segunda-feira, 26 de maio de 2008

A FAXINEIRA DE ILUSÕES E O REENCONTRO COM UMA MENINA.

A Faxineira a vislumbrou, reconhecendo a Menina...
De longe, abriu os braços numa infinita fraternidade que a comoveu.
Reconheceu a silhueta que, antes, acalantava a vida com canções de ninar, andando como se estivesse sob um fardo, porque agora não era mais a Menina, que um dia, cuidadosamente, carregara os sonhos nas mãos, como conchas para não caírem, pois virariam estrelas.
Veio em direção à Faxineira e, emocionada, sentindo o calor do abraço, fez tantas perguntas silenciosas, mesmo que,com a alma tão macerada,já sabia todas as respostas...
Parou diante da perplexa Faxineira, que, devido ao seu olhar atormentado, convidou-a sentar, pois o ser que um dia conheceu e tinha um sorriso só visto em seres encantados, não estava mais ali...
Em que lugar a Menina se escondeu?!
Estava diante dela, imóvel, a dualidade feminina: a Mulher que conheceu as dores humanas e não conseguia superar muitas delas e a tentativa de ressuscitar a Menina, que chorava o pranto dos fracassados.
Agora, a Menina estava ali diante da Faxineira, colhendo as lágrimas no colo para ainda sentir-se viva e, diante da grandiosidade das mãos afetuosas daquela Mulher - que varria traições jogando-as nos monturos e limpava ausências, transformando-as em borboletas coloridas para não fazer sofrer mais - sentiu paz.
Por onde anda aquela Menina que a Faxineira de Ilusões, muitas vezes carregava no cavalo alado passeando pelas constelações, descansando em Vênus, aplaudindo a Via Láctea, percorrendo os corredores estelares e ouvia os risos mais encantadores ecoando sob a sonoridade das palmas empolgantes por estar nos céus?
O que aconteceu com a Menina, guerreira amada que, contra tudo e todos, viveu na quimera de construções, que só ela acreditou?
Por que ela não enxergou que entre a sua vida habitava uma maléfica e desonesta idéia fixa que a trairia mais adiante? Por quê, Menina, você não falou dos seus sonhos ,antes de prosseguir em sua visão pura?

Por que a Menina não conversou com a Faxineira sobre a sua idéia de sonhos e fadas madrinhas para que pudesse ouvir que é tão fácil se enganar a pessoa que alimenta a ingenuidade e cultiva a poesia no coração?
Por quê, Menina?
Agora, o mundo dela desmoronou.
Tudo que acreditava, os projetos que elaborou, embora algum canalha nunca os tenha visto, voaram por temor e decepção das passadas traiçoeiras, de quem a usou por tanto tempo.
Agora, sua essência encantada por imaginários olhares cristalinos, manipulada até perecer, está desintegrada.
Passeiam sobre ela as ausências, os atos anuladores que a fazem viajar, cada dia mais, para a realização de sua meta mais importante: abrir os braços, voar para céus distantes e cantar suas canções que, outrora, acalantou a sua vida, que pode ser Fênix e renascer.
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Por quê, Menina você acreditou?

FÁCIL ASSIMILAÇÃO

Hoje um amigo pediu-me para definir a dor (ou uma dor?)...Respondi, com toda convicção: “Que coisa mais fácil. A dor pode ser definida com uma simples palavra: A C A B O U !!!!!"

UM CORAÇÃO AFLITO

O que não faz um coração aflito!
Mesmo que o domingo ensolarado, com o céu infinitamente azul esteja convidando à vida, ele continua em ebulição, traindo todas as formas de encantamento que a natureza oferece.
Os pensamentos nefastos acumulam-se, palavras ouvidas em passado recente (como pode, né? mas, existe, sim) vão tomando uma dimensão tão atual, parecendo que o Inferno de Alighieri chegou para ficar naquele instante.
O que não faz um coração doído!
Revira momentos massacrantes, extirpa da alma a dor que parecia adormecida, ressuscitando-a em total estupor .
Aí, a explosão do ser contido toma todo o espaço que a solidão, abusada, vai permeando para, vitoriosa, gargalhar dos incautos e amordaçados traídos , vítimas do mal-querer.
O que não faz um ser sentido!
Foge das perdas, emudece diante da vida que passa e esconde-se de todas as perguntas inevitáveis para não perecer de vez.
O que não faz um coração aflito!25/05/2008

