segunda-feira, 26 de abril de 2010

A NATUREZA E A SÉTIMA ARTE

“ Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras. Mas, só há duas nações – a dos vivos e a dos mortos” (Mia Couto).


Passam-se tantas histórias.
Exemplos de intolerância são gritos nem sempre escutados com atenção. Atos dignos firmam suas essências pelos continentes, como fios de esperança pela solidariedade.
Passam-se anos, mudam-se as pessoas, ações indignas permanecem e ficam enraizadas, algumas vezes protegidas pela ignorância, pela intransigência, outras pelo mal querer, porém, abastecidas pelos bloqueios...

O mundo pede atenção.
A natureza mostra sua força, sempre pendendo para o lado dos oprimidos, dos “sem recursos financeiros”, sem atenção dos poderes que deveriam sempre estar presentes.

Passam-se histórias, tantas histórias.
De vez em quando a arte que sempre reflete luzes e é transcendente, superando tudo, chega até o final do túnel (Ah! Kurosawa e seus Sonhos...) e dá um grito de alerta: vejam, pensem, reflitam bastante, liberem seus grilhões!

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Uma, pela natureza.
Chuvas destroem ruas, morros, famílias inteiras e o que a imprensa mostra rotineiramente são os olhares de dor pela perda, pelas feridas anímicas, pelas chagas físicas. O que constatamos é a dor humana em sua intensa e sofrida potencialidade.
E uma parte da sociedade mostra para que serve a alma...Toneladas de alimentos não perecíveis e roupas chegam aos pontos de recebimento num desabrochar de amor e bem querer.
Artistas (ah! A arte, como sempre, a arte!) unem sentimentos e projetos em prol dos desabrigados, dos agora sem familiares, sem nada, com apenas a certeza de sobrevivência.


Aparecem tantas histórias... Que bom sabermos que nem só de banda podre vive a humanidade.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Outra, pela sétima arte.
O País desde a semana passada tem respondido, de forma encantada, ao filme de Daniel Filho sobre Chico Xavier.
Intelectuais, pessoas que não tiveram a oportunidade de burilar o conhecimento, crentes ou ateus, testemunham a beleza da história de um homem que, independente do credo que divulgou, escolheu, apesar de tanto sofrimento na vida, ajudar ao próximo.
Pessoas que saem das salas de exibição, inebriadas do exemplo que a humanidade tudo pode, dão depoimentos emocionantes sobre um humilde homem que acreditou em Deus acima de todas as coisas.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Vendo tudo isso, sensibilizada pela dor grandiosa de tantas famílias, escuto o meu coração, em perplexidade, por uma ação isolada dos exemplos bonitos de solidariedade e respeito humanos que durante dias o Brasil está presenciando.

Por que não se pode visitar pessoas com paralisia cerebral que são abrigadas pelo Lar Espírita Mensageiros da Luz, numa mensagem de renovação pascal ?
Como 4 atletas endeusados por uma parte da sociedade, se recusaram a acompanhar os outros 11 jogadores que fizeram a alegria de 34 seres especiais ávidos de olhar e tocar seus ídolos, por serem de outro credo?
Inexplicável...
Mesmo que depois tiveram arrependimento e pisaram, os quatro, no “maculado espaço”, que exerce a solidariedade e o respeito ao cidadão, seu próximo, como uma forma de amor.

O País presenciou mais uma vertente das ações humanas.
Lamentável.

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