quinta-feira, 10 de novembro de 2011

GABRIEL SANTIAGO QUINTET
Aos amigos que pedem informações sobre datas da temporada do Gabriel Santiago Quintet ( foto)em Ilhéus, o grupo só tocará em São Paulo. Recebeu convites e ficará uma semana mostrando a música que fazem em solo americano.


* Abraço especial à querida amiga Tuca Paraíso (foto) que hoje está sendo aplaudida pelos amados e amigos , festejando sua vida.

O ESPANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES DIANTE DO CAOS!


Sou a Faxineira de Ilusões que retorna ao seu original chão...
Na manhã que me abriga, observo a minha aldeia, do alto da colina.Lugar de minhas reflexões e de minhas respostas.Que ampara minhas quedas e embala meus anseios.
Daqui onde observo o que me encanta , as ruas, os telhados, a história sôfrega pedindo sobrevivência, parte dela sucumbida pelo esquecimento e pelo desamor.
Reencontro casas que ainda resistem e relembro seus contares, suas gentes que ali viveram e deram espaço a novas pessoas que a herdaram;outras deram lugar aos insultos, à incoerência, ao desenfreado momento de reconstrução sem olhares para o que se passou por ali.
Vejo, espantada, a paisagem transformada, a praia-cartão-postal suja, a vida que por aqui passa, insuflada de desânimo e desaprovação.
O que houve com a minha aldeia?
Que mistérios revelados tiveram tanta força que sobrepujaram tudo que se acreditou e se construiu em nome do amor por ela?
Que vendas ocultaram o sentimento de desbravadores que não poderiam ser esquecidos?
Por onde andam os valores, o decoro,o desenfreado desejo de embelezamento de minha aldeia?
O que houve com ela?

Desço a colina buscando a alma que me guiou por tanto tempo, com ânsias de reenquadrar os meus olhares e o meu amor por ela nas ruas que tanto conheço, que me foi apresentado na infância amada, nas diversas etapas vitais e em tudo que meus olhos atingiam.
Tudo foi transformado,pisado,esmagado em nome do desconhecimento de leis e códigos e do encanto pela história.
A vida pujante que nos inebriava de satisfação está murcha. O ultraje aos grandes construtores toma a dimensão do desrespeito e da imoralidade abrindo espaços a quem sequer conviveu com o seu rotineiro crescimento.
Saudades de meu dia a dia, quando as calçadas,as ruas e as portas das casas estavam abertas aos passos de quem amava a minha aldeia e tinham certezas do melhor e maior para ela.

O que houve com a minha aldeia?

Sou a Faxineira de Ilusões que insiste na limpeza e na preservação dos sonhos que são reais, quando acreditados. Faxino as indignidades, os rancores, os projetos escusos, os dissabores, os esquecimentos para tornar brilhantes as transparências, as vontades de crescimento, os aplausos para quem é do bem.
Elimino tudo de nocivo que estão escondidos nos monturos, nos espaços escuros, nos escondidos pensamentos limpando, higienizando, transformando-os em cinzas.
Aspiro as pisadas desleais que teimam em sujar as ruas,os prédios, as escadas, os palcos, os altares,porque minha aldeia tem a força do falcão e a perenidade de fênix.
Sou a Faxineira de Ilusões que retorna ao seu original chão,à sua aldeia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CIDADE DE MEUS AMORES E DO MEU ENCANTAMENTO!


Percorro as ruas e sinto tristeza...
Uma tristeza avassaladora, porque a cidade já foi diferente.
Passeios quebrados, ruas sujas, monumentos destruídos, desrespeito em profusão.
Bairros despreparados para as chuvas, povo sofrido, os lamentos gemidos pela dor da saudade do que já vivemos aqui e a angústia corroendo nossos pensamentos.
Como um povo pode ter saúde se o lixo prolifera pelas ruas do centro da cidade e em seus bairros?
Como ser feliz se constatamos, na semana passada, que pertinho de nós, famílias choraram a impotência das águas levando seus poucos pertences?Como sorrir, meu Deus, se presenciamos em Salobrinho os muitos trabalhadores da célula viva da educação para a Região com suas casas inundadas, eles que moram em ruas divididas por esgotos a céu aberto?
Como apagar as lágrimas, o desespero do que se perdeu e a certeza de que estão sozinhos?
Basta que se ouçam os pensamentos dos moradores do bairro para conhecer o desrespeito...Estão ali, querem ser ouvidos, exigem ser respeitados.

Visito esse bairro e lamento o que fazem com você, cidade de meus amores e meu encantamento!

O que adiantam ações eleitoreiras agora para calar os gritos e as dores, se outros bairros, também, permanecem sem assistência que merece todo cidadão, se o “presente” não suprirá o que tanto esperam?
Para quê paliativos, se ludibriar já não representa mais as máscaras e sim, identidades?
O que fizeram com você, Ilhéus, cidade de meus amores e meu encantamento?

Intrigam-me o cinismo e a insensatez de poucos que desconhecem o papel das ágoras na democracia ateniense e não fazem de nossas praças o palco de tantos atos.Praças que “escutam” muitos cidadãos em seus bancos e em suas esquinas precisavam ser ouvidas...precisam de cuidados, de beleza.
Que saudade de suas praças, cidade de meus amores e meu encantamento!

Renovo minhas esperanças conversando e ouvindo pessoas de pensares e quereres bonitos sobre a nossa terra, nascidas ou não, que preservam a enlouquecida vontade de vê-la linda e bem cuidada.
Alegro meu coração quando recordo de homens que amaram tanto Ilhéus e a vestiram de princesa e depois a presentearam com coroa e cetro de rainha.Homens benfeitores, mentes evoluídas, índoles ilibadas.
Que saudade de vocês, homens e mulheres que viveram na cidade de meus amores e meu encantamento!

E as águas, que deveriam sempre ser sinônimo de abundância, limpeza e de alegria, desavisadas do desamor, caem em nossa cidade, levando os escombros deixados por cidadãos desumanos e despreparados, dos lixos de todas as espécies - que possuem asas e voam e brincam de “esconder” com os varredores de rua que chegam com a manhã e, impotentes com vassouras que não podem voar e competir com eles,não dão conta do que precisam fazer.As chuvas fazem, de forma torta, os seus trabalhos.

Que absurdo, cidade de meus amores e meu encantamento!

Percorro suas ruas,Ilhéus, permaneço acreditando em sua redenção, cidade de meus amores e meu encantamento!
Ana Virgínia Santiago
(4/11/2011)