quarta-feira, 10 de agosto de 2011

AS LEMBRANÇAS DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

A Faxineira abraçou o dia que chegava inundando a alma de energia pura e bebendo a essência do que lhe chegava de Deus...
Criou a couraça maior para a proteção dos olhares malfazejos que poderiam atrapalhar as suas passadas e abriu os braços para a manhã iluminada que lhe saudava.
E porque a memória insistia nas lembranças impedindo-lhe a normalidade diária, sentiu saudades de um ser já tão distante dos seus olhos e que era porto seguro para tantas vidas. E viu uma vontade impossível tomar a dimensão do que estava contido em su’alma porque, consciente, sabia que não realizaria o seu desejo.
Queria um ser anímico para compartilhar as dores de outro ser afetivo em comum.
Queria estar diante de alguém que não está mais aqui...

Chorou as lágrimas adormecidas do seu pranto - tanto tempo impedidas de ficarem livres porque era condutora de ações, para dar vazão ao querer de um clamor irreal mesmo sabendo das impossibilidades... E sentiu a mais óbvia das vontades de qualquer ser humano: ter presente quem está ausente do toque, dos pisares e dos falares diversos. Talvez porque presencia a dor de uma jovem mulher que está dilacerando seu coração, Ela, por momentos, pendeu para a imaturidade espiritual querendo o irrealizável... .

A Mulher-Mãe está à sua frente e passa uma força que entristece, porque está vulnerável em sua dor e pede compreensão para o que está passando... Chora a perda do seu talismã afetivo, chora uma comemoração (que não aconteceu independente de sua vontade) sentindo a saudade do que durante três décadas teve e de forma tão profunda e intensa.
E, em silêncio, talvez pela certeza de não ter como explicar, a Faxineira cala e observa...
Busca resposta no que limpou na noite iniciada e guardou debaixo do tapete porque não são partículas inaproveitáveis... E escuta... São recados de Deus lembrando-lhe a necessidade de recordá-LO e de entender Suas decisões
(nem sempre entendidas)...
São mimos celestiais impulsionando o pensamento a olhar um outro lado...o lado do amor que deu certo, o lado do companheirismo que foi exemplo para tantos, o testamento de afinidades e coerência de sentimentos.

E porque abraçou o dia que chegava e se alimentou da energia que fortalece, a Faxineira conseguiu falar o que precisava ser ouvido, porque escutou o outro lado tendo condições de dizer para a Mulher que chora um pranto recente a sua missão de ser exemplo continuado de amor para quem lhe ama e necessita da chama acesa de um sentimento verdadeiro. (27/2/2011) ( Fiz para minha mãe, em estado progressivo de mal de Alzheimer, sempre lembrando de meu pai, lamentando que ele a tinha deixado...Esqueceu que o companheiro havia viajado para outros céus em 22/3/2009...)

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