sábado, 12 de junho de 2010

Deus e a natureza...

Edição do dia 11/06/2010

11/06/2010 22h29 - Atualizado em 11/06/2010 23h48
Menino sobrevive na selva por oito meses com ajuda de macaco
Esse pequeno Tarzan foi encontrado por um pescador. Para sobreviver, Fernando bebia a água e comia a polpa do coco verde. Ele se alimentava também de um caramujo grande.
Beatriz Thielmann
Ilha de Príncipe, África

Duas ilhas formam um país inteiro: São Tomé e Príncipe. Para onde quer que a gente olhe percebe-se que os deuses da criação deixaram no local uma assinatura definitiva, a de que não há limite para o belo.
Mal se vê o país no mapa. Ele é tão pequeno e tão fascinante, encravado na costa da África Ocidental, cercado por todos os lados pelo Oceano Atlântico.
Todo o território de São Tomé e Príncipe mede pouco mais de 1.000 km2 que hospedam um santuário no continente africano: uma floresta equatorial. É a mistura perfeita de tons que contrastam com as rochas vulcânicas. As praias estão entre as mais bonitas do mundo.
E as matas, intocadas desde que os portugueses descobriam essas ilhas em 1470, guardam um tesouro. O país africano, de 160 mil habitantes que falam a língua portuguesa, é cheio de encantos e mistérios.
Agora, contaremos uma estória incrível. Até parece ficção, saída de um livro de aventuras infantis. Quem nunca ouviu falar no menino Mogli - o garoto criado pelos bichos em uma das florestas mais fascinantes do mundo? E o Tarzan? São lendas que encantaram gerações e mexeram com a nossa imaginação, mas a aventura que descobrimos nessas ilhas é pura realidade.
O cenário é uma floresta africana. O personagem é uma criança, um menino que com apenas 8 anos teve que enfrentar desafios quase impossíveis de serrem vencidos para sobreviver: mata fechada, medo, bichos que ele nem conhecia, escuro da noite, gritos que ninguém escutava. Durante oito meses, Fernando ficou perdido na floresta.
Pela primeira vez, depois de três anos, o garoto concordou em voltar ao lugar de tantos pesadelos. O acesso requer coragem. A estrada vira caminho, vira atalho, vira desafio. Duas horas e meia depois, chegamos ao ponto onde tudo começou.
O menino nunca tinha visto um boi: animal raro na Ilha de Príncipe. “O boi começou a ir para a mata e comecei a acompanhar boi”, lembra Fernando Neves Umbelino, hoje com 11 anos.
E a curiosidade dele se transformou em um desespero. “Ele foi com o boi a uma longa distância e não conseguiu regressar. Passamos dia e noite à procura dele”, conta Frederico Neves Umbelino, irmão de Fernando.
E nada. Os moradores da cidade, a equipe de resgate: todos foram ajudar nas buscas. “Procuramos durante duas, três semanas, e não o encontramos”, revela Frederico.
Fernando conta que, no princípio, quando viu que estava perdido, ele gritou pelos irmãos e que ninguém escutava. “Sentia vontade de ver meu pai, minha mãe, meus irmãos. Chorei muito. Eu pedi a Deus, ao anjo da guarda para estar com a minha mãe”, diz o menino.
E assim foram os 240 dias e noites que ele passou isolado. “Eu procurei bastante o caminho, mas não consegui ver”, afirma Fernando.
Ele ainda revela que, na hora de dormir, se escondia debaixo de uma pedra. O irmão Frederico conta que a família sofreu muito com o desaparecimento de Fernando: “foi muito difícil. Não comia, passava a vida a chorar”.
