quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Que empréstimo divino!Obrigada, Senhor!

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo!Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.Perder ? Como ? Não é nosso, recordam-se ? Foi apenas um empréstimo."
José Saramago

Meus filhos: Gabriel e Mariana. Tão longe de mim, fisicamente, mas,tão próximos ao meu coração. Que saudade!!!!




terça-feira, 23 de agosto de 2011

FAXINEIRA DE ILUSÕES E O PROUSTIANO MUNDO PERDIDO DE SUAS RECORDAÇÕES.


A Faxineira de Ilusões parou na praça para descansar e reencontrar emoções, lembrando que está pertinho de sua cidade fazer aniversário...
Mas, festejar é ato sério, requer veracidade de reconhecer a data como algo importante de ser aplaudido.
E , dentro da alma, buscou o passado, precisando fazer comparações...
E buscou,buscou, buscou...
Por onde anda aquela paisagem que foi sua companheira há tantos anos atrás? Em que beco se esconderam as pessoas que ali transitavam e davam um colorido especial à cidade?
Cadê a marca da infância que se formou ali, dos gritos infantis,que brincou de roda, de se esconder com os marmóreos leões e tinha a pureza de bater palmas para a imensa árvore, que dava limite ao histórico bar e à casa de Deus e foi derrubada?
Cadê a menina pequenina que gostava de passear ali, que sorria muito, tinha vestido pregueado, laço de fita nos longos cabelos e acreditava que todos eram iguais ao seu mundo?
Em que instante lhe avisaram que há paradas, como as brincadeiras de “mandrake” paralisando seus sentimentos?

Cadê a história de sua cidade?
Cadê a memória dela?

Em que gaveta estão guardados os manuscritos, as fotografias, os contares de quem amou tudo isso e não é mais lembrado?
Em que casa estão abrigadas as imagens de tantos momentos especiais à cidade, que a dimensionaram, dando-lhe o título nobre de princesa?
Por que tanta amnésia pelos grandes feitos e pelas idéias que, brilhantes, fizeram dos construtores da cidade, benfeitores de luz?

A Faxineira buscou, buscou, buscou...
Queria a essência de tudo que teve, porque sempre acreditou na evolução, em crescimento,mas, queria o eterno.
Queria a essência, a memória, a história!

Olhou para os lados e sentiu saudade de tantas saudades, de tantos quereres que se foram e , agora,descansam em mundos, que não podem ser vistos...
E andou, andou e parou em outro espaço que fincava mais recordações.
Cadê a casa que limitava a esquina da praça dos pinheiros? Cadê a sua imagem em papel, que eterniza a sua existência, pois deu lugar a outra construção?Cadê a praça e a sua história homenageando o homem que acreditou nos moços e escreveu sua oração?

Ela só queria a história, a memória!

Cadê os bancos que faziam companhia à tímida,mas, tão rica avenida, palco de tantas risadas, de tantos seres em plena juventude, com sonhos ainda adormecidos e, muitos, hoje concretizados ?
Cadê a lembrança da história de homens que, leões, criaram clubes de serviços em prol da carência e a favor da solidariedade?
Por que não se fala mais em tantos nomes, em pessoas especiais que chegaram aqui para construir e não apenas usufruir?
Por que não dizer às crianças sobre os homens daqui e os que aqui chegaram e tanto fizeram e que deixaram continuidade em seus ideais?
A Faxineira queria limpar as traições,os esquecimentos, os responsáveis pelos monumentos derrubados, os tesouros da cidade roubados...
Queria polir para ficar mais em evidência muitos exemplos...
E lembra do nobre gaúcho, lá dos pampas, que, aqui, ensinou tantas coisas, tinha sensibilidade e acalentava a doce poesia na alma ,e, hoje (pelo menos isso!) é nome de escola em bairro periférico. E vem junto um outro companheiro, que é nome de rua em seu bairro do coração.
Quem vai contar suas histórias para serem ouvidas?
Quem lembra de ações voltadas para a educação de um casal do passado, dos sacrifícios de sua família em nome do amor pela comunidade, pela vontade de abrir os caminhos do aprendizado para quem precisava trabalhar, oferecendo a sua própria casa?
Por que não contar suas historias e de tantos outros, reservas morais que tinham olhares especiais?

Faxinando os pensamentos, ela permaneceu em eterna busca...
Queria memória, queria história!

Em que caverna estão escondidos os adormecidos e hipnotizados seres que ela buscava para construir isso?
Queria a essência, a memória, a história! E sente pela terra, que está pertinho de comemorar data bonita...

Vai varrendo tanta sujeira, recolhendo tanto lixo e percorre as ruas, com o máximo cuidado para não sofrer acidentes... e, no calçadão, abraça a saudade daquela nobre mulher,Rosa lady , herdeira da terra de Davi, o longínquo e sofrido berço de seus antepassados, que mudou a visão feminina, arregaçando as mangas e provando que feminilidade pode ser traduzida em trabalho além do âmbito familiar e que combina com cultura, unindo olhar e vanguarda e ânsia de preservar a memória de seu amado.
Quantas saudades, quantas pessoas fazendo falta à Faxineira de Ilusões, que observa,de longe, o que fizeram com suas vivências!

Ela só queria memória e história, que chamam gratidão, lembram construções, eternizam contares e imortalizam grandes ações!
Ana Virgínia Santiago
Texto de 15/06/2007 .

A FAXINEIRA DE ILUSÕES E A SAUDADE.

Porque retornou à sua terra e a queria reconstruída em seus bens e homens públicos, a Faxineira andava pelas ruas, reencontrando pessoas, revivendo lembranças, ouvindo opiniões, refazendo emoções, embalando memórias...
Queria amenizar suas dores causadas pelos erros que cometeu e pelas esperanças enxergadas em alguns seres que não existiam, buscando sonhos que deixou adormecidos para não perecer.
Porque acreditava em quimeras, apesar de pisarem em sua crença, a Faxineira reestruturava seus castelos anímicos, porque ainda precisava ver algumas construções.
O que a deixou tão pensativa e tão triste, pois olhava para o infinito com a nítida sensação de melancolia?
Por que algumas palavras pronunciadas,voavam, voavam para outras nuvens e pousavam traduzidas de forma diferente?
Porque sentia falta do alimento que conduz as ações da alma, ela buscou lugares queridos, que lembravam das gentes do seu lugar.
E sentiu saudades...
Saudades intensas e imensas.
Saudades de momentos que lhe deram respaldo para os sonhos.
Saudades de tantas ausências permanentes.
Saudades de suas gentes, mesmo presentes, inspirando saudades.
E como sente saudades!

Porque retornou à sua terra, a Faxineira procurou sua memória, suas lembranças de infante, suas amizades. E sentiu saudades...
E, mais adiante, encontrou a drumoniana “Mulher que Espia pela Janela” e depositou a sua tristeza ao canto, para ouvir os lamentos da feminina presença, que sempre lhe acolheu como conselheira.
Por que tanta dor, meu Deus? Por que tantas lacunas na alma daquele ser encantado que sempre acreditou no sentimento que dignifica e, décadas depois, ouviu um verbo que, conjugado no passado, traduziu tudo que nunca pensou ouvir?
Por que se leva tanto tempo para a descoberta de que o que “não existe, a-c-a-b-o-u”?
Quanto paradoxo, meu Deus!

