segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

MONÓLOGO DE DESENCANTO DE UMA MULHER QUE ESPIAVA PELA JANELA, NUM MOMENTO DE LEMBRANÇA E DE RENASCIMENTO.

“Cessam os passos de quem caminhou pela vida fazendo o bem”
(Dorival Freitas)
Para meu pai, José Lourenço da Fonsêca Silva

Perto de comemorar uma data que simboliza a reflexão de nossos atos, quando relembramos o nascer de Alguém tão poderoso porque, até hoje representa o Amor, quedo o meu ser tão cansado de espantos para, pasma, constatar que ainda pode acontecer mais e mais.
Temerosa pelos indignos, que desconhecem a condição de igualdade de todo homem, espanto meus medos e minhas angústias, olhando o mar e penso na Faxineira de Ilusões que precisa limpar, desinfetar e neutralizar tanta sujeira... E sinto temor.
Daqui do alto de uma colina, caminho por um espaço em que estão adormecidos tantos amados das gentes do povoado, e, talvez pela saudade ou pela necessidade de conversar, recordo, em silêncio, de um ser especial que precisou descansar.
Era preciso ele adormecer...
Que bom estar dormindo agora, o ser que amava todos e distribuía amor a quem necessitava, porque acreditava no caminhar de pureza e luz, só alcançado com atos de solidariedade e amor ao outro.
Que bom estar num espaço onde inexiste o esquecimento, as dores, magoas e ingratidões!
Que bom estar aquietado na condição de Ser Espiritual que,acima de tudo, tinha misericórdia e sabia estar certo na trajetória de santas ações!
Muitas coisas mudaram desde o dia em que o ser especial se foi.
Como mudaram!

Perto de comemorar um Menino que ser tornou Homem e depois Santificado, reflito sobre “ quem caminhou pela vida fazendo o bem” e busco respostas para assimilar o que ele tanto nos ensinou, não só com palavras, mas, com ações! E aparecem em meu coração muitas perguntas...
O que faz uma pessoa humilhar outras numa função, que deveria ser importante, mas, que acredita ser poderosa?
Só por guardar, de maneira inadequada, sem identificação e sem educação, uma porta, precisa interpelar com puxão de roupa? Desacreditar que se está precisando de socorro?
Só por estar no alto de um lugar, pode-se sentir grandioso?!
O que a faz desconhecer a condição E os humildes que forem assim recebidos? Reagirão? Claro que não. Ficarão humilhados!
Passo diante de uma casa que me lembra saudades e amor. Saudades das passadas que um dia foram jovens e subiam com tanto vigor uma rampa; depois, lentamente,mas inebriadas e amparadas pelo amor e solidariedade.
Paro , observo e amparo a minha saudade nas recordações de que deu passadas fazendo o bem e continuo sem respostas por algumas ausências que já estão constatadas.

Perto de comemorar uma data que simboliza a reflexão de nossos atos, quando relembramos o nascer de Alguém tão poderoso porque, até hoje representa o Amor, calo o meu pranto e observo a Faxineira de Ilusões que, ágil, espana dissabores, enxágua palavras ruins, tenta apagar a tinta que escondeu os sinais de homenagens que saíram do lugar, polindo as marcas de quem as tirou para ficarem eternizadas pelo olvidar.
Mas, como a Luz de quem é relembrado em dezembro amplia seus domínios, vejo que um ato honesto e grato pelas passadas de quem agora adormece,descansando, estará sendo anunciado em dias.
É o que importa.Saber que quem foi amor não será esquecido.Saber que o exercício de cidadania exige memória!.

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