quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O texto e a mensagem sobre ele...

O TEXTO...

AS IMPRESSÕES DA FAXINEIRA DE ILUSÕES E DA MULHER QUE ESPIA PELA JANELA...

(Aos olhares de Euzner Telles)

Amanhecia quando as gentes da aldeia iniciaram o labor. Trabalhadores da noite, fazendo o roteiro inverso, descansavam suas ferramentas para o descanso necessário, mulheres com roupas coloridas empunhando vassouras e carrinhos firmavam suas energias para a limpeza das ruas e o burburinho natural de qualquer manhã a ser iniciada marcava seu espaço.
A Faxineira de Ilusões e a Mulher que espia pela janela conversam sobre a vida que passa...
E escutam músicas e revivem épocas e choram lembranças boas que se foram como a grande chuva que lavou a aldeia e aguçam os ouvidos para sentirem os lamentos piazzolianos do Libertango.

As duas mulheres olham os seres que passam diante de suas observações e tecem comentários, abençoam umas vidas, enaltecem outras e reverenciam algumas.

O Menino que caminha entre as praças cresceu como num passe de mágica e busca seus sonhos sem as mãos que lhe prometeram ajuda,porque a esperteza agora domina os passos de quem, agora, cambaleia.

O Homem que era puro foi transformado em endurecido ser, provou das volúpias escondidas por um tempo, realizou a paixão contida, viajou por agreste chão para realizá-la e ter certeza de que sexo e traição são irmãos siameses.
Hoje, ele olha longínquos horizontes, pisa em terrenos movediços, enxerga pessoas estranhas e continua se esquecendo de ver quem esteve sempre ao seu lado e agora se prepara para ir embora sem ser vista,porque o tempo está esgotado.
E as idéias empedernidas do Homem que enternecia tanto e agora amedronta por suas palavras e ações, interpretam tudo errado, dançam como esbranquiçados véus esvoaçantes.
E a Faxineira teme por esse Homem...

A Mulher que espia pela janela enternece seu olhar quando vê o Rapaz que está manuseando aprendizagens e acalantou a veia principal de sua existência num lamento quaresmal, que a emociona até hoje.

A aldeia já altera a sua aparência, pois é período de festas. Porque a época exige coloridos especiais, as pessoas respondem aos sonhos e aos apelos entrando pelas casas que possuem o que elas querem.
As duas mulheres permanecem observadoras. As melodias que lhes encantam revivendo momentos invadem suas entranhas e re-constroem os sonhos, que lhes alimentaram pelas fases vitais.

A Faxineira que lida com ilusões, envernizando-as e ou limpando suas impurezas, observa a Mulher que chora a saudade de uma Menina que está longe, mas, é amparada, em sua insensatez, por pessoas que estão desconhecendo a dor e a angústia de um ser que tem a especial função de amparar.
Mas, porque a vida ensina tanto e as respostas são chegadas no momento certo, ela, acalentando, começa a limpar as dores e aspirar as lágrimas da Mulher que conversa com a noite (porque o sono adormece em outras plagas), revê fotos, acaricia lembranças da Menina e chora todos os lamentos que, na solidão, pode chorar.

O dia já clareia as ruas e as duas mulheres continuam observando.Ficam felizes pelas pessoas que visualizam as belezas da natureza e transmitem isso, por todos os gestos solidários e os cumprimentos obrigatórios de quem começa o dia, a tarde, a noite
A Mulher que espia pela janela por fuga anímica, resolve que é chegado o momento de escancarar portas e deixar que as réstias de luz dêem espaço para o sol, para a vida ficar plena. Ela precisa de sua casa, de seus amores e de alentos que lhe restituam a condição de mulher...
Suas arestas que permeiam a essência vital precisam ser removidas, as correntes rompidas e o sentimento humilhado e escondido precisa de espaço, porque é hora de ampliar seus horizontes.

A Faxineira vai ao encontro de seus afazeres.Tem muito o que fazer, a aldeia está cheia, suas gentes eufóricas e ou preocupadas.
O Rapaz que emocionou a Mulher que espia pela janela anda pela calçada e a cumprimenta. Ela torce para que suas aptidões renasçam e voltem a encantar quem tem sensibilidade.Porque é preciso emoção.
Ela caminha pelas ruas e passa seus olhares para as pessoas procurando ajudá-las.
Ana Virgínia Santiago
04/12/2008

A MENSAGEM SOBRE ELE...
De: Euzner Teles Alves
Para: avsantiago@uol.com.br
Data: 10/12/2008 10:59
Assunto: "As impressões da Faxineira de Ilusões e da Mulher qu e Espia pela Janela"

--------------------------------------------------------------------------------


Ana Virginia,

Enquanto minha crônica estava sendo publicada, eu estava em Nilo Peçanha!!!
Ela nutre minha alma, me aqueçe...me faz andar sem pressa!!!
Pessoas como você, Antonio Júnior, Neuzamaria Kerner, fazem com que revejamos a vida, fazem com que consideremos a mágica da vida!!!
Gosto disso!!!
Mas daí a ter "As impressões da Faxineira de Ilusões e da mulher que espia pela janela", aos meus olhares!!!...
Foi muito!!!...muito bacana Ana Virgínia!!!
É responsabilidade!!!
Sei que você é um farol , um discreto farol, nas questões que dizem respeito ao universo humano, em particular o seu amor por Ilhéus, e a sua dedicação e serviço prestado às questões culturais...me afinam com você.
Irei lhe fazer uma visita.
Vou te ligar para articular-mos, você merece flores. Um bouquet!!!
Por enquanto, meu particular apreço!!!

Atentamente,

Euzner

Nenhum comentário: