu retorno à sua aldeia.

Ah! Faxineira de Ilusões!
Como personagem dum fado triste em que se percebe a origem da tristeza d’alma, Ela conversou com a Mulher que sempre a acolhe e lhe tem amizade e buscou assento na praça que lhe serve de abrigo para descansar.
E repôs a energia que tanto necessitava porque estava em sua aldeia entre amigos e seres afins que lhe alimentavam animicamente.
E sentiu paz!
Ana Virginia Santiago
18/8/2011









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