Porque retornou à sua terra, a Faxineira buscou respostas... A “Mulher que Espia pela janela” explicou suas maceradas angústias e seus desejos de, também voar, ampliar seus horizontes de visão, atravessar nuvens, sobrevoar céus distantes, pousar em montanhas apaziguadoras, exercendo a poderosa função de uma águia e renascer como a vitoriosa Fênix. Simplesmente para esquecer o que lhe aperta o coração e lhe faz morrer a cada dia...
E, silente, a Faxineira ouve e sente a dimensão daquela dor.
Por que tanta saudade escancarada na expressão daquela Mulher que, calada, espia a vida pela janela, sem vontades, sem poder de ação, sem ação para falar o que quer e gosta, tolhida na mais bonita opção de ser, depreciada em sua prisão áurea, que a acorrenta com elos , supostamente afetivos, alicerçados na traição?
Por que ela sente saudades de um ser tão especial à sua vida , que à sua frente, já se despe do lúcido para voar para o etéreo?
Por que tantas lágrimas pela saudade de outro ser, tão forte em sua história, tão grandioso em seu chão, que não pode mais lhe ouvir, lhe ser muletas, atender às suas mãos em eterna forma de concha e amparo em sua solidão?

A Faxineira quer limpar tantas sujeiras das ruas e de ações que deturpam! Aspirar tantos desenganos, aspergir água ns desgostos para aplacar a dor daquela Mulher que guarda, em silêncio, suas palavras que poderiam ser ditas, seus projetos que são desacreditados, sua vida que em cantões distantes é tão aplaudida.

Porque retornou à sua terra, ela precisa alimentar a alma tão cheia de memórias, tão acalentada por lembranças que lhe fizeram o dúbio ser- ave-mulher, que lhe transforma em momentos de alegria e cansaço, leveza e torpor, paz e a leve sensação de vôos.

Ana Virgínia Santiago

Obs: Texto de 13.09.2007 ...

SEMPRE EM ILHÉUS...

Um homem se humilha, se castram os seus sonhos;
seu sonho é sua vida e sua
vida é seu trabalho”
(Gonzaguinha)


Daqui do alto da colina vejo Ilhéus.
Daqui, vejo a cidade pedindo abraços...
O que a faz tão macerada de ações torpes, tantos desamores, fazendo com que a sua história, com seus benfeitores, não sejam lembrados?
Por que projetos não podem ser irmanados e fazer parte de um mesmo fim?
O que tem Ilhéus?
O que a faz uma terra sem memória, sem as lembranças de homens que a amaram, construíram em seu chão, deixaram raízes e as vemos destruídas?
Por que filhos de Ilhéus são tão esquecidos e impedidos de construir dentro de sua própria terra e presenciam as extasiadas recepções, muitas, injustas, como atesta a própria história?
Relembrando os últimos anos, sinto tristeza, porque(com algumas exceções, claro) aqui é terra do “já teve”, “antigamente”,“já foi”, “era assim” e “viveu aqui”.
Observamos os pseudos-heróis momentâneos, chegando de outros espaços(por eles dizimados), aportando em nossa amada cidade e impedindo uma minoria, que ainda tem fôlego e resiste, construir.
Ultimamente o que tenho ouvido de alguns “novos” é o menosprezo pela cidade que os acolheu, ignorando os filhos da terra, num total desrespeito a quem nasceu em São Jorge dos Ilhéus.E apagam-se a história, as ações, as construções e criam-se os guetos?
O que fazem aqui?Será que, quem os observam, não sabem?!
Sempre em Ilhéus...Sempre com Ilhéus!
Arautos da contemporaneidade já anunciam novas investidas contra a saúde moral e financeira dos habitantes daqui em prol de quem vive em outros céus...
Será que a sociedade e os grupos, que serão prejudicados, não terão unidade na ação repressora contra isso?
Será que presenciaremos mais um ato de desamor à cidade e tudo ficará impune?
E vão-se os projetos e as vidas?
Cadê a bravura dos nossos antepassados, daqueles homens que tinham honra, dignidade e vislumbravam o futuro para Ilhéus?
Por que não aplaudir e incentivar quem ainda consegue fazer alguma coisa para a cidade? Por que não continuar aplaudindo o sopro de vida-realização, que é o futebol, através de sua diretoria e equipe?
Por que não aplaudir as realizações educacionais, que ampliam horizontes para quem não pode ir para fora em busca de novos conhecimentos? Por que não aplaudir quem tem coragem, independente de credos, profissões e naturalidades, lutando contra os donos da indignidade e da má-fé?
Ainda bem que podemos vivenciar ações nobres, pessoas e instituições unidas por um bem comunitário, mas, numa luta sem fim para conseguir, por etapas, o que sonham erguer.
Ainda bem que existe pessoas que escolheram a cidade para morar, investir e usufruem da cidade de interior com suas limitações,mas, com tanto para oferecer.
Sempre por Ilhéus!
Ana Virgínia Santiago

Obs: E escrevi o texto em 25/03/2006... rs

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Superação


Para mim os três, Matheus, Lucas e Ana Tereza(meus sobrinhos e prima) filhos e esposa de Paulo Sérgio Mendonça, são o exemplo de superação e amor. Dois dias após o falecimento do pai e esposo (fevereiro/2011), conseguiram forças e participaram de todos os eventos da formatura de Lucas, em Direito pela UESC. Uma bela homenagem que fizeram a Paulo!

RETORNANDO À ALDEIA...

Passados tantos meses a Faxineira de Ilusões retornou à sua aldeia...
A Mulher a viu chegar e a ouviu em silêncio como se não estivesse por perto,porque Ela falava como se fosse para si mesma...
Em que mundos andou? Por quais portos aportou?
E a Mulher traduziu-se em ouvidos solidários, amigos para escutar a Faxineira e seus lamentos.

Por causa de perda recente ela precisou recolher-se entre muros e pensamentos para deixar seus passos e seu coração fortalecidos.
Porque sempre uma perda afetiva traz outras, às vezes,também, pelo desamor, a Faxineira precisou ouvir certas palavras guardadas há tempos que necessitavam ser gritadas e gestos alucinados, para conhecer realidades (que evitava) e pessoas.
Por isso precisou partir.

Agora ela retornou à sua aldeia... .
E transparecendo tristeza profunda começou os seus contares...

Porque eram dias de recolhimento, ela recordou momentos, chorou tantas saudades e nem teve tempo de resguardar sua dor,para refazer, como num grande quebra-cabeça, imagens distorcidas (agora, certeiras e rasteiras) que estavam escondidas, precisavam alinhar-se e apareceram como se fosse aberta a caixa de Pandora...
Espantada, sentiu a necessidade de viajar.. .

Ah! A dor da Faxineira!
Porque eram momentos cruciais de reconhecimento das lacunas vitais que se ampliavam, chorou seus mortos porque perdeu certas referências de vida e de ensinamentos ,mas, embalou no maior cuidado, as promessas e acordos emocionais e afetivos selados pelo amor ,para não ser responsável pelo caos.

Retornar à aldeia...Rever rostos conhecidos, confirmar presenças que foram ausentes, abraçar amigos inúmeros e sinceros e buscar forças para não ouvir o que não é bom...

Ah! Certezas da Faxineira!

É necessário saber o chão que pisa, respirar o ar que lhe é saudável, sentir o amor das pessoas ,passear entre caminhos que lhe são favoráveis e esquecer o que não lhe faz bem.
Retornar à aldeia era necessário...Reconhecer ( e respeitar) as vontades de seres especiais, que já fazem suas escolhas e possuem seus próprios sentimentos impedindo interferências era outra lição que aprendeu no seu retorno à sua aldeia.

