sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O LAMENTO DA MULHER QUE ESPIAVA PELA JANELA E VIU A LUZ.

Escancarar a janela para ver a vida que passou e que em cegueira total não foi permitido encarar a realidade.
Talvez o que sentiu não foi enxergado e ficou sem sentido, impedindo a visão do mundo e das pessoas e levando a sua alma ao caos.
Talvez por isso será preciso refletir muito (pois tem pouco tempo), pensar no que não teve tempo de construir, no que ainda poderá fazer, acertar no que deixou errar e sentir a alegria de olhar e ser olhada, simplesmente.

Escancarar a janela para respirar a vida em seu amor maior que é o sentimento nascido, ramificado e eterno. E, mesmo que fique não fique mais presente, esse amor ficará nas ausências, porque o que se cria com certezas não se abre crateras para esconder.

Escancarar a janela e ver a vida passar de forma mais ampla e iluminada. E esquecer que a espiava pela janela com medo de aparecer e nunca ter sido vista, apenas olhada.
Escancarar a janela, deixar a luz entrar, fechar caixas, abrir armários e juntar os trapos que restaram do seu cotidiano e refazer a vida. Fazer do patrimônio intelectual que com muito amor cuidou, novas raízes para outros seres que gostam de aprender. E sentir saudade feliz,pois homens e mulheres deixaram idéias para serem divulgadas e serão preservadas.

Escancarar a janela e sair do drummoniano espaço que vivia para conhecer a luz da esperança, da valorização, do sentimento humano, da querência e da afetividade.
Porque ainda existe tempo para abrir portas e janelas das varandas,mesmo que as ações sejam realizadas em total solidão.

Escancarar a janela do mundo que me feriu, respirar a saudade que sentirei do paraíso que me fechei e não abrir o coração para culpas por não ter aprendido a cuidar do mundo inteiro oferecido às vidas que conviver, como o lendário Atlas.
Não temer ao escancarar a janela para ver a luz e se enxergar melhor. Não ferir o sentimento que ainda existe, não criar a alcunha de censores inexistentes que poderiam ser interpretados com chamados de presença.

Escancarar a janela e acordar, mesmo que no meio de uma noite, chorando de saudades do que acreditou e não existiu. Porque o sonho é real para quem o cria.
Escancarar a janela e inebriar de luz todo o ser para não me perder e não ver fugir o encanto.
Escancarar para preservar os cheiros que compõem a vida, para soltar os gritos que me deixaram rouca e encarar os meus anjos entristecidos que querem me colocar no colo.