sexta-feira, 23 de maio de 2008

FERIADO

É...o feriado de ontem deixou uma sequelazinha...Uma preguiça doida!!!!Vontade de ficar em casa e “devorar” os livros e dvds que comprei...re-ver-assistir Kurosawa , cada vez que o assisto , é com outro olhar। Vontade de dormir e acordar em outro momento, sem tensões nem saudades antecipadas pelo que virá...Vontade de estar em São Paulo como Gabriel está, curtindo o que é bom, convivendo com gente do bem e alimentando a alma .Talvez, em outras circunstâncias, curtindo, como Mariana, a bela Gramado,mas...
Vontades, tantas vontades...
Driblando a inércia deixada de ontem (Corpus Christi), cedinho, fiquei bordando as bolsas, que ficarão o máximo!!!!( quem gaba o toco...já diz o popular..rs), com fuxicos e paetês( eta, coisa boa de fazer e instituir a terapia maior).E cada ponto, cada pecinha colocada no colorido tecido, lá se vão sonhos acordados, desejos adormecidos, saudades de meus seres especiais...
É... o feriado de ontem deixou rastros.rs

quinta-feira, 22 de maio de 2008

POR QUE ESCREVER?

Por que escrever?
Sinto em mim infinitas formas de querer que provocam evoluções em minh’alma. Evoluções que podem significar motivos, estímulos ou momentos marcantes e doídos. Umas, querendo ser transformadas simplesmente em palavras, outras, apenas ditadas e confidenciadas somente ao meu coração. Algumas, porém, dando vontade de pedir emprestado ao anjo de Drummond, um lugarzinho no país de quem, é “gauche” e ser, algumas vezes, andarilha de caminhos desafiadores e de mágicos labirintos borgeanos até encontrar espelhos, ultrapassar a minha própria imagem parta ver mundos abertos e o encontro comigo mesma, no mesmo espaço que deu à Alice do país de Lewis Caroll, a certeza de sua essência.
Mas, por que escrever?
Sinto que há em mim, muitas causas para traduzir os desejos em palavras. Pode ser uma maneira de exorcizar algumas mágoas e frases que teimam em caminhar junto comigo, de esquecer as dores físicas que impulsionam o duelo do anímico com o físico, de descrever as sensações que explicam a vida, recordar palavras que podem transportar a ala para o enigmático mundo dos poetas, eternos sonhadores ou para o desencantado espaço criando por Dante num desesperado contar à sua amada Beatriz...
Por que escrever?
Para expor dores ou prazeres, tirar a agonia que impede a respiração e aperta o coração?para anestesiar lembranças que insistem em permanecer reais na mente ou pedir aos deuses uma pausa de sobrevivência?
Por que escrever?
O que estimula esse desejo de criar pensamentos, esclarecer dúvidas, atestar verdades que sobrevoam o espírito e afetam o corpo?
Serão as vozes, companhia constante de solidão, que chegam silenciosas aos ouvidos estimulando até atitudes, antes nunca tidas, numa espécie de gritos de alerta para não permanecerem enganadas? Ou a mágica da inspiração cedida pelos anjos ou mestres?
O que faz a vontade de escrever?
A vida e suas descobertas, a consciência do crescimento, a infância e a adolescência adormecidas e a maturidade iluminada? Ou a velhice sábia?
Sinto que em mim habitam muitas vontades, querências, decepções, alegrias, dores e desesperanças impulsionando o ato de escrever.
Descrever o quê? A minha vontade de escrever?! A visão de mitos sendo derrubados? O pranto provocado pelas atitudes de certos ícones desfalecidos e desnudos?O o desespero de ver fragmentos de projetos jogados aos pés?
Escrever sobre o quê?
Sobre o riso que impõe parâmetros para a incredulidade de certos deslizes humanos? Sobre a dor de embalar nos braços os sonhos de construção destruídos, a busca do fim do túnel de Kurosawa, que é desejo natural de quem não acredita mais nas três moedas jogadas ao poço? Ou sobre a beleza de pequeninos momentos naturais e divinos que podem ser esperança para quem ainda a procura?
Para que escrever?
Para jogar ao alto as ilusões, que são varridas pela realidade que a Faxineira tanto questiona? Ou para mumificar a dor que a felicidade efêmera, em certos momentos, nos presenteia ( às vezes, provocando espasmos de dor...), enganando o coração e brincando de faz-de-conta?
Para que escrever? Por tantas razões...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Olhar para os céus...