Ah! Faxineira de Ilusões!
Como personagem dum fado triste em que se percebe a origem da tristeza d’alma, Ela conversou com a Mulher que sempre a acolhe e lhe tem amizade e buscou assento na praça que lhe serve de abrigo para descansar.
E repôs a energia que tanto necessitava porque estava em sua aldeia entre amigos e seres afins que lhe alimentavam animicamente.
E sentiu paz!
Ana Virginia Santiago
18/8/2011









quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Flagras...17/8/2011.





1.Gabriel olhando a Baía do POntal...um dia antes de seu retorno a Austin-Texas.
2,3 e 4. Flagras em momentos diferentes.

Ontem, 16/8/2011 , a lua estava linda. De longe, consegui registrá-la...

Minha cidade...tão linda...tão desrespeitada.





Cedinho ... da Avenida Dois de Julho...17/8/2011.
Visão da Ponte Lomanto Júnior...Ilhéus-Pontal.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011


(Eu e meu pai, em 1954.Quanto tempo!)

A vontade de sua presença é grande, muito grande, só superada pela afetividade e o sentimento amoroso que nós nutrimos por sua vida.
Vida que agora está em outro patamar...

Meu pai,
nosso pai, você faz muita falta!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Para quem está conhecendo agora meu blog: origem do nome FAXINEIRA DE ILUSÕES é o título de um livro de crônicas que estou em construção...talvez edite...talvez, não.
Peço desculpas aos amigos que estavam me cobrando atualizações...Agora postei textos sem ordem cronológica...algumas fotos foram atualizadas. Muita coisa a ser postada! Obrigada pelos recados!
MONÓLOGO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES, NA MADRUGADA DA ALDEIA.


Olho uma das mulheres que espiava pela janela, se desligou do mundo drummondiano para passear pelas incógnitas do espaço de Lewis Carroll na toca do coelho. Talvez numa tentativa de, encantada, transformar-se em Alice e constatar que existe um outro maravilhoso mundo. E, assim, quem sabe , ser um pouco feliz.

Observo-a e sinto-a triste, num desencanto de alma, numa desencorajada vontade de prosseguir pelo caminho que escolheu em nome de afetos e das gentes que povoam seu mundo vivencial e precisam de sua vida.

O que a faz tão solitária e ausente? O que a macula de forma tão profunda, que seu semblante desnudado agora está sem luz?

Vim da última viagem dos sonhos, agarrando de forma lúdica as lembranças que me energizam e fortalecem a minha tarefa de limpar, limpar, apagar, apagar e deixar limpos lugares e pessoas...
Com a nítida imagem do sentimento que, mesmo pela sétima arte, me inebria de esperanças e crença no bem-querer, esbarro com o antônimo de tudo que usufrui, ultimamente.

A mulher, minha amiga , que antes espiava o mundo pela janela, restrita aos raios solares recebidos pelas frestas iluminadas, aos poucos, foi desamarrando os elos que acorrentavam suas vontades e, acredito, com ânsia de liberdade, foi rápida demais em suas descobertas. E conheceu uma das temidas armas humanas: o desencanto de viver , pela indignidade.

O que a faz tão só e com apenas lampejos de felicidade paridos nos momentos fugidios do amor incondicional e inalterável? Por que não olham aquela mulher que precisa ser vista? Quem cegou a visão de quem convive com ela para nada ver?

Vim da minha última viagem dos sonhos... Alimentei a minha existência de utopias que me ajudam a viver. Olho minha aldeia com tanta dor pelas dores recentes, pelas mortes inevitáveis e inúteis; pelas irresponsabilidades jovens que não entendem a verdadeira função da vida. E sinto necessidade premente de higienizar muitas mentes, muitos seres que antes seriam especiais e que hoje passeiam pela rua da decepção e ,por enquanto, evito pisar, limpar, limpar... Para não poluir nem contaminar a minha alma cheia de alegrias.

A mulher que vagueia triste pela aldeia e deu as mãos à maturidade, ainda fica pasma pela inconsistência de atitudes de alguns. Parece-me que isso é um motivo por deixá-la tão entristecida e questionar como pode anos de convivência ser apagado da memória, desafiando as ações de pares e fixar-se em recente conhecimento por interesses pessoais?
Como dizer à mulher, sem magoá-la, que atitudes humanas normalmente fogem ao entendimento de quem vive em outro patamar? Que as ações escondidas são fortalecidas pelos sub-reptícios botes de messalinas que passeiam por ruas, becos, salas climatizadas, locais profissionais, assembléias específicas ou botequins nem sempre limpos?

O que falar para ela? Que escuto conversas de pessoas que me explicam a inexplicável desculpa das traições? Que se arrependem de atos que lhe usurparam o sossego e a harmonia de escolha antiga e que desmoronou?E que não são poucos?

Despeço-me da mulher e passeio meus olhares para as outras pessoas que vão chegando aos seus pontos de chegada. Quantas daquelas não estão com o pensamento idêntico ao dela,( que, por opção, saiu do mundo de Drummond) e que agora dividiu comigo?

Vou em busca do mar, do encanto bonito das ondas que embalam os pensamentos.
Espero a mudança de passadas erradas em prol do sossego do afeto.
Sinto a necessidade de buscar o alazão que transporta os alados seres com destino a Vênus e Centaurus,numa busca de fortalecimento para o que acredito.
Porque o sol anima os corações e na minha aldeia a luz continua a insistir mudanças... (29/5/2010)
MUDANÇAS E MUDANÇAS

Mudanças vão acontecendo...
Mudam opiniões, olhares, passadas pesadas que ainda percorrem certos corredores e dizimam ações anteriores.
Mudam os homens e seus pensamentos que são distorcidos e perambulam na corda bamba dos falsos equilibristas da vida.

Como acontecem mudanças!
Mudam as fachadas das casas que recebem novas cores e fazem das ruas alegria e luz.
Mudam as casas que comerciam seus produtos, umas fecham suas portas e dão espaço para novas serem abertas.

Mudanças vão acontecendo...
Imagens são estampadas em ocasiões e ao lado jamais imaginadas, fruto das mudanças sutis( ou não) dos pensamentos que fraquejam ...

Como acontecem mudanças!
Mudam os homens que trocam suas fêmeas, as mulheres que trocam de homens e, aos pares, mudam de cadeiras.
Mudam as pessoas e seus cargos, de forma irracional porque os sentidos são mais aguçados pela audição
E as mudanças são formalizadas, porque são necessários novos postos, novos ocupantes, novas filosofias.

Mudanças vão acontecendo...
Como mudam divisórias para aplacarem as vaidades humanas!
Como tiram do lugar as homenagens para serem esquecidas!
Como mudam as pessoas pelas pessoas que chegaram depois!
Mudam tudo, mudam todos e ficam no mesmo lugar.

Como acontecem mudanças!
Como sofrem quem gosta de boas transformações!
Como são inibidas as palavras de quem não crê em pseudo-mudanças!

Mudanças vão acontecendo...
A Mulher vê a cada dia o seu mundo desmoronar, com tudo para modificar, para melhor,mas olha para trás e vê pessoas que sofrerão sua partida. E entra em seu casulo e sofre pelo sonho desfeito, mais uma vez.
O Homem, sozinho, encontra (?) alento no mutismo e na metódica forma de construção de seu mundo particular. Talvez a sua escolha o deixe em plenitude...
A Menina precisa de cuidados, de afetuosa atenção porque cresceu antes do tempo.Sua vida mudou e roubaram-lhe os brinquedos infantis, dando-lhe farpas perigosas para brincar.
O Menino cauteloso que já está Homem aguça seus olhares e sua percepção de vida, escolhendo quem quer amar.

