terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mário Quintana

“A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão”

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ÍTALO CALVINO em "As cidades Invisíveis" :

"De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas as respostas que dá às nossas perguntas"

A PERPLEXIDADE QUE ADOECE A ALMA DA FAXINEIRA DE ILUSÕES.



Imagem:(Mother and child- Pablo Picasso)

“Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida”.
(Ferreira Gullar)

O nascer do sol convida ao abrir janelas, agradecer aos céus e reverenciar as gentes que são especiais.
Porque a vida é primordial ao crescimento que abre fronteiras espirituais, as pessoas precisam saber a obrigação que é velar, acalantar, embalar e vigiar o que lhe faz respirar,sentir, pisar, ver ou pressentir.
Porque a vida é dom especial, ela não pode ser banalizada.
As Mulheres e o Menino andam, calados, em direção ao mar.
O que entristece a Faxineira que, parada diante do templo marmóreo de fé impõe reflexão, observa homens, mulheres e infantes que invadem as calçadas? O que faz dela perguntas que não encontram respostas e buscas perdidas?
Por que o silêncio amordaçou as suas palavras impedindo-a de conversar com a Mulher que sai de sua reclusão e o Menino entristecido que ainda sorri, porque a infância ainda lhe dá as mãos?
A Faxineira que limpa indecisões e faz brilhar os sonhos anímicos, atordoada, chora as dores dos outros, das vítimas da violência e ambição, das traições e sub-reptícias ações,porque a vida está sendo banalizada e sacrificada numa dimensão que amedronta e impressiona.
Por que é tão difícil entender que cédulas e promessas não aplacam o remorso futuro, não apagam a dor, não limpam as mãos sujas de sangue, as mentes que projetam horrores e as dúvidas morais?
Por que a mente humana faz suas opções dando as costas para o livre arbítrio que Deus coloca no caminho de cada um?
O que faz um homem (homem?) dar golpes na vida de seres que guardam nova vida, fazendo calar as inúmeras canções de ninar e as expectativas de crescimento de sua extensão com brincadeiras de roda ou corridas de carrinhos que nunca irão acontecer?
Por que calam vidas que queriam cantar e brincar e foram ceifadas pela violência, por motivos escusos e maléficos?
O que impede a vida de ir, caminhar, sonhar, voar, voar, voar e não poder se defender?
O que bloqueia o sentimento o direito de preservar a sua bondade e ramificar afetividades, respeitos e bem querências?
Por que a vida está tão banalizada?

“Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida”.
(Ferreira Gullar)

“A vida já ganha e já perdida...”.

O que faz a inveja, o ódio, o mal querer e o desrespeito ampliarem suas ações e cravar punhais com negras e inesquecíveis máculas em tantas vidas que, agora, choram a dor, a saudade e a perplexidade?
O nascer do sol não impede que as duas Mulheres e o Menino sintam tristeza,porque a vida não está sendo tratada dignamente e o futuro de todos está sendo ameaçado pela indignidade.
A vida, ah! A vida! Ela é muito preciosa para ser banalizada.

FIRMINO ROCHA:

DERAM UM FUZIL AO MENINO

Adeus luares de maio.
Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte rufando
nos campos negros.
Agora são os pés violentos ferindo a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números o verso
ficou sozinho.
Adeus ribeirinhos dourados.
Adeus estrelas tangíveis.
Adeus tudo que é de Deus.
Deram um fuzil ao menino.

PAULO FREIRE:

"Caminhante, o caminho se faz caminhando"