sexta-feira, 28 de maio de 2010

Honoré Balzac :

Essa cintura enche-me os olhos,e a alma torna-se fogo.Não tenho medo dos escolhos,não existem muros, mares, ou sóis, que me detenham.Sou imortal!Sou imortalmente material!Material, por uma paixão abrasadora tomar a forma do meu corpo;ela toma conta de mim, enche-me com tudo;enche-me, como se, em mim, contivesse o mundo.Mas estás sempre de costas para mim.Oh! Porque não te viras?Olha-me nos olhos... uma vez, enfim...pedidos em vão! Tu nunca me miras.Também, porque hás-de mirar um monstro indiferente,quando tens outros à tua frente?Sim. É o ciúme!É o receio de sentir o teu perfume na boca de um outro.Sei que não ouves palavras e sei que não compreendes estas línguas bárbaras,fazes senão bem ouvir a cabeça em vez do coração;ao menos tens saída, enquanto que eu não,em vez de me libertar, o amor aprisionou-me.Deixo-te em paz porque te amo,não te quero ver ao meu lado, na mesma cela,não quero cativar a estrela mais bela,não quero tirar-lhe o brilho que tanto amo:o brilho da liberdade,o brilho da estéril virgindade.

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