Fernanda Neves Umbelino, a mãe do menino, conta os momentos em que mais se lembrava de que o seu filho estava na floresta: “no momento em que eu ia para cama, não via ele ir para cama, e no momento de refeição, em que colocava a mesa e sentia falta dele”.
Mas Gervásio Umbelino, o pai de Fernando, nunca perdeu a esperança: “eu nunca tirei a chave da porta da minha casa, principalmente à noite. A chave estava sempre na porta. A qualquer momento, ele podia aparecer e podia calhar de não estar ninguém em casa, mas, com chave na porta, ele conhece a casa muito bem, ele podia chegar e entrar”.
Na floresta, as lembranças do menino vêm à tona. Fernando faz questão de mostrar como se acomodava quando escurecia. Ele se encaixa com facilidade entre as pedras cheias de limo. Como sempre estava à procura do caminho de casa, trocava de pedras com frequência.
E como nas revistas em quadrinho ou nos desenhos animados, Fernando encontrou na floresta um amigo inseparável: um macaco.
O menino conta que o animal não saía de perto dele, ficava por perto o dia inteiro e a noite toda. O macaco trepava no coqueiro, pegava coco, quebrava o coco e dava para o menino.
Fernando bebia a água e comia a polpa do coco verde. Ele se alimentava também de um caramujo grande, que nasce nos troncos das árvores. Hoje, na vizinhança, ele é conhecido como o pequeno Tarzan. Não faltou valentia para honrar o título.
Quanto mais Fernando tentava achar o caminho de volta, mais ele se distanciava de casa. Um dia, chegou a uma praia selvagem, totalmente deserta, até que avistou um pescador e levou um susto. “Senti medo de ele fazer qualquer coisa má”, revela o menino.
Medo e espanto também foram as sensações do pescador Inocêncio dos Prazeres, quando viu de longe o garoto: achou que era assombração.
Eu rezei um ‘Pai Nosso’. Comecei a pedir Deus, pedir Jesus Cristo para me ajudar, me dar coragem para chegar perto do menino. Ele saltou de uma ponta a outra e fez um pulo igual a um macaco. Ele não queria que eu chegasse perto dele. Quando segurei ele , ele estava só limo”,
Quando foi encontrado, as roupas de Fernando estavam só trapos. “Ele estava com muito medo. Eu também tive medo”, afirma Inocêncio.
Fernando teria virado o menino da selva? O primeiro a receber a notícia de que ele tinha aparecido foi o pai. A mãe precisou de calmante. Os pais lembram a volta do menino à cidade: “quando chegamos, a praça estava uma multidão. Ele olhou e começou a rir. Mas foi lá que lágrimas começaram”.
Lembrar o reencontro com o filho, naquele dia, traz de volta momentos de dor e de alegria.
A estória de Fernando não termina aí. A aventura revelou o que para muita gente deste lugar ainda era desconhecido: o poder da comida de cada dia dessa população. Quando voltou para casa, nem desnutrido o menino estava. A mãe não tem dúvida. A razão da resistência física ela nos mostra no terreiro de casa.
“Eu faço comida com folha de maquequê, folha de matabaleria. Dou fruta, dou banana”, afirma Fernanda Umbelino, a mãe do menino.
Seria este o segredo da força de Fernando? A aventura do menino na selva pode criar um novo capítulo na história da medicina. Cientistas não conseguem entender por que o garoto não contraiu malária.
Uma hipótese: o maquequê que ele comia todos os dias, em casa, pode ser uma espécie de vacina natural contra a doença. Será que este povo terá descoberto, sem saber, o princípio da comida medicinal?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cecília Meireles - poema publicado na Revista Festa de 1927 (com ortografia vigente na época)