“Hoje não olhamos para os céus com a mesma reverência. E isso é uma pena. Ao nos distanciarmos dos céus, nos distanciamos de nossas origens e, por conseqüência, de nós mesmos. Esquecemos que viemos todos das estrelas, literalmente. Esquecemos que todos os elementos químicos que compõem nossos corpos, nosso planeta e tudo à nossa volta originaram-se em estrelas que desapareceram há bilhões de anos, espalhando seus restos mortais - a matéria que existe no sistema solar, do carbono ao urânio – como se semeassem um jardim.”
(Marcelo Gleiser)

sábado, 17 de maio de 2008

OS OLHARES DA FAXINEIRA DE ILUSÕES, A MULHER E O MUNDO DOS SONHOS.


Eu e minha mãe,Ilhéus, natal de 2007.

Descanso o corpo para observar e dedicar-me aos olhares...
Vejo, distante,aproximando-se, a Mulher que acompanhei pela vida, sendo referência de vida e de existência pacífica com os angustiantes momentos que intercalaram a sua essência,mas, que nunca foi vencida.
Lembro-me do amor que lhe dediquei, em silêncio, porque a ela não caberia saber entender o sentimento tão desconhecido na infância...Amava pela espontaneidade e pela nata afeição que tinha contida n’alma.
Olho para ela, e, diante de mim, reaparece uma outra pessoa!
Agora estamos aqui.Frente a frente, olhando-me sem enxergar e nem lembrar da fascinação que inspirava a todas as pessoas que, com ela conviviam,porque,agora, está ausente.
Em que lugar ficou escondido o ser que me surpreendia pela força, vitalidade e coragem incansáveis?
Para que direção a levaram, se não a encontro, mesmo estando à minha frente?
Por que apagaram o brilho daqueles olhos irrequietos, que traduziam a pessoa que lhes abrigavam?
O que norteia o olhar que agora encaro?
Por que a sensação de um animal acuado, indefeso, diante de gladiadores que anseiam sacrifícios, usufruindo de sua inércia diante de ações, antes, tão certeiras e que, às vezes,ela mesma se reconhece perdida?
O que fez assim?Muitas dores? As perdas inesquecíveis? As ausências conscientes ou as palavras certeiras que magoam?
Diante dela abaixo o meu olhar,porque a realidade está aqui, diante de mim,sob a forma de um ser frágil que está prestes a viajar para o mundo dos sonhos.

Um mundo paradoxal,porque inibe,mas libera...
Um mundo onde, inicialmente, só se escuta o que se quer e só se fala o que tem como lembranças boas, para depois, virar silêncios abismais...
Um mundo onde a personalidade faz cambalhotas, fica de cabeça para baixo, baila num espaço imaginário e libera os pensamentos escondidos, os desejos amordaçados e as vontades liberadas.
Diante da Mulher abaixo o meu olhar,porque reverencio a sua vida que preparou caminhos para tantas outras, que viu em cada uma delas a transferência de seus projetos implodidos pelas incompreensões de quem poderia abrir portas, escancarar janelas e ensinar a olhar as estrelas sem temores e nada fizeram.
Desviando o olhar, porque não suporto enxergar o que está latente, sinto vontade de chegar primeiro no mundo que lhe está sendo preparado (numa calada gratidão pelos ninhos que construiu para todos),para acolhê-la como merece, conduzindo os seus passos, às vezes inseguros, para um firme caminhar; abrindo braços para atender as suas vontades infantis que não conheceu, entregando-lhe todos os brinquedos que nunca ganhou, construindo o espaço que sempre sonhou e não conheceu.
Sinto-me impotente diante da certeza que é presenciar a força se transformar em fragilidade, porque é muito dolorido se ver adiante numa situação em que as palavras não serão ouvidas, os sorrisos não serão retribuídos, sequer as mãos serão estendidas,porque se habita no mundo dos sonhos, que é paradoxal: iniibe, libera e faz sofrer quem não está inserido nele.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Saudades

Parece que final de semana dimensiona a saudade... Talvez porque ficamos livres dos horários do dia-a-dia, dos compromissos profissionais e a pausa para o corpo e o espírito estimule isso, o ser aquieta, começa a acalentar as afetividades, a ninar as querências...
Saudade de Mariana e Gabriel, que estão no Rio de Janeiro... Saudades de minhas tantas saudades...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

POR QUE TANTO MEDO?