Escancarar a janela que me oprimia e fechar meus olhos para me acostumar com a luz que entra no espaço que ficou tanto tempo fechado e não me assustar quando a realidade dos dias que passam começar a sangrar.
Ver que a Faxineira de Ilusões poderá me ajudar e aspirar, limpar e aspergir tudo que me angustiou e alertar ao meu coração o que Gullar profetizou, “ essa não é apenas mais uma dor, é meu mundo vazio que tenho que carregar dentro de mim”.
Escancarar a janela e não mais espiar. Não desistir de mim.
24/09/2009.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O VOYEURISMO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Após um grande descanso, retorno ao meu trabalho.
varrer...aspirar...limpar...polir... banir...
Sou uma faxineira! Faxino ilusões para transformá-la em vontades realizáveis.
Volto à casa que me dá condições de entender muitas coisas da vida, de enxergar tantos fatos que nem pensava existir...
Quem é essa mulher que reencontro num ambiente tão meu conhecido, que escreve,olha fotos,relembra, chora, sorri, fica triste, fala(escrevendo!!!) com seres invisíveis, consegue colocar vivas, algumas mulheres-poetas que já se foram através de diálogos imaginários e continua com a mesma essência na alma, com o mesmo amor incontido e encantado?
Por que está lendo...lendo...lendo uma única frase: “a bordo de sua vida, me fiz um passageiro eterno” e conversa com uma Menina, que não consigo enxergar?
Que força invisível envolve essa mulher que não consigo ver com quem ela fala?
Escuto...Perscruto...Enterneço o meu coração de mulher sofrida e de mãos calejadas pelo trabalho e espio pela porta de seu canto preferido...
Com quem ela conversa? Por que desabafa tanto para quem não vejo? Quantas interrogações a escondem de mim?
Quem é a menina que a ouça tanto chamar?
Sou faxineira...Mas, preciso saber.
Sou faxineira, mas...
...Como é que posso varrer... aspirar...limpar?
...Como é que eu posso sair varrendo desesperanças, limpando dores anímicas, aspirando saudades insuportáveis que modificaram essa mulher que eu espio?
Quem é essa Menina?Que encanto tem, para “prometer” à lua tantas coisas?
Quantos enigmas preciso decifrar para poder entender essa mulher que agora não conheço mais?
Sou faxineira...
Preciso varrer... Limpar... Enxugar.
Mas, é preciso escutar, escutar, escutar!E ser “voyeur”...
Como ser faxineira, se não posso limpar sentimentos, abrandar a solidão e a saudade que se agigantam no coração dessa mulher?
Como?
Se tudo que a alma abriga, requer cuidados especiais só possíveis, para quem tem permissão e são apenas dois? Se presencio a mulher que fala com uma Menina e sente um amor grandioso, capaz de sobrevoar a capacidade humana e faz do sofrimento a força necessária para prosseguir?
Como ser faxineira, se não posso banir o que aflige tanto essa mulher?
Escuto, ouço o diálogo (imaginário? real?) dessa mulher com a menina que não vejo...
Quem é você, menina, que um dia lhe contou a história da ludicidade do amor e hoje foge de uma verdade tão latente, deixando sinais de saudade, dor e angústia e deixa a mulher no caos?
Em que mundos se situa a sua essência, que teme o descontrole de um sentimento tão grande, que reconstrói e refaz a alma?
O que lhe angustia?
Por que não descansa na perenidade desse querer e deixa as turbulências assentarem, os dias (mesmo que, no momento, esteja com desesperanças) passarem, pois está respaldada na poesia que chegou e, então, aguardar novas fases?
Onde está, que esquece tudo que leu, as promessas feitas sob e sobre a lua e dilacera um coração?
Por que insiste em se esconder de sua vida que lhe pede um pouco de atenção e tem forças para lhe reanimar?
Quem é você, menina? Cadê a branca-de-neve de Gullar, que não escuta o recado dele e de mais alguém? “A vida bate”, como diria o poeta alagoano.
Em que lugar está adormecida, que não escuta as próprias palavras sobre o último momento de entrega absoluta?
Como fecha os olhos para não ver Vênus?
Como esquece da declaração que fez à lua, dela ser a sua esperança de reencontrar o que lhe foi negado durante toda a sua caminhada?
Quem é você, menina?
Por que deixa ficar triste essa mulher que tanto lhe protegeu?
Como ser faxineira, se não posso limpar as dores dela que chora saudades diferentes e sente a lancinante dor da solidão destruindo suas entranhas?
Preciso retornar ao meu trabalho, fechar a porta que me lançou a um mundo de poesia e utopias para não perecer.
Preciso varrer...aspirar...limpar...polir... banir...!
A SAUDADE DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Enchendo a alma de enternecimento, Ela buscou a esperança naquelas nuvens que ensaiavam um dia de paz.
Talvez por ser uma habitante de Vênus, que possui a dualidade simbólica (Estrela da manhã e Estrela da tarde), e, como uma pastora nômade buriata, acredita que esta Luz é “ o pastor celeste guiando o seu rebanho de estrelas”..., Ela buscou a tranqüilidade necessária para alimentar o seu dia e recordou da Menina, que também veio de lá.
Por estar em estado de saudades amadas, lembrou de imagens passadas, de seres infantes que eram diversão, alegria, festa na afinidade e na harmonia da troca, na comunhão afetiva que fazia de todos eles encanto, graça e amor, muito amor.
Lembrou da Menina que não está mais por seu povoado, da eterna enluarada que olhava para os céus e ensinava, a todos, o poder da celestial imagem que encantava e estimulava lendas, até mesmo, abrigando um cavaleiro real dizimando o dragão...
Lembrou tanto... de Vênus que protege todos os seres que se alimentam de poesia e do invisível que existe; daquela Menina que é seu habitante e continua relacionando-se com o Anjo Amael, operando no âmago da alma o amor e suas relações sadias.
Lembrou do mágico sorriso que se estendia para seus olhos e que fez tantos amigos! E, num momento na história de sua vida, se perdeu da Faxineira.
Lembrou da Menina, uma autêntica pastora de Vênus! Uma Menina que agora é proteção e fortaleza para outros afins e que foi tão forte para o espírito da Faxineira!
Porque o dia irradiava luz e calor, a mulher que busca aspirar as desatentas ações desumanas, teve a nítida impressão da presença da Menina, habitante do mensageiro do Sol, para, como antigamente, ser seu amparo de paz.
E chorou as ausências que tanto lhe angustiam, porque seus recados silenciosos, só interpretados pela sintonia afetiva, agora não são mais ouvidos. Estão adormecidos no recanto dos sonhos que lutam com uma realidade que ela não gosta.
Porque o dia está abrindo caminhos claros e perfeitos, a Faxineira iniciou o seu labor, colocando alfazemas e essências nas ruas, nas praças e nos cantos do povoado para ajudar a limpeza que ele precisa.
Visitou ruelas, parou para reverenciar um templo de fé que lhe acompanhou anos e anos e visualizou a mulher que agora é quase infante, porque a vida lhe presenteou com um transtorno que a faz frágil.
E a Faxineira sentiu seu colo ampliar a carinhosa presença do amor para cercar o novo mundo daquele ser que, a cada dia, desenvolve um infantil crescimento nas ações, nas vontades E acolheu aquele dependente ser que busca respostas num olhar vago...
Porque o dia clareou mais ainda sua mente, Ela viu a necessidade de sempre criar estruturas no novo mundo da mulher, que agora é criança, para respaldar a sua alma de encantos e diversões.
O dever de ser magia e segurança para a Mulher-menina criou asas e deu forças para a Faxineira sorrir da saudade da Menina de Vênus que lhe encantou e lhe encanta e ficou em paz.
Na paz que o dia de sol lhe abraçou.

O CORPO FEMININO

( Paulo Coelho)


Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas.. mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!