Volvi os olhos para dentro
Extendi os braços sobre o mundo,
- E o meu coração fluia sobre as creaturas
Como um rio perenne...
E eu era uma fonte serena, a perder-se...

Em todas as coisas que havia,
Não havia mais nada de mim:
Nem lembrança da minha figura!
Nem notícia da minha passagem!

E eu me sentia tão longe...

Mas ru ainda eras muito mais para lá,
O' terra das victorias perfeitas!
E o esforço de te alcançar me levantava
Tão firme, tão alto, tão em dôr
Como uma grande montanha barbara,
De pedras asperas,
Muda,
Amarga,
Sem ninguém...

quinta-feira, 10 de junho de 2010


(Madona com Menino Jesus, de Cândido Portinari)


A MULHER E O SER AMADO QUE ESTÁ LONGE.


Como impulsionada por um desejo interior e incontrolável Ela para na tarde para vencer seus instigantes pesadelos momentâneos. Como gladiadora utópica, que precisa vencer suas lutas interiores, sente a fome dos poetas que precisam do invisível para alimentar a sua alma,porque precisa ser forte.
Conseguindo fixar o pensamento inebria-se com a cor dos céus e com a hipnótica imagem que a natureza joga em sua totalidade para quem quiser.
Veemente na vontade de mudar os ares, situações e pessoas, porque o tempo é curto, Ela busca a tão aguardada resposta que só poderá chegar dos céus. E acredita! E busca ajuda num ser que também acredita na luz para fortalecer o seu amado que está tão longe.
Chora todos os prantos contidos no coração porque não tem com quem dividir a angústia do ser amado tão longe, que estende as mãos pedindo ajuda e grita gritos silenciosos e doídos,porque precisa soltar os grilhões repentinamente aparecidos.

Na tarde fria, numa solidão pela dor aguda, que lhe completa, a Mulher, em pensamento e na crença da atração pelo campo magnético apascenta as dores e o desespero do amado ser que, de longe, pede ajuda estendendo as mãos...
E sofre as mesmas dores, sente o peso do desespero,chora as mesmas lágrimas, porque o ser que lhe é ligado espiritualmente precisa voar pelo dom, vencer os feios olhares e voar para pousar em chão firmado pelo talento pisando em terras longínquas, que já lhe abre portas, escancara janelas e lhe aponta o infinito como boas vindas.

Na fria tarde que embaralha seus pensamentos, Ela segura na firme sintonia com os deuses e heróis invisíveis que tentam lhe afogar.
Busca forças na voz sofrida e trêmula do amado ser que está longe e, segurando sua dor, recebe energia para dizer ,como Kurosawa, que a luz existe para clarear o túnel...e que as águas limpam tudo...

A tarde fria que fica propicia à alternância térmica do ser e da alma, impulsiona ao contrario, a Mulher que sente as mesmas dores de anos atrás,porque é preciso parir tantas vezes forem necessárias, para acalmar o ser amado que está tão longe... E sente prazer na dor para parir a calmaria que ele precisa.

Na tarde fria que inebria e acalanta seu desespero, a Mulher ouve o que acreditava que escutaria e escuta o que queria ouvir.
E chora um pranto novo porque feito de paz.
E, de longe, abraça como pela primeira vez foi feita, o ser amado que permanece perto de seu coração.
E agradece aos céus e retoma a caminhada bruscamente interrompida, porque precisava parar para fortalecer a sua fé.

quarta-feira, 9 de junho de 2010


ORAÇÃO A SANTANA


Virgem Maria, Nossa Senhora do SS. Sacramento, "belo Sacrário de Deus entre os homens", Mãe de Cristo e nossa Mãe, rogai por nós. Dai-nos um ardente amor pela Eucaristia, "belo sol da Igreja".

Renovai, sem cessar, em nossos corações o espírito de ação de graças, de adoração e de louvor.

Vós, que sois o Modelo de fidelidade no amor, ajudai-nos a nos tornar, pelo Espírito Santo, uma oferenda viva para a glória do Pai e para a salvação do mundo. Fazei de nós testemunhas alegres e apaixonadas de Jesus Cristo.

Atraí, para Ele, numerosos adoradores para amá-Lo e fazer que O amem em sua Eucaristia, fruto da árvore da Cruz.

Conosco, rogai ao Mestre da seara, enviar-nos operários para que seu Reino venha, e todos os homens possam comungar, um dia, o Pão que dá a vida eterna.
Amém.


