quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O ESPANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES DIANTE DO CAOS!


Sou a Faxineira de Ilusões que retorna ao seu original chão...
Na manhã que me abriga, observo a minha aldeia, do alto da colina.Lugar de minhas reflexões e de minhas respostas.Que ampara minhas quedas e embala meus anseios.
Daqui onde observo o que me encanta , as ruas, os telhados, a história sôfrega pedindo sobrevivência, parte dela sucumbida pelo esquecimento e pelo desamor.
Reencontro casas que ainda resistem e relembro seus contares, suas gentes que ali viveram e deram espaço a novas pessoas que a herdaram;outras deram lugar aos insultos, à incoerência, ao desenfreado momento de reconstrução sem olhares para o que se passou por ali.
Vejo, espantada, a paisagem transformada, a praia-cartão-postal suja, a vida que por aqui passa, insuflada de desânimo e desaprovação.
O que houve com a minha aldeia?
Que mistérios revelados tiveram tanta força que sobrepujaram tudo que se acreditou e se construiu em nome do amor por ela?
Que vendas ocultaram o sentimento de desbravadores que não poderiam ser esquecidos?
Por onde andam os valores, o decoro,o desenfreado desejo de embelezamento de minha aldeia?
O que houve com ela?

Desço a colina buscando a alma que me guiou por tanto tempo, com ânsias de reenquadrar os meus olhares e o meu amor por ela nas ruas que tanto conheço, que me foi apresentado na infância amada, nas diversas etapas vitais e em tudo que meus olhos atingiam.
Tudo foi transformado,pisado,esmagado em nome do desconhecimento de leis e códigos e do encanto pela história.
A vida pujante que nos inebriava de satisfação está murcha. O ultraje aos grandes construtores toma a dimensão do desrespeito e da imoralidade abrindo espaços a quem sequer conviveu com o seu rotineiro crescimento.
Saudades de meu dia a dia, quando as calçadas,as ruas e as portas das casas estavam abertas aos passos de quem amava a minha aldeia e tinham certezas do melhor e maior para ela.

O que houve com a minha aldeia?

Sou a Faxineira de Ilusões que insiste na limpeza e na preservação dos sonhos que são reais, quando acreditados. Faxino as indignidades, os rancores, os projetos escusos, os dissabores, os esquecimentos para tornar brilhantes as transparências, as vontades de crescimento, os aplausos para quem é do bem.
Elimino tudo de nocivo que estão escondidos nos monturos, nos espaços escuros, nos escondidos pensamentos limpando, higienizando, transformando-os em cinzas.
Aspiro as pisadas desleais que teimam em sujar as ruas,os prédios, as escadas, os palcos, os altares,porque minha aldeia tem a força do falcão e a perenidade de fênix.
Sou a Faxineira de Ilusões que retorna ao seu original chão,à sua aldeia.

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