quinta-feira, 5 de junho de 2008

A UM SER QUE ACREDITOU EM SUAS QUIMERAS...


(Para Gabriel, meu filho)


O coração aquieta a profunda ansiedade pelo importante momento de sua vida para desembalar as lembranças que se mantiveram intactas- pois, sadias e iluminadas-,voltadas a um passado tão recente e que formam a sua trajetória profissional.
Como o tempo passa e nos presenteia, Menino!
Dou as mãos a uma imagem, você, ser pequenino, cantando um pássaro que beijava flores, na timidez de um garoto de cinco anos, mas,com a segurança de estar com o pai, referência de vida permanente, mostrando num espaço que nos deu tanta emoção e cultura- o Circo Folias da Gabriela, os cantares e a beleza da música.
Como o tempo é bom, quando se tem lembranças.
Fecho os olhos, acalento a minh’alma e embalo a minha essência materna para seguir seus passos e suas seguras paradas infanto-juvenis para alicerçar o que queria,as firmes ações adultas superando todos os obstáculos, todas as ofensas pela redoma que criou por uma causa iluminada: viver e ser pela escolha certa e coerente, das tendenciosas e maléficas atitudes de certos adultos que lhe atingiam através de nós - seres criadores abençoados pelo Criador Maior - porque vislumbrava um mundo de bemóis, claves,acordes, partituras e inspiração, sob a batuta do estudo e da perseverança.
Como o tempo é bom para quem tem o que aguardar na alma, Menino!
Ouço sons, com o coração de mãe, porém, com o discernimento da maturidade, a sua performance como o músico que sempre quis ser e que nós, do seu mundo vivencial, acreditávamos pelo guerreiro que você sempre foi. E que fantástico, ouvindo, sentir a sintonia de tantas almas sensibilizadas pela proteção de Euterpe, deusa da música e da poesia lírica, unindo tendências, instrumentos e amor, muito amor pela arte escolhida.
Como o tempo passa, Menino!
Como a memória é vasta e rica, quando se guarda momentos, até indignos, para fortalecer o que se acredita!
E ela vem alertar ao meu coração a inutilidade de algumas negações ao presente que você queria e sempre quis dar à sua cidade amada, ao seu templo de nascimento e às suas raízes,porque a tradição atesta que,inúmeras vezes, não se abre braços em abraços aos filhos da terra que lhes brotaram.
Como o tempo passa, Menino que sempre acreditou em suas quimeras!
Agora, elas são realidade e que frutos floresceram!
Menino que cantou os gorjeios dos beija-flores na terra de São Jorge dos Ilhéus,hoje, recebe os aplausos de muitos seres iluminados que vivem sob a proteção do Cristo Redentor, numa despedida maravilhada por você, que voará para o país protegido pela norte-americana águia branca para, com certeza, alçar mais vôos sob a forma de melodia.
Agora, já embalo a saudade sadia e a ausência antecipada para dançar os cantos que você encantará o nosso coração, que sempre acreditamos em você.
Como o tempo passa, Menino!

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