PRECE A NANÃ
Mãe protetora de todos nós. Senhora das águas opulentas. Deusa das chuvas benévolas. Deixa cair sobre nós a chuva divina da tua bondade fecunda e infinita. Salubá Nanã Buruquê! Purifica com tuas forças nossa atmosfera para que possamos ser envolvidos pelos teus olhos maravilhosos. Salubá Nanã Buruquê! Salubá!

Oração ao Pai Oxossi

Meu pai Oxóssi!
Vós que recebestes de Oxalá o domínio das matas, de onde tiramos o oxigênio necessário á manutenção de nossas vidas durante a passagem terrena, inundai os nossos organismos coma vossas energia, para curar de nossos males!
Vós que sois o protetor dos caboclos, dai-lhes a vossa força, para que possam nos transmitir toda a pujança, a coragem necessária pra suportarmos as dificuldades a serem superadas!
Dai-nos paz de espírito, a sabedoria para que possamos compreender a perdoar aqueles que procuram nossos Centros, nosso guias, nossos protetores, apenas por simples curiosidade, sem trazerem dentro de si um mínimo da fé.
Dai-nos paciências para suportarmos aqueles que se julgam os únicos com problemas e desejam merecer das entidades todo o tempo e atenção possível, esquecendo-se de outros irmãos mais necessitados!
Dai-nos tranqüilidade para superarmos todas as ingratidões, todas as calúnias!
Dai-nos coragem para transmitir uma palavra de alento e conforto aqueles que sofrem de enfermidades para quais, na matéria, não há cura!
Dai-nos força para repelir aqueles que desejam vinganças e querem a todo custo magoar seus semelhantes!
Dai-nos, enfim, a vossa proteção e a certeza de que quando um caboclo, num gesto de humildade, baixar até nós, ali estará a vossa vibração! (http://povodearuanda.wordpress.com )

ORAÇÃO A SÃO JORGE

Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no corpo meu se derrame hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.
Armas de fogo o meu corpo não o alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça, a Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu Sagrado e divino manto, me protegendo em todas minhas dores e aflições, e Deus com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor, contra as maldades de perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge, em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, e em nome da falange do Divino Espírito Santo, me estenda o seu escudo e as suas poderosas anulas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas sua más influências, e que debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar.
Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
Amém.

segunda-feira, 7 de junho de 2010



"Ó gloriosa Mãe guerreira, dona das tempestades,

Protegei-me eu e minha família contra os maus espíritos,

Para que eles não tenham forças de atrapalhar minha caminhada,

E que não se apossem da minha luz.

Ajudai-me para que as pessoas más intencionadas

Não destruam minha paz de espírito.

Mãe Iansã, cubra-me com seu manto sagrado,

E leve com a força dos seus ventos tudo que não presta para bem longe.

Ajudai-me na união da minha família, para que a inveja

Não destrua o amor que há em nossos corações.

Mãe Iansã, em vós eu creio , espero e confio!

Que Assim seja e Assim será ! "

Oração a Nossa Senhora da Conceição

Virgem Santíssima,
que fostes concebida sem o pecado original
e por isto merecestes o título
de Nossa Senhora da Imaculada Conceição
e por terdes evitado todos os outros pecados,
o Anjo Gabriel vos saudou com as belas palavras:
"Ave Maria, cheia de graça";
nós vos pedimos que nos alcanceis
do vosso divino Filho o auxílio necessário
para vencermos as tentações
e evitarmos os pecados e,
já que vós chamamos de Mãe,
atendei-nos com carinho maternal
e ajudai-nos a viver como dignos filhos vossos.
Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós.


