quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O ESPANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Há muito tempo que não passo pelas ruas de minha aldeia.O cansaço do corpo não é tão grande quanto as dores anímicas que me enfraquecem e pedem descanso...
Volto ao meu labor querendo tirar dos cantos e becos a sujeira que deveria ser banida por outros,mas, não acontece.
Paro numa certa praça e fico diante do inexplicável. Aqui permeiam idéias, ações leais ou desonestas de pessoas que sobem escadas, se lambuzam de poder ou deixam nas arestas dos prédios o que não lhes fazem bem.
Mais adiante, aglomerado de pessoas e índoles diversas entram na arena desequilibrada dos interesses e vontades excusas. Por aqui o espanto toma meu olhar e minha audição sofre a dor dos sons agudos.O que discutem, a quem tanto ofendem, o que impede aquelas pessoas de agirem corretamente?
Preciso aspirar daquele antro as invejosas palavras, os olhares infiéis, as palavras apodrecidas pelo rancor e desamor...
É necessário varrer daquele passeio as orientações frágeis, os conselhos nem sempre corretos.
Preciso aspergir de pessoas cegas pela ingratidão as palavras tortas que enganam quem tem boa fé.

Há quanto tempo não passo por ali... Hoje, visualizo a solidão que abriga uma casa, antes tão pisada... Temo pelo futuro de quem ali mora,porque nada fica impune quando não se tem sentimentos e intenções boas!

Passo por outra rua e entristecida vejo mãos calejadas abrindo lixeiras, aproveitando o inaproveitável para outros e avançando nos apodrecidos dejetos residenciais para a sobrevivência.
O homem que um dia teve a dignidade respeitada hoje mendiga o seu anseio alimentar,muitas vezes, negado.
As meninas-mulheres passeiam pelas ruas, pelos becos, bares e indignidades humanas, independente da hora, oferecendo (des)serviços e impúrias ações que envergonham pela ausência de uma política sócio-cultural...

Mais adiante vejo jovens, infantes ainda, em arrogante e desnecessária farra de drogas e sexo em pleno espaço descoberto de pudores e desamores mostrando a capacidade de desperdício da vida e de valores morais.
Perplexa e enojada, eu, Faxineira de Ilusões, sinto a repulsa natural das pessoas que vivem dignamente e questiono, intimamente, os pais, os preceptores e ou os responsáveis por estes jovens que assinam seu futuro...Em que momento estão olhando e vendo seus filhos, seus netos, seus afins sob a responsabilidade que deveria ser correta?

Há muito tempo que não passava pelas ruas de minha aldeia...
(27/11/2010)

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