quinta-feira, 20 de maio de 2010

POR QUE TANTO MEDO?



É madrugada. O silêncio- que deveria ser absorvido pelo descanso de cidadãos dignos que trabalham, cumprem seus deveres, deveriam ter seus direitos respeitados e merecem usufruir do sono para recarregar energias- é violado pelo pânico da possibilidade de estar sendo parte do tão lugar comum na vida brasileira: a violência, o assalto e o desafio grandioso de querer viver diante da insanidade de marginais.
Por que estamos com tanto medo?
Porque vivemos em estado defensivo, sob a tensão da violência, do medo e não podemos dormir em paz!
Porque não podemos deixar nossas janelas abertas para respirar ar puro, quando estamos em casa.
Porque nossas portas possuem trincos, cadeados, alarmes e grades, que aprisionam nossa liberdade de pessoas decentes.
Porque precisamos ficar acordados ,à noite, por causa de invasores que desrespeitam a vida e, vitoriosos( sim, vitoriosos), ficam impunes.
Porque somos impedidos de ficar em segurança em nossas casas, acorrentados ao temor do ser a próxima vítima.

Por que não dormimos boa parte da noite e ficamos à mercê de alarmes, cercas elétricas (dentre outros recursos modernos) e cães que latem num momento em que a tranqüilidade é prioridade?
Porque somos cidadãos que vivem na vulnerabilidade de uma sociedade que vê a impunidade como elemento principal de sobrevivência.

Por que temos tanto medo?
Porque uma pessoa ser ameaçada em sua própria casa, com uma arma apontada na cabeça, por um elemento nocivo, constata que ele está em liberdade porque não "estava com o furto nas mãos"...
E a arma?e o emocional, quem assumirá o pânico de uma família que passa por isso?
Quem conseguirá tirar o medo, eterno companheiro de homens dignos, que se alojou em todos os lugares?
E as horas de sono, perdidas na madrugada pelo temor de ouvir um alarme de carro ser acionado(já preventivamente instalado por causa de roubos) e temer pelas vidas que estão em seu espaço vivencial, como e de que forma poderão ser recuperadas?
E os vizinhos que acordam e, solidários, interrompem o sono para ficar em alerta?
Quem será punido por isso?

É madrugada. O silêncio fica mais angustiante pela espera do desconhecido, porque, prisioneiras do medo, as pessoas aguardam passadas rasteiras, vultos ameaçadores, buscam ruídos, fixam olhares nas fechaduras esperando o pior, vigiam as ruas pelas janelas trancadas e anseiam pela chegada do dia, sonhando com a parcial segurança, porque nada é impossível aqui, nesse duelo de vida e de morte...

É madrugada e, o fato de estarem acordadas, quando deveriam estar dormindo, mexe com as pessoas que estão sendo violentadas em sua privacidade e seu direito de ter paz.

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