"Quando a tristeza invade meu peito eu clamo:OXUM
Quando as lagrimas invadem meu rosto eu clamo:OXUM
Minha poderosa mãe do espelho e das águas Minha rainha soberana da doçura e do amor Tenha piedade dos que sofrem e choram
Que o tempo do seu rio se apresse em trazer a esperança e a alegria.
Minha senhora dona dos céus azuis das pedras,dos seixos,da beleza e das águas límpidas como a paz.
Que o seu espelho revele a sorte nos meu passos errantes.
Que suas mãos frágeis e delicadas sejam o conforto em minha caminhada.
Que eu seja bendito no seu coração de mãe!"

PAUL BRUNTON:

PAUL BRUNTON:
“Pensemos num ponto colocado sobre uma folha de papel em branco. A geometria define ponto como sendo uma posição sem grandeza, portanto não tendo qualquer dimensão. Vale dizer que o ponto não contém nada no seu interior e que não há lugar para ser colocado alguma coisa dentro dele”. “Nessa análise ver-se-á que o ponto não é um absoluto espacial e por isso o espaço, tal como o exposto, ele ao mesmo tempo existe e não existe”.
"Aceitemos o convite, sempre aberto, da quietude. Experimentemos sua singular doçura e atendamos à sua instrução silenciosa."
"No ritmo intenso da vida moderna, a conquista da paz interior torna-se uma necessidade"

domingo, 6 de junho de 2010

RELER O QUE SE ESCREVEU ONTEM...E SENTIR SOLIDÃO, NOVAMENTE...

É POSSIVEL SENTIR SOLIDÃO NUMA NOITE LINDA NO RIO DE JANEIRO?

Estar no Rio de Janeiro e sentir solidão é possível? Claro que sim!Hoje estou só...não só ausente de companhias, mas, uma solidão quente, querente e impossível de tangê-la.Uma solidão cheia e enriquecedora, porque pensante...
Ouço Modinha com Gabriel (violão) e Joana Queiroz (clarinete),numa intimista interpretação que dá mais nó no coração...
Por mim passam tantas coisas pela mente...
Que lamento bonito, som suave, corda e sopro. Que saudade! Saudade antecipada,porém, encantadora, porque já é falta de presença,mas,felicidade,porque será crescimento de um amor especial.
Saudade de mim, que um dia me perdi de minha essência, porque acreditei que as pessoas não se transformam no sentimento quando crescem,mesmo sendo um outro amor especial.
Solidão para pensar, colocar idéias amestradas...Solidão pelo medo de ter mudado e não aceitar, adiante, braços abertos,mesmo de seres especiais...
Solidão de vozes, risos, encantos e barulhos...
Solidão das certezas de que frestas iluminadas se tornam amplidão de luz e rumam para o espaço onde não há lugar para querências menores e demonstração de amor,porque acreditam ser grandes e esquecem que tudo é essencial...
Solidão de reconhecimento dos lugares afetivos que se esvaem, das ternas ações que criam elos e, pasma, reconheço aqui, numa noite bonita no Rio de Janeiro, que eles são vulneráveis e podem, e como podem!, ser rompidos.Basta-se apenas que se abra a porta para desconhecidas pisadas e invasão nas entranhas de quem, um dia, foi criador e não reconhece mais a criatura...
Saudades, tantas saudades!
É possível sentir solidão numa noite linda no Rio de Janeiro? Sim, como é possível!
Mas, a canção, em corda e sopro, que me encanta e vai crescendo no espaço que me acolhe, me dá a leveza para entender os desamores, mesmo que eles cheguem por quem a gente não espera,mas, os recebe como num abraço,porque são conscientes, logo,certeiros e direcionados.

Ana Virgínia Santiago
Rio de Janeiro, terça-feira, 10 de Junho de 2008.
AS OBSERVAÇÕES DA MULHER QUE CAMINHA NA MADRUGADA.