Como acontecem mudanças, meu Deus! (27/2/2010)
O ESPANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Há muito tempo que não passo pelas ruas de minha aldeia.O cansaço do corpo não é tão grande quanto as dores anímicas que me enfraquecem e pedem descanso...
Volto ao meu labor querendo tirar dos cantos e becos a sujeira que deveria ser banida por outros,mas, não acontece.
Paro numa certa praça e fico diante do inexplicável. Aqui permeiam idéias, ações leais ou desonestas de pessoas que sobem escadas, se lambuzam de poder ou deixam nas arestas dos prédios o que não lhes fazem bem.
Mais adiante, aglomerado de pessoas e índoles diversas entram na arena desequilibrada dos interesses e vontades excusas. Por aqui o espanto toma meu olhar e minha audição sofre a dor dos sons agudos.O que discutem, a quem tanto ofendem, o que impede aquelas pessoas de agirem corretamente?
Preciso aspirar daquele antro as invejosas palavras, os olhares infiéis, as palavras apodrecidas pelo rancor e desamor...
É necessário varrer daquele passeio as orientações frágeis, os conselhos nem sempre corretos.
Preciso aspergir de pessoas cegas pela ingratidão as palavras tortas que enganam quem tem boa fé.

Há quanto tempo não passo por ali... Hoje, visualizo a solidão que abriga uma casa, antes tão pisada... Temo pelo futuro de quem ali mora,porque nada fica impune quando não se tem sentimentos e intenções boas!

Passo por outra rua e entristecida vejo mãos calejadas abrindo lixeiras, aproveitando o inaproveitável para outros e avançando nos apodrecidos dejetos residenciais para a sobrevivência.
O homem que um dia teve a dignidade respeitada hoje mendiga o seu anseio alimentar,muitas vezes, negado.
As meninas-mulheres passeiam pelas ruas, pelos becos, bares e indignidades humanas, independente da hora, oferecendo (des)serviços e impúrias ações que envergonham pela ausência de uma política sócio-cultural...

Mais adiante vejo jovens, infantes ainda, em arrogante e desnecessária farra de drogas e sexo em pleno espaço descoberto de pudores e desamores mostrando a capacidade de desperdício da vida e de valores morais.
Perplexa e enojada, eu, Faxineira de Ilusões, sinto a repulsa natural das pessoas que vivem dignamente e questiono, intimamente, os pais, os preceptores e ou os responsáveis por estes jovens que assinam seu futuro...Em que momento estão olhando e vendo seus filhos, seus netos, seus afins sob a responsabilidade que deveria ser correta?

Há muito tempo que não passava pelas ruas de minha aldeia...
(27/11/2010)


PASSADAS LENTAS PELAS RUAS... VÔOS ALTOS PELOS CÉUS.



Chego na praça no amanhecer de um dia lindo e, porque o céu anuncia com labaredas encantadas a chegada do sol,que abrirá sentimentos controversos nos corpos suados e nas mentes abertas ao caos ou à coerência, aguardo o momento de faxinar...

Porque passei tempos em outra aldeia, num espaço que me abrigou para entender os pensamentos logosóficos, conduzindo o meu ser a aprender o entendimento transcendental, observo as pessoas e vejo em muitas delas o espanto natural de quem não se acostuma com as desordens e os desamores diários.

Por que há tanta necessidade de pressa, velocidade, incoerência e falta de maturidade em quem deveria vivenciar a fase do crescimento?
O que faz a irresponsabilidade ser fator essencial no dia a dia de vidas que poderiam pensar e agir de outra forma?

Observo as pessoas chegando na praça, caminhando por ruas, entrando em casas, abrindo portas, comentando , estupefatas, o horror de vidas serem ceifadas em pleno vigor...

Voltei de um tempo em que adormeci e vivi outras aldeias, vivenciei outras falas, chorei outras dores, abracei saudades e voei para outros espaços, para sobreviver, para fortalecer a alma, para não sofrer tanto.
Mas, o que estou olhando, vendo e ouvindo chegam ao meu coração em forma de medo. Do estranho. Do inconsistente. Do irresponsável, da pergunta que não pode estar muda: até quando?

Lentamente deixo a praça, antes pacífica, para amenizar o coração angustiado pelas dores de pessoas desconhecidas que se unificam pelos mesmos sentimentos de dor, de sofrer, de querer o que não se pode mais ver,nem ter ao lado.

Eu, Faxineira de Ilusões, reencontro os amigos que estão tristes pela névoa de dor e perplexidade que acometeu a cidade há poucos dias.
E torno a questionar:
Por que há tanta necessidade de pressa, velocidade, incoerência e falta de maturidade em quem deveria vivenciar a fase do crescimento?
O que faz a irresponsabilidade ser fator essencial no dia a dia de vidas que poderiam pensar e agir de outra forma?

Paro. Reflito:
Por que não pensar nos seres que deram a vida às vidas que não ouvem conselhos e ensinares? Por que não elevar preces para eles que não podem pagar tributos pelo que não fizeram?

Ando pelas ruas que me levam às lembranças e tento aspirar os pensamentos negativos que caíram sobre a minha aldeia.Ela precisa estar limpa, renovar tudo que está lhe aniquilando,porque as cores da manhã que chegou com tanta força não pode acinzentar.
É preciso acreditar.
26/03/2010
AS LEMBRANÇAS DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

A Faxineira abraçou o dia que chegava inundando a alma de energia pura e bebendo a essência do que lhe chegava de Deus...
Criou a couraça maior para a proteção dos olhares malfazejos que poderiam atrapalhar as suas passadas e abriu os braços para a manhã iluminada que lhe saudava.
E porque a memória insistia nas lembranças impedindo-lhe a normalidade diária, sentiu saudades de um ser já tão distante dos seus olhos e que era porto seguro para tantas vidas. E viu uma vontade impossível tomar a dimensão do que estava contido em su’alma porque, consciente, sabia que não realizaria o seu desejo.
Queria um ser anímico para compartilhar as dores de outro ser afetivo em comum.
Queria estar diante de alguém que não está mais aqui...

Chorou as lágrimas adormecidas do seu pranto - tanto tempo impedidas de ficarem livres porque era condutora de ações, para dar vazão ao querer de um clamor irreal mesmo sabendo das impossibilidades... E sentiu a mais óbvia das vontades de qualquer ser humano: ter presente quem está ausente do toque, dos pisares e dos falares diversos. Talvez porque presencia a dor de uma jovem mulher que está dilacerando seu coração, Ela, por momentos, pendeu para a imaturidade espiritual querendo o irrealizável... .

A Mulher-Mãe está à sua frente e passa uma força que entristece, porque está vulnerável em sua dor e pede compreensão para o que está passando... Chora a perda do seu talismã afetivo, chora uma comemoração (que não aconteceu independente de sua vontade) sentindo a saudade do que durante três décadas teve e de forma tão profunda e intensa.
E, em silêncio, talvez pela certeza de não ter como explicar, a Faxineira cala e observa...
Busca resposta no que limpou na noite iniciada e guardou debaixo do tapete porque não são partículas inaproveitáveis... E escuta... São recados de Deus lembrando-lhe a necessidade de recordá-LO e de entender Suas decisões
(nem sempre entendidas)...
São mimos celestiais impulsionando o pensamento a olhar um outro lado...o lado do amor que deu certo, o lado do companheirismo que foi exemplo para tantos, o testamento de afinidades e coerência de sentimentos.

