domingo, 6 de junho de 2010


DAR UM TEMPO PARA O TEMPO...
Ana Virgínia Santiago



Dar um tempo,
para o tempo de pensar,
rever atitudes,
abrir gavetas emocionais
e acariciar lembranças que fizeram bem.

Dar um tempo para o tempo de recomeçar!

Dar um tempo,
para o tempo de olhar para trás,
apagar passadas incertas,
Abrir as mãos em conchas para abrigar energias tão ansiadas e
Espiar nas “janelas drummondianas” as esperanças que foram esquecidas.

Dar um tempo,
para o tempo ser modificado em fênix
e ressuscitar os sonhos que foram pisados,
transformar as pessoas que foram escolhidas de forma errada, em estátuas de sal,adormecê-las...
e voltar a ver outros seres que foram esquecidos por conta de utopias.

Dar um tempo,
para o tempo de retroceder,
avaliar atitudes que poderiam ser certas,ficaram impossíveis de sobreviver, mas, abrigaram a insensatez de raciocínios frios e insensíveis.

Dar um tempo,
para o tempo buscar a menina que foi enganada,
traída em seus sentimentos e em seus ideais e
Fazê-la (re)encontrar outros olhares, que habitam em outros céus, em outros mundos e foram vedados para seu entendimento.


Dar um tempo,
para o tempo de abrir janelas para que as frestas de luz ganhem o mundo,
Dar um tempo
Par ao tempo de voltar ao enternecimento das emoções bloqueadas pelo desamor,
De Interpretar as inúmeras palavras que não são esquecidas...
Dar um tempo
Para o tempo de conjugar verbos malditos e inaceitáveis
E aprender as lições rudes e traiçoeiras.

Dar um tempo,
para o tempo de frear as angústias,
Conter as tristezas,
Dar cores às saudades
Florescer as recordações, fazendo-as brotarem no coração entristecido.

Dar um tempo,
para o tempo amenizar as ausências de caráter,
Amparar as ações malévolas,
Fortalecer o campo que magnetiza e produz energia,
Para enfrentar quaisquer males que possam surgir.

Dar um tempo,
para o tempo de questionar por que tantas atitudes vãs,
tantas máscaras inúteis e inexpressivas
se quem as usam já são autênticos vilãos
e suas passadas já mostram os vãos dos absurdos?

Dar um tempo
Para o tempo de mudar de vida
Pisar novo chão
Enriquecer outras paredes
Satisfazer sonhos antigos
Poder criar, enfeitar, colorir
sem cárceres, sem impedimentos, sem recados destorcidos.




Dar um tempo
Para o tempo das despedidas
Do eternizar passadas frágeis, olhares perscrutadores, pedidos mudos pelos encanecidos contares de vida...
Para o tempo de colher, como caçadores de borboletas,
Os vôos do absurdo proustiano mundo perdido de quem sempre abriu caminhos, dizimou obstáculos e alçou velas brancas...

Dar um tempo
Para o tempo de esquecer
Tudo que faz mal
Tudo que foi doído
Tudo que machuca
Tudo que macerou a alma

Dar um tempo!

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