A Mulher que caminha pelas manhãs tem o que contar de suas andanças pelos campos, ruas, jardins e calçadas...
É só querer ouvi-la.
Observa a primavera em sua grandeza colorindo a estrada, com tons e nuances diversos e reverencia a Presença de Deus pelo caminho. E questiona ao seu coração, por que nem todos as pessoas que passam pela estrada, observam a beleza de cada árvore, das casas humildes que iniciam o dia com seus moradores abrindo os braços para os céus, indo ao trabalho, crianças buscando o saber, nativos em suas diversas características e a estação encantada apresentando suas obras:flores, árvores, cores e cheiros.
A cada manhã, o milagre da vida impõe a sua grandeza!

A Mulher que caminha para o labor,na manhã iniciada, sente a alegria contagiante dos agraciados com a beleza, porque tem a oportunidade de ver a vida pulsando cedinho, muitas vezes,a neblina estimulando a precaução,em outras, a história de vidas e famílias andando pelos acostamentos com suas mães protegendo os filhos em direção às creches e às escolas rurais,para não serem continuação com suas heranças de desinformação e vendas no cognitivo.

A Mulher que anda pela manhã, às vezes, passa pelo espaço urbano e vê pessoas cuidando da saúde, grupos formados que preservam o roteiro ano após ano, jovens entendendo o valor da vida saudável e inúmeros cumprindo as metas orientadas pelos homens da saúde.
Tudo reporta ao viver!

A Mulher que caminha na manhã que surge tem as suas conversas interiores, pede proteção a quem acredita e ninguém vê, conversa com seu coração todas as mágoas que lhe deixaram marcas, numa forma de exorcizar as dores que não querem ir embora e aplacar as ausências que lhe afetam e lhe fazem tantos males.
Ela tem um ser encantado dentro de si que lhe conta mistérios, lhe faz afagos com doces versos, canta as canções que esqueceram de lhe ensinar e direciona seus pensamentos sempre para a linha da serenidade.Ele habita em sua essência e brinca de esconder para que ela sorria, quando as lágrimas estão intensas.

A Mulher que caminha na manhã que lhe guia para o labor, observa...observa...observa e se cala.
Receber São João e Copa do Mundo de look novo!!!!! rs



UMA MULHER, A SOLIDÃO, O EFÊMERO E A AVENIDA PAULISTA.

O início de uma noite de fim de inverno em São Paulo marcava a sua rotineira função: garoar, garoar, garoar...
Do táxi, a Mulher olhava os transeuntes que percorriam a longa avenida...
Num momento estressante de carros e pessoas, o chuvisco beijava a alma de tantos seres que, passos apressados, tinham compromissos e não podiam parar.
A Avenida, centro nervoso da cidade, já era despedida de final da tarde, iluminando-se em toda a sua extensão, traduzindo a “loucura” de uma cidade que não pára...
Por que tanta pressa?
O que aquela Mulher, enquanto ia para o seu destino, espreitava do táxi, paralisando o seu olhar?
O que a tornou tão pensativa? O transportar pensamentos, abraçar idéias, embalar emoções ou o amparo do seu espírito tão angustiado e extasiado de momentos novos?
O que inibia de tanto silêncio a Mulher, quando a sua alma gritava pelo novo, pelas descobertas feitas e pela vida tentando acordá-la, congelando o seu olhar?
O que ela olhava tanto? O que lhe despertava tanta atenção?Por que as imagens imediatistas daquela longa avenida adormeceram em sua alma aquele momento em que a garoa insistia em permanecer, impedindo-a de andar, andar, andar, lavar o rosto e a alma? O que a fazia estática dentro daquele táxi?
O que a Mulher viu?
Ela viu e conheceu naquele instante único todas as respostas para a sua vida questionadora.
Viu na longa avenida que não pára, numa transversal, uma mulher contrastando com tudo que a Mulher( de dentro do táxi) estava vendo naquele momento e respondia às suas indagações silenciosas: mãos nos bolso do longo sobretudo negro, uma figura feminina iluminava toda a Avenida. Cabelos molhados pela chuva fina, passos lentos, como se a paz estivesse habitada em sua essência, parava, aguardando, no semáforo, o momento de prosseguir.
A Mulher, de dentro do táxi, acompanhou, com o olhar aquele ser sumindo na Avenida, na longa Avenida da cidade que não pára, sozinha, com seus lentos passos (que divergiam dos outros seres apressados), introspectiva figura, numa solidão tão linda e num momento único que, sem saber, havia mostrado à Mulher que espreitava do táxi, o efêmero da vida!
Emocionada, guardou aquela imagem.
Mas, a feminina figura solitária, mãos nos bolsos do longo sobretudo negro, que caminhava com passos lentos, ficou guardada para sempre n’alma da Mulher que, de dentro do táxi, olhava os transeuntes que seguiam seus destinos na grande Avenida da cidade que não pára.