E porque abraçou o dia que chegava e se alimentou da energia que fortalece, a Faxineira conseguiu falar o que precisava ser ouvido, porque escutou o outro lado tendo condições de dizer para a Mulher que chora um pranto recente a sua missão de ser exemplo continuado de amor para quem lhe ama e necessita da chama acesa de um sentimento verdadeiro. (27/2/2011) ( Fiz para minha mãe, em estado progressivo de mal de Alzheimer, sempre lembrando de meu pai, lamentando que ele a tinha deixado...Esqueceu que o companheiro havia viajado para outros céus em 22/3/2009...)

(foto da filmagem do DVD de Gabriel, em Hollywood)
O AMOR QUE ME NUTRE
( a um ser especial que aniversaria hoje)


O amor que me nutre é imensidão de sentires.
Chegou deixando o cheiro de alfazema no ar no início da primavera e ficou encantado na chegada do verão para nunca mais me deixar...
É vastidão de quereres...
Acompanha meus dias, meses e anos reconhecendo a mais bonita forma de crescimento num estágio de nunca parar...
É eterno e amplo no meu gostar.

Meu amor ampliou asas sempre em vôos amplos, em céus que me encantam e me amparam,
Em eterno estado de torpor feliz, de alegria hipnotizada para não sofrer mecanismos de mudanças, em olhares ávidos descobrindo construções de quem continua a velar...
É imortal na mais bonita e perfeita forma de amar.

O amor que me nutre sente vontade de presenças, de retorno às etapas que me fazia siamesa no sentimento primeiro e chegado com tantos sonhos e surpresas.
O nutrido afeto que me abriu horizontes firmando a certeza do encantamento eterno cria artifícios para esquecer as ausências que são naturais,mas, doem na síndrome do ninho vazio...
Ele pede a essência perto de mim.

O amor que me nutre é expansão e armazenamento de êxtases em seqüências que não possuem fim e não esgotam o nascimento de novos motivos que me fazem feliz.
É único e duo , pois convive com a pacificadora forma de amar sem limites especiais seres que alimentam e acalantam a minh’alma.

O amor que me nutre ...( 25/9/2010)

CONVERSANDO COM UM ANIVERSARIANTE
(Para Carlos Gomes, um construtor de sonhos)

Acompanhei a sua chegada. Como todo nascimento criando a expectativa de estar bem.
Vivi desde o seu chegar a luta de permanecer, contando com amigos, ouvindo os infiéis, temendo as represálias de quem não gosta de ver nenhum crescimento, mas, acreditando no que queria.
Caminhei ao seu lado e vivenciei a luta do Grande Amigo,pioneiro do encantado e complicado mundo das máquinas, a gritar por sonhos realizáveis, a arregaçar mangas e abrir coração para dar ânimo e lições de coragem, a não deixar esmorecer...
Ah! Como faz falta a sabedoria dele entre os discípulos que continuam abrindo fronteiras, derrubando barreiras, abrindo portas e escancarando janelas dos sonhos que não podem dormir...
E como a presença do Grande Amigo é sentida em quem pisa em seu espaço!

Acompanhei seu iniciar. Desde a vontade de uma concepção conjunta e coesa, com o lema de não desistir, não calar, não parar.Com a proposta de não olhar para trás, para as injustiças, para o esquecimento do bem-querer de abraçar quem cedinho nos dá notícias,nos alerta, parabeniza, cobra e vive a realidade da cidade.

Vivi momentos alegres no improvisado espaço, nas calorosas e engraçadas conversas do hilariante redator que, finalzinho da tarde, não dispensava a geladinha para esquentar...
Senti a grandeza de um sonho ( mas, como acontecer o contrário, se o Grande Amigo, pequenina figura, cabeça grisalha e tão imenso no amor estava ali diante dos sonhadores a animar?), na esperança da Mulher que até hoje lhe acompanha segurando firme um leme que ,às vezes, insinua rachar, por causa das tempestades humanas. Uma Mulher que personifica a sua existência, também, porque teve ensinamentos (e como!!!) do Grande Amigo que sempre foi seu herói.



No amigo querido do Grande Amigo, sempre presente, traçando linhas pela veia artística que mora n’alma, tem idéias, passa para o papel a sua arte e dá brilho ao querido aniversariante de hoje, mostrando a sua marca.

Como você cresceu! São chegados 11 anos e você caminha devagar, mas, sólido, firme no propósito de não parar. Mesmo que lhe peçam para diminuir “algarismos” na importante função que você tem para viver. Mesmo que alguns e insuportáveis pseudo-intelectuais torçam o nariz para a única presença de informação diária da cidade - você!- como se não fosse primordial saber o que acontece com e na comunidade que se vive.

E você sobrevive. Até mesmo para quem só liga para sua existência quando quer aparecer, quando precisa de um “recado” pessoal e faz surpresa quando o lê... Mas, que rejeita a proposta de uma assinatura para fortalecer a sua existência, de uma mensagem especial numa data especial.

Mas, você está aqui entre nós! Entre tantos amigos que lhe admiram, valorizam a sua presença na cidade, querem e gostam de ler você toda manhã, todos os finais de semana.E sentem falta quando você não bate à porta, não diz que chegou.

Como agradeço a você, Aniversariante de hoje! Por abrigar minha vida, por abraçar minhas palavras em forma de texto e deixar um cantinho tão especial para deixar gravado o meu pensamento, as minhas dores e saudades, as indignações e surpresas, os meus amores e desencantos, as minhas alegrias.

Como fico feliz por seus 11 anos hoje, Diário de Ilhéus!( 24/7/2010)



O RIO DO MEU POVOADO E O QUE ELE VÊ E CHORA


Há tanto que percorrer!
Tantas andadas que foram podadas, tantos (re)encontros que se tornaram inviáveis...
Ando pelas ruas do meu povoado buscando os sonhos que alimentei em outros lugares, com gentes diversas para insistir no desbloqueio de um momento que se tornou eterno.
Por que fujo de uma rua, de uma casa, de reencontrar pessoas que sujam a natureza humana com tantas traições direcionadas para amizades leais? O que fazer para anular comentários torpes, esquecimentos por conveniência, olhos fechados e costas dadas como desprezo? Calar mais? Ou limpar, aspergir, varrer?Não sou Faxineira? Não tenho a função de limpar? Ou continuar esquecendo a rua, a casa e as pessoas que usam máscaras enegrecidas pela ingratidão?
Continuo andando, varrendo o que está sujo e, mentalmente, exorcizando os quereres que fazem mal nas pessoas e buscando as maravilhas que Deus nos dá e tantas vezes são esquecidas.

Preciso de água, ver água, absorver a beleza das águas ...

Passo diante do rio que banha o meu povoado e o vejo se arrastando lento como uma serpente perdendo as forças... Em suas águas vão sendo levadas vazias caixas que poderiam ser recicladas, sacos e garrafas plásticas que se transformariam em tantas e úteis idéias, carcaças de caranguejos apodrecidos.
Mas, o que faz chorar o rio de meu povoado? Por que ele sente tantas dores assimilando os sentimentos de tantos que enxergam demais e pelos outros que não querem ver nada?

O rio que povoa o meu povoado carrega flores já murchas( antes embelezadas pelos pedidos e crenças místicos), consciências inanimadas que tombaram em suas águas, antes tão puras e pensamentos de quem precisa expurgar alguma coisa.



