sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CIDADE DE MEUS AMORES E DO MEU ENCANTAMENTO!


Percorro as ruas e sinto tristeza...
Uma tristeza avassaladora, porque a cidade já foi diferente.
Passeios quebrados, ruas sujas, monumentos destruídos, desrespeito em profusão.
Bairros despreparados para as chuvas, povo sofrido, os lamentos gemidos pela dor da saudade do que já vivemos aqui e a angústia corroendo nossos pensamentos.
Como um povo pode ter saúde se o lixo prolifera pelas ruas do centro da cidade e em seus bairros?
Como ser feliz se constatamos, na semana passada, que pertinho de nós, famílias choraram a impotência das águas levando seus poucos pertences?Como sorrir, meu Deus, se presenciamos em Salobrinho os muitos trabalhadores da célula viva da educação para a Região com suas casas inundadas, eles que moram em ruas divididas por esgotos a céu aberto?
Como apagar as lágrimas, o desespero do que se perdeu e a certeza de que estão sozinhos?
Basta que se ouçam os pensamentos dos moradores do bairro para conhecer o desrespeito...Estão ali, querem ser ouvidos, exigem ser respeitados.

Visito esse bairro e lamento o que fazem com você, cidade de meus amores e meu encantamento!

O que adiantam ações eleitoreiras agora para calar os gritos e as dores, se outros bairros, também, permanecem sem assistência que merece todo cidadão, se o “presente” não suprirá o que tanto esperam?
Para quê paliativos, se ludibriar já não representa mais as máscaras e sim, identidades?
O que fizeram com você, Ilhéus, cidade de meus amores e meu encantamento?

Intrigam-me o cinismo e a insensatez de poucos que desconhecem o papel das ágoras na democracia ateniense e não fazem de nossas praças o palco de tantos atos.Praças que “escutam” muitos cidadãos em seus bancos e em suas esquinas precisavam ser ouvidas...precisam de cuidados, de beleza.
Que saudade de suas praças, cidade de meus amores e meu encantamento!

Renovo minhas esperanças conversando e ouvindo pessoas de pensares e quereres bonitos sobre a nossa terra, nascidas ou não, que preservam a enlouquecida vontade de vê-la linda e bem cuidada.
Alegro meu coração quando recordo de homens que amaram tanto Ilhéus e a vestiram de princesa e depois a presentearam com coroa e cetro de rainha.Homens benfeitores, mentes evoluídas, índoles ilibadas.
Que saudade de vocês, homens e mulheres que viveram na cidade de meus amores e meu encantamento!

E as águas, que deveriam sempre ser sinônimo de abundância, limpeza e de alegria, desavisadas do desamor, caem em nossa cidade, levando os escombros deixados por cidadãos desumanos e despreparados, dos lixos de todas as espécies - que possuem asas e voam e brincam de “esconder” com os varredores de rua que chegam com a manhã e, impotentes com vassouras que não podem voar e competir com eles,não dão conta do que precisam fazer.As chuvas fazem, de forma torta, os seus trabalhos.

Que absurdo, cidade de meus amores e meu encantamento!

Percorro suas ruas,Ilhéus, permaneço acreditando em sua redenção, cidade de meus amores e meu encantamento!
Ana Virgínia Santiago
(4/11/2011)

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