Ana Virgínia Santiago

Existe presente maior? Bárbara foi à minha sala no trabalho e deixou recados no quadro. Maravilha total!!!!



DAR UM TEMPO PARA O TEMPO...
Ana Virgínia Santiago



Dar um tempo,
para o tempo de pensar,
rever atitudes,
abrir gavetas emocionais
e acariciar lembranças que fizeram bem.

Dar um tempo para o tempo de recomeçar!

Dar um tempo,
para o tempo de olhar para trás,
apagar passadas incertas,
Abrir as mãos em conchas para abrigar energias tão ansiadas e
Espiar nas “janelas drummondianas” as esperanças que foram esquecidas.

Dar um tempo,
para o tempo ser modificado em fênix
e ressuscitar os sonhos que foram pisados,
transformar as pessoas que foram escolhidas de forma errada, em estátuas de sal,adormecê-las...
e voltar a ver outros seres que foram esquecidos por conta de utopias.

Dar um tempo,
para o tempo de retroceder,
avaliar atitudes que poderiam ser certas,ficaram impossíveis de sobreviver, mas, abrigaram a insensatez de raciocínios frios e insensíveis.

Dar um tempo,
para o tempo buscar a menina que foi enganada,
traída em seus sentimentos e em seus ideais e
Fazê-la (re)encontrar outros olhares, que habitam em outros céus, em outros mundos e foram vedados para seu entendimento.


Dar um tempo,
para o tempo de abrir janelas para que as frestas de luz ganhem o mundo,
Dar um tempo
Par ao tempo de voltar ao enternecimento das emoções bloqueadas pelo desamor,
De Interpretar as inúmeras palavras que não são esquecidas...
Dar um tempo
Para o tempo de conjugar verbos malditos e inaceitáveis
E aprender as lições rudes e traiçoeiras.

Dar um tempo,
para o tempo de frear as angústias,
Conter as tristezas,
Dar cores às saudades
Florescer as recordações, fazendo-as brotarem no coração entristecido.

Dar um tempo,
para o tempo amenizar as ausências de caráter,
Amparar as ações malévolas,
Fortalecer o campo que magnetiza e produz energia,
Para enfrentar quaisquer males que possam surgir.

Dar um tempo,
para o tempo de questionar por que tantas atitudes vãs,
tantas máscaras inúteis e inexpressivas
se quem as usam já são autênticos vilãos
e suas passadas já mostram os vãos dos absurdos?

Dar um tempo
Para o tempo de mudar de vida
Pisar novo chão
Enriquecer outras paredes
Satisfazer sonhos antigos
Poder criar, enfeitar, colorir
sem cárceres, sem impedimentos, sem recados destorcidos.




Dar um tempo
Para o tempo das despedidas
Do eternizar passadas frágeis, olhares perscrutadores, pedidos mudos pelos encanecidos contares de vida...
Para o tempo de colher, como caçadores de borboletas,
Os vôos do absurdo proustiano mundo perdido de quem sempre abriu caminhos, dizimou obstáculos e alçou velas brancas...

Dar um tempo
Para o tempo de esquecer
Tudo que faz mal
Tudo que foi doído
Tudo que machuca
Tudo que macerou a alma

Dar um tempo!