Ele chora a devassa dos valores morais, o esquecimento dos infantes que, abandonados por seus maiores, vão como as suas águas, sendo levados pelos convites amorais e delinqüentes de quem precisaria estar em estado cativo...
O que acontece com o rio que ainda embeleza o meu povoado?Por que tanta sujeira recebida?
Como posso varrer o rio do meu povoado? Como posso sair varrendo tudo que ele está levando?!...
Sonhos extintos e quimeras paralisadas, incompreensão pela juventude perdida por falta de orientação, hipocrisia estampada nas faces dos supostos responsáveis por uma futura geração em total estado de putrefação?
Em que lugar estão sentados que não podem desligar seus controles remotos, limpar seus óculos e tirar as correntes dos pés para a absorção das verdades?
O que impede os supostos guias de infantes-cegos-pelas-ofertas indignas de abrirem horizontes de expectativas com varinhas mágicas de boas leituras, boa musica e benfazejas orientações para futuros seres responsáveis sem seqüelas nem gírias ridículas que envergonham quem os ouve?

O vento sopra violento espalhando as folhas caídas das árvores restantes num diálogo de desolação com o rio que banha o meu povoado?
Posso fazer monturos com papéis jogados nos passeios, com as apodrecidas folhas que outonam os olhares admirados,mas como posso fazer monturos com desesperanças, desânimos, desrespeitos e com os assassinatos lentos e gradativos de quem nasceu há pouco?
Indago ao meu próprio coração: mas, não sou Faxineira? Não limpo ilusões?
O que hei de fazer?
Estou tão cansada...

O rio que banha o meu povoado chora... ( Ilhéus, 23/10/2010)
Para uma Mulher que não pode ouvir o meu lamento.


Há duas semanas atrás, num domingo especial, não pude ouvir a sua voz,porque a vida a quer em silêncio e não pude falar...
Olhei você , presente diante de mim e tão ausente ao nosso redor e senti a saudade de não ouvir sua saudação e de não poder agradecer, como sempre fiz todos anos, a vida que me deu e me proporcionou sentir a mesma alegria: ser mãe!
Por causa de você estou aqui!
Cumprindo os passos que me foram dados, prosseguindo na rotina e etapas da minha vida, sempre com a lembrança de sua presença maternal forte,muitas vezes, autoritária, mas, sublime na encantada tarefa de ser avó em tempo integral.
Por causa de você estou aqui!
Agradecendo em silêncio a afeição e o amor leonino que sempre dedicou aos meus filhos ( como eles lhe retribuem!)e a todos os seus netos e que ainda, com o olhar, às vezes, ativo, os acompanha em seus passos diários.
Por causa de sua vida estou aqui, como se conversando, amenizasse a dor de tê-la e ao mesmo tempo vê-la fugindo de nossas mãos.
Por causa de você estou aqui!
Vivendo e alegrando-me, diversas vezes sofrendo e chorando, contudo, em todos os momentos, agradecendo a dádiva de estar no mundo trazida por você e meu anjo especial que já descansa em outros céus...
Por causa de sua vida tenho tantos questionamentos agora!
O que ouve quando falamos e pensamos não ser ouvidos?
Em que mundo viajou que não conseguimos resgatá-la e a vemos indo cada vez para longe de nós?
Por que as palavras não são articuladas mesmo querendo dizê-las?
Por que sonhamos com uma palavra mágica para ser esboçada e trazê-la de volta à vida e cumprir a sua missão normalmente?
Acredito que o seu coração deu as mãos à alma e traçou a viagem do esquecimento, quando constatou a ausência amada ao seu lado. Talvez Deus presenteou sua vida com a bênção da memória adormecida para não sofrer tanto como nós, filhos, sofremos sentindo a saudade do elo afetivo e paterno!
Por causa de você estou aqui!
Para dizer da vontade de ganhar de presente um milagre: ouvir sua voz, ver seus movimentos normais e sua dinâmica e pequenina figura tomando conta do ambiente, visualizando atitudes irreais para a nossa realidade,mas, que é bom para acarinhar a mente macerada de tristeza e de impossibilidades.
Por causa de você estou aqui, num pranto silencioso falando também por meus irmãos que sabem a dimensão do que estamos perdendo.

(Fiz o texto para a minha coluna a ser publicada em 21 de maio, sábado....Entreguei no Diário de Ilhéus na quarta-feira, 18...Não sabia que no dia em a coluna foi publicada estaria no velório de minha mãe...Este texto foi lido lá por uma amiga)

O DESENCANTO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES


Começa o dia da mulher que sobrevoa o limite do palpável para habitar na surreal paisagem do encantamento.
Porque possui a mágica de lidar com especiais habitantes do mundo de fadas, gnomos, anjos e alados pássaros, ela exerce a poética função de aspergir, limpar, polir e varrer o que não se enxerga,mas, vê, o que não se toca,mas, sente e o que não se escuta,porém pode ser lido pelo olhar.
Porque a realidade que está vivenciando a preocupa a mulher absorve a essência da Faxineira de Ilusões para poder sobreviver e não morrer... de angústia por não ser ouvida, de piedade por nada poder fazer.
Questionando as ações humanas de sua aldeia que , no momento, a entristece, a Faxineira de Ilusões busca respostas para tantos desacordos, frutos de deslizes de formação e vê a cegueira anímica de quem deveria estar em vigília...
Olha o espaço que nasceu de um sonho e de idéias grandes, poderia estar imponente e radiosa e vê a energia esvair-se por tantos desacertos e falta de direcionamentos.
O que fazer ali, com seu labor, para amenizar o que está acontecendo? De que forma aspirar ações maléficas se a raiz permanece intacta alimentada pelos diversos desvios que aniquilam qualquer forma de bem querer?
Como limpar, varrer, escoar tudo que é construído com palavras malvadas e atitudes tortas se não pode ser escutada?
O que aflige a mulher que tem a missão de limpar sujeiras , cortar arestas daninhas, queimar desonestidades e plantar iluminados pensamentos é a solidão!
A solidão de estar acompanhada por tantas vozes que não sabem escutar.
A solidão de não ver comungada a idéia bonita de construção para tantas construções na aldeia.
O que atormenta a Faxineira é a constatação dos passos silenciosos, de mascaradas vozes macias,de ações sub-reptícias, do desconforto de olhar e enxergar muito além, do ouvir e escutar vozes não faladas e da total abstração inconsciente de quem tem o poder e não o exerce de forma coerente e decente.
O que acontece num espaço tão pequeno e que cresce, à velocidade da luz na intrigante política de cultura de corredores,tão comum na infante construção?
O tempo esfria cada vez mais fazendo com que pessoas busquem nos agasalhos o calor necessário ao contato corporal…A umidade que se alastra naquele espaço que poderia estar tão grande, ultrapassa os limites das paredes para atingir as mentes e pensamentos cambaleantes dos humanos tortos que estão entrando pelas portas, infiltrando o mofo por todos os lados e alimentando os bolores tão nocivos à vida e à alma.
Precavida, a Faxineira adota a política do silêncio, do não ouvir, nada falar,nada olhar. Exerce o seu direito de preservar a dignidade, aconchegar a probidade tão importante em sua formação e preparar-se para abrir as portas e fechá-las, com cuidado, silenciosamente para não demolir o que está ruindo.
Fechar, desencantada, as portas depois de ter arrumado um pequenino espaço que existe dentro do espaço maior para não ser transformado na famosa caixa de Pandora e, se for aberta, não permitir que fechem a tampa novamente deixando dentro dela a mais perfeita possibilidade de sobrevivência do Homem: a esperança! (21/8/)

A VOLTA À ALDEIA

A “Mulher que em outros tempos espiava pela janela” retornou de sua longa viagem do mundo drummon(d)iano para apascentar suas idéias na aldeia que lhe faz bem e que abriga tantas outras pessoas. Parou num porto que existiu um dia e, tamanho marasmo, sentiu medo que o destino da mulher de Lot petrificasse as vidas que por ali estavam, destituindo-as da alegria que sempre caracterizou a aldeia... .
Num certo lugar que tantas vezes foi feliz sentiu a falta de pessoas que foram de seus afetos e não mais existem no complexo mundo anímico, e, porque “a vida bate à sua porta” (como já anunciava Gullar) Ela tentou expulsar as adversidades passadas e maceradas para encontrar ,mínimo que fosse, um ponto pacificador.
E sofreu as dores do desencanto e do desamor, porque entendeu que muitos ainda adormeciam na imaturidade.