É madrugada. O silêन्चियो- que deveria ser absorvido pelo descanso de cidadãos dignos que trabalham, cumprem seus deveres, deveriam ter seus direitos respeitados e merecem usufruir do sono para recarregar energias- é violado pelo pânico da possibilidade de estar sendo parte do tão lugar comum na vida brasileira: a violência, o assalto e o desafio grandioso de querer viver diante da insanidade de marginais.
Por que estamos com tanto medo?
Porque vivemos em estado defensivo, sob a tensão da violência, do medo e não podemos dormir em paz!
Porque não podemos deixar nossas janelas abertas para respirar ar puro, quando estamos em casa.
Porque nossas portas possuem trincos, cadeados, alarmes e grades, que aprisionam nossa liberdade de pessoas decentes.
Porque precisamos ficar acordados ,à noite, por causa de invasores que desrespeitam a vida e, vitoriosos( sim, vitoriosos), ficam impunes.
Porque somos impedidos de ficar em segurança em nossas casas, acorrentados ao temor do ser a próxima vítima.

Por que não dormimos boa parte da noite e ficamos à mercê de alarmes, cercas elétricas (dentre outros recursos modernos) e cães que latem num momento em que a tranqüilidade é prioridade?
Porque somos cidadãos que vivem na vulnerabilidade de uma sociedade que vê a impunidade como elemento principal de sobrevivência.

Por que temos tanto medo?
Porque uma pessoa ser ameaçada em sua própria casa, com uma arma apontada na cabeça, por um elemento nocivo, constata que ele está em liberdade porque não "estava com o furto nas mãos"...
E a arma?e o emocional, quem assumirá o pânico de uma família que passa por isso?
Quem conseguirá tirar o medo, eterno companheiro de homens dignos, que se alojou em todos os lugares?
E as horas de sono, perdidas na madrugada pelo temor de ouvir um alarme de carro ser acionado(já preventivamente instalado por causa de roubos) e temer pelas vidas que estão em seu espaço vivencial, como e de que forma poderão ser recuperadas?
E os vizinhos que acordam e, solidários, interrompem o sono para ficar em alerta?
Quem será punido por isso?

É madrugada. O silêncio fica mais angustiante pela espera do desconhecido, porque, prisioneiras do medo, as pessoas aguardam passadas rasteiras, vultos ameaçadores, buscam ruídos, fixam olhares nas fechaduras esperando o pior, vigiam as ruas pelas janelas trancadas e anseiam pela chegada do dia, sonhando com a parcial segurança, porque nada é impossível aqui, nesse duelo de vida e de morte...

É madrugada e, o fato de estarem acordadas, quando deveriam estar dormindo, mexe com as pessoas que estão sendo violentadas em sua privacidade e seu direito de ter paz.

PARAR PARA PENSAR

Parar,
Para pensar sobre os pensamentos que inundam a mente
em duelo com o raciocínio rápido.
para abstrair os que nos chegam
e são criados pela infâmia e desamor.
Parar...parar...parar...
Para não ouvi-los!

Parar,
Para recordar as construções alicerçadas no amor,
sorrir com as etapas vividas,
agradecer o que se criou
e eternizar tudo que se ganhou,
para ter forças no momento de calar

Parar,
para ouvir, aprender a discernir as imagens,
e ver com diversos olhares o que se escutou...

Parar,
Para não falar o que o coração ressente
Para não sentir o que a razão impõe
Para não macerar mais a alma doída.

Parar,
Para não sentir tanta dor,
poder aplacar a ira dos pensamentos,
que estão revoltos
e amenizar o torpor que eles cravam sem dó...

Parar,
sempre aprendendo a diminuir passos,
aguçar sentidos,
abrir braços para a companhia que faz bem,
dar as costas para os desafetos em total mutismo...

Parar,
Para sobreviver aos rancores,
Inundar a alma de esperanças
E desarmar os incautos...
Para não escutar, mas, ouvir.
Parar, parar, parar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

PARA MINHA FILHA MARIANA SANTIAGO


A UMA ENCANTADA DE VÊNUS
A saudade está abusando...Enterneço o meu ser amadurecido e encharcado de vivências,para poder chegar até você , acreditar nos seus sonhos, aplaudir a sua alegria e fazer de minha essência, também, crença em seu amanhã...Você sempre iluminou o meu dia, Mariana, fazendo jus ao ser habitante de Vênus, que possui a dualidade simbólica( Estrela da manhã e Estrela da tarde), e, como uma pastora nômade buriata, acredita que esta Luz é “ o pastor celeste guiando o seu rebanho de estrelas”...Você fica eternamente enluarada olhando para os céus e passa a sua atração ensinando-nos que ali, bem alta,está o símbolo de diversão, de alegria, de festa na afinidade e na harmonia da troca, da comunhão afetiva e do sorriso numa sintonia total com os estados emocionais que transmitem beleza,encanto,graça e amor, muito amor.Vênus é potencial de encantamento! Protege os seres que acreditam na poesia, na essência e no invisível-porém-existente. Pela Cabala, é um planeta que estabelece correlação com o anjo Amael,tem função cósmica de amar, situa-se no espaço em pleno oeste e opera na alma o amor e as relações, marcando a crença em uma simbiose do céu e da terra.Sinto saudades de você,tão longe de mim, e, à distância, “observo” você, pastora de Vênus! E vejo como cresceu . Mas um crescimento tão rápido que me assusto e não encontro o pequenino ser que me pedia colo e falava de proteção e agora fala à minha alma de fortaleza para o meu espírito e doação de alegria que há muito eu perdi...Mãe, continuo vendo você Menina..., mas, como cresceu!Hoje a saudade está abusando, menina habitante do mensageiro do Sol!Protegida pela multiplicidade de significados,Vênus é estrela Dalva, é planeta,é intercessor entre o Sol e os homens e ainda passeia no místico mundo grego onde reina poderosa como Afrodite a deusa da beleza ,filha de Urano, o Céu !E continua encantando mundos e almas, permanecendo única em seu mistério, a enluarar os seres sensíveis e abertos aos sonhos, a seres em crescimento como você, menina que ora é mulher iniciante, ora é encanto, sempre é amor.Enterneço o meu coração para falar sobre a vida que habita em uma enluarada de Vênus, porque os recados silenciosos que a minha alma envia, nem sempre são ouvidos.Ficam amortecidos na angustiante luta travada entre o sonho e a realidade, entre o ser e o querer ter, sem forças para o grito que espanta e acorda porque só habitantes de Vênus possuem o dom de eternizar a beleza da vida.Hoje, a saudade está abusando...

domingo, 11 de maio de 2008

SEGUNDO DOMINGO DE MAIO...DIA DE FALAR DE AMOR...

Hoje quero falar de meu amor.
Do intenso querer por meus dois seres especiais, por minhas duas frestas iluminadas, que amparam a minha vontade de expandir meus sonhos e fortalecer minhas utopias para sobrevivência de minha essência.

Hoje é dia dos meus filhos!
Dia de agradecimentos por eles terem nascidos de mim, pelos nove meses que me fizeram aguardá-los, passo a passo, preparando-me para uma etapa que me fez sentir o poder da maternidade, da espera ponderada,da candura escancarada, das dúvidas e vontades paridas de minhas entranhas,porque enraigadas na força da vida.

Hoje é dia de falar de amor. Dia dos meus filhos.Dia de silenciar. Dia de observar.Dia de agradecer à Energia Maior pela dádiva de ter Gabriel e Mariana em minha vida.

Hoje é dia de sentir saudades mais intensas,porque,mesmo longe,eles estão pertinho de minh’alma cada vez mais. Dia das saudades liberadas e imensas,porque cada momento deste domingo me faz querê