Quanto tempo que não andava por aquelas ruas, que não subia algumas ladeiras, que não via aquelas praças!
Quanto tempo que não via seus afins!

Ela - a mulher que em outros tempos espiava a vida pela janela,caminhou pelas ruas, reconheceu alguns rostos, fechou os olhos para outros e, numa praça tão cheia de histórias, reconheceu a indignidade que toma a forma humana para ludibriar os ingênuos de coração e sentiu piedade.

Quanto tempo que não via os bens públicos, agora, destruídos!
Quanto tempo para voltar à sua aldeia, meu Deus, e reencontrar migalhas afetivas, restos de história, pedaços de concreto que um dia foram referências de administração e bem-querer à aldeia amada...

Ela - a mulher que em outros tempos espiava a vida pela janela,viu de longe, em seu labor, a varrer, varrer, varrer, a Faxineira de Ilusões, que a reconheceu...
E juntas, na praça que foi abrigo de tantos lamentos e conversas entre as duas, reviveram suas vidas, seus contares, seus amores e tantos desamores.
E falaram de amizade, da saudade que corrói a alma quando se ama alguém que se vai para outros céus, são queridos como presença e só podem ser ausência...
E a Faxineira falou de suas angústias em não ter mais tempo para polir e incensar porque a rotina de sua vida é eliminar ações malfazejas, olhares invejosos, incinerar desejos nocivos e limpar, limpar, limpar, colocando nos monturos os lixos que recolhe para não obstruir as ruas, as praças, as casas, os homens e mulheres dali.

A volta à sua aldeia deixou a “Mulher que em outros tempos espiava pela janela” numa tristeza profunda porque,após tanto tempo ausente de sua terra e de suas gentes, não viu mudanças que fazem sorrir, construções que mereçam aplausos nem contares que transmitam orgulho.

Poucos.Poucas. Algumas...

Caminhando com a Faxineira de Ilusões Ela saiu em busca do que ainda restava de bom naquele território tão seu conhecido,porque, tinha certeza, ainda podiam ser encontradas as almas boas, as humildes pessoas que preservam a dignidade como um bem maior e enxergam no outro o reflexo de Deus sob diversas formas. (19/2/2011)


94 ANOS DE UM BEM-QUERER


94 anos...
Piso num chão tão familiar... Num alicerce que me transporta para tantas lembranças. Cada quadrado, cada desenho geométrico dos espaços internos levam o meu coração à emoção de ser parte de uma família especial, de ter sido aluna Ursulina e sentir orgulho por isso.
Entro todos os dias, reverenciando, a Mãe Piedade, num espaço dedicado à reflexão, ao crível, ao verdadeiro, para, silenciosamente, falar do meu amor por esta Casa, da gratidão de ter passado à minha infância e adolescência os valores primordiais que fazem do Homem um ser especial.
Alegro-me com a preservação do espaço físico que Madre Thaís tanto amou, porque o marco da educação na região grapiuna não pode ruir.
Uma Casa que teve Maria Garcia a “guardando” a portaria, até seus
Últimos dias e que formou Roquelina Cardoso uma amada defensora da Piedade.
Entristeço-me, também, com a falta de interesse - de alguns que chegam – na história,na bonita memória de quem ainda está conosco para preservar o que deverá ser eterno e na falta de sensibilidade de atentar para isso. Madre Madalena, atenta à memória da sua Casa,está fazendo falta...
Mas, o amor que Madre Thaís e Madre Terezinha do Menino Jesus Decroq implantaram na Piedade e souberam enraizar em ex-alunas fiéis,e mais tarde,em ex-alunos, não perecerá.
94 anos...
Percorro esses pátios imensos e rigorosamente limpos, transportando-me para tempos passados, para as minhas lembranças, ouvindo os passos seguros e silenciosos das religiosas que, de negro, mais tarde de branco e de cinza, enfeitavam as galerias, impunham disciplina e valores de dignidade e a imagem daquelas mulheres, hábitos limpos e bem passados, terço imenso na cintura, parava ou alegrava as alunas, as “meninas” da Piedade e deixavam seus ensinamentos.
Ali, naqueles sapotizeiros, mundos foram descortinados e ou desconstruídos. As conversas, os segredos, os planos e os sonhos, muitos, foram firmados ali, à sombra das frutas doces e saborosas que Irmã Teresa Sodreau, a amada irmã da cantina, ia colhendo e guardando no imenso avental de operária de Cristo.
Irmã Benilda, hábil na arte do crochê e tricô,querida religiosa fazendo falta em nossos pátios...Irmã Celeste, meiga doceira...
E as mangueiras! Quantos sapatos perdidos ali que o fiel Sr. Cândido depois ia recolhendo e entregando às suas donas, que, de meias, continuavam a assistir as aulas, saciadas do mel das frutas tiradas...
Sinto o passado tão presente neste espaço que completou 94 anos no dia 15!
Como esquecer ir. Bernadete, artista nata e dedicada guardiã da Igreja, do Santíssimo e dos seus paramentos e objetos, a pausadamente me falar da vida, a me ensinar costura, “fuxicos” e bordados em ponto cruz e vagonite ( como uso até hoje!!!) e a exemplificar, com suas ações (desconhecendo isso) que tolerância, silêncios e respeito à hierarquia são importantes e que amizade profunda é prova de Deus.
Saudade de Irmã Consolação, outra dedicada religiosa nos cuidados com a sacristia que ocupa outras funções, agora.
Como esquecer D.Lourdes Melo, amiga fiel de ir. Bernadete, Mestra de Ciências, rígida no ensinar e tão amável na rotina de gente que amava e tinha naquela Casa uma ligação afetiva de amor.
Passo pela Escola Santa Ângela e abraço a saudade de duas guerreiras que amaram e construíram tanto naquele espaço beneficente: religiosas e irmãs em Cristo Ana de Jesus e Maria Clara.
Como esquecer a então Madre Maria Clara. Postura elegante,traços bonitos, gestos e voz seguros que acreditava na rigidez de atitudes como respaldo para crescimento,mas, que em minha infância e adolescência foi doce e amiga, passando o mesmo amor que nutria por meus pais e por mim para meus dois filhos. Sempre presente, sempre grata, sempre amiga.Agora, vivendo um mundo só seu...
94 anos de dedicação ao ensinar e ao formar jovens! (18/90)
Sinto a nostálgica e benfazeja saudade de outras Mestras e Amigas. Santo Ignácio que me mostrou a importância de estudar português, Maria José, a querida “Mamusé”, ensinando religião de forma tão real, que aprendíamos a vivenciar os passos da Sagrada Família como se fosse “in loco”.
94 anos...quanto tempo, quanta presença!

Quantas saudades das festas naqueles pátios cheios de pessoinhas ávidas de vida e alegria! Dos maravilhosos jogos do VIP, sob a proteção de Prof. Hélio , de Frei Paulo, de Sr. Humberto Barbosa e sua fiel escudeira Ami!
Saudades da singela e da contemplativa Ir. Genoveva, espírito de luz que, sem visão, enxergava tudo e todos! Da querida Ir. Josefina que, nos últimos anos foi a companheira e acompanhante de todas as irmãs que já se despediam...E dos chamados ,pelo tocar do sino, da paciente Ir.Úrsula que, “comandante”do recreio, avisava os horários de pararmos a energia para retorno às salas.
Quanta saudade das filas formadas cantando os hinos brasileiros e o Serviam, da disciplina exigida.
E as Mestras inesquecíveis de minha geração?Palmas para D.Alina Benevides, ainda preservando o mesmo amor pela Casa que a acolheu. Aplausos para Sônia Cardoso, Elnita Motta e Cyléa Costa Cardoso, agora em outros céus, junto a Hildete Penalva, ex-aluna e ex-coordenadora e tantos outros seres especiais.
Piso no espaço que continua a me emocionar. E vejo o mesmo amor de ex-alunas em todas que ainda freqüentam ali. E testemunho o mesmo dedicado querer de Irmã Georgina, ex-aluna das Mercês que tem uma trajetória bonita no Instituto Nossa Senhora da Piedade, amando a Casa como se ali estivesse estudado, duas vezes Provincial e mais uma vez Diretora do INSP.
94 anos iniciando uma nova etapa, recebendo novos educadores, novas pessoas na equipe com o mesmo propósito de reverenciar a Casa que agora aniversaria.
São 94 anos de bem-querer.(18/9)




A NATUREZA E A SÉTIMA ARTE

“ Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras. Mas, só há duas nações – a dos vivos e a dos mortos” (Mia Couto).


Passam-se tantas histórias.
Exemplos de intolerância são gritos nem sempre escutados com atenção. Atos dignos firmam suas essências pelos continentes, como fios de esperança pela solidariedade.
Passam-se anos, mudam-se as pessoas, ações indignas permanecem e ficam enraizadas, algumas vezes protegidas pela ignorância, pela intransigência, outras pelo mal querer, porém, abastecidas pelos bloqueios...

O mundo pede atenção.
A natureza mostra sua força, sempre pendendo para o lado dos oprimidos, dos “sem recursos financeiros”, sem atenção dos poderes que deveriam sempre estar presentes.

Passam-se histórias, tantas histórias.
De vez em quando a arte que sempre reflete luzes e é transcendente, superando tudo, chega até o final do túnel (Ah! Kurosawa e seus Sonhos...) e dá um grito de alerta: vejam, pensem, reflitam bastante, liberem seus grilhões!

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Uma, pela natureza.
Chuvas destroem ruas, morros, famílias inteiras e o que a imprensa mostra rotineiramente são os olhares de dor pela perda, pelas feridas anímicas, pelas chagas físicas. O que constatamos é a dor humana em sua intensa e sofrida potencialidade.
E uma parte da sociedade mostra para que serve a alma...Toneladas de alimentos não perecíveis e roupas chegam aos pontos de recebimento num desabrochar de amor e bem querer.
Artistas (ah! A arte, como sempre, a arte!) unem sentimentos e projetos em prol dos desabrigados, dos agora sem familiares, sem nada, com apenas a certeza de sobrevivência.


Aparecem tantas histórias... Que bom sabermos que nem só de banda podre vive a humanidade.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Outra, pela sétima arte.
O País desde a semana passada tem respondido, de forma encantada, ao filme de Daniel Filho sobre Chico Xavier.
Intelectuais, pessoas que não tiveram a oportunidade de burilar o conhecimento, crentes ou ateus, testemunham a beleza da história de um homem que, independente do credo que divulgou, escolheu, apesar de tanto sofrimento na vida, ajudar ao próximo.
Pessoas que saem das salas de exibição, inebriadas do exemplo que a humanidade tudo pode, dão depoimentos emocionantes sobre um humilde homem que acreditou em Deus acima de todas as coisas.

O País está vendo duas vertentes das ações humanas.

Vendo tudo isso, sensibilizada pela dor grandiosa de tantas famílias, escuto o meu coração, em perplexidade, por uma ação isolada dos exemplos bonitos de solidariedade e respeito humanos que durante dias o Brasil está presenciando.

Por que não se pode visitar pessoas com paralisia cerebral que são abrigadas pelo Lar Espírita Mensageiros da Luz, numa mensagem de renovação pascal ?
Como 4 atletas endeusados por uma parte da sociedade, se recusaram a acompanhar os outros 11 jogadores que fizeram a alegria de 34 seres especiais ávidos de olhar e tocar seus ídolos, por serem de outro credo?
Inexplicável...
Mesmo que depois tiveram arrependimento e pisaram, os quatro, no “maculado espaço”, que exerce a solidariedade e o respeito ao cidadão, seu próximo, como uma forma de amor.

O País presenciou mais uma vertente das ações humanas.
Lamentável. (ilhéus, 18/4/2010)


ISRAEL MENDONÇA!

NOVENTA ANOS... QUANTA HISTÓRIA!

Transporto o pensamento para tempos passados e relembro uma construção.
A construção de um órgão que realizou os sonhos de homens públicos, abrindo as janelas para um futuro que, depois, não foi cuidado com vontades grandes e ações firmes.
Vivenciando a história tão esquecida do Instituto de Cacau da Bahia, paro na vida de um homem que, amanhã, festejará 90 anos.
Por que lembrar de Israel de Almeida Mendonça?
Pela história de sua vida – num período, que se mistura com o órgão que dirigiu!
Por sabê-lo maestro de um marco que foi o cinqüentenário do órgão que desbravou estradas, transformando-as em vicinais e deu à toda região grapiuna o vislumbre e a realização de desenvolvimento e aplaudir a grande programação de 8 de junho de 1981, também esquecida....
Como esquecê-lo?
Cinqüenta anos do Instituto de Cacau da Bahia!
A criação do selo institucional comemorativo, a monografia de Angelina Nobre Rolim Garcez, a valorização dos artistas de Ilhéus com o espetáculo O Homem e o Cacau, exposições,apoio ao Projeto Pixinguinha da Funarte e tantos outros eventos, que deveriam ser gravados e cravados na memória de todos.
Mas, como as pessoas esquecem!
Por isso, lembrar de Israel Mendonça, que amanhã festejará 90 anos!
Das vezes que se fez presente nos municípios que procuravam o ICB! Pela presença no PACCE, CNPC en tão querida FESPI, que além da verba que lhe era destinada, recebia bolsas de estudo para seus funcionários.
Mas, as pessoas esquecem!
Por que Israel Mendonça?
Por lembrá-lo com sua presença educada, silenciosa, voz baixa que unia as ações do presidente de um órgão solidificado em construções à experiência de engenheiro que construiu tantas obras na cidade de São Jorge dos Ilhéus!
Por recordar, com saudade, de tantas passagens que se misturaram com a história da cidade e estão adormecidas pelo esquecimento e omissão de quem podia gritar e ficou amordaçado.
Noventa anos! Que bom festejar nove décadas, Israel Mendonça!
Que bom sua família tê-lo no convívio diário, estar com sua presença para poder, com gestos, dizer da imensidão de sentimentos que guardam n’alma.
Que bom, seres que formam a família de Israel Mendonça tê-lo com vocês!
Daqui, do sul da Bahia, vivenciada nas lembranças que me fizeram crescer, abraço a vida do homem que dirigiu o Instituto de Cacau da Bahia num momento enriquecedor, participando com outros homens do desenvolvimento da nação grapíuna e que, apesar de tantos esquecimentos, deixou história e ficou na história! (Ilhéus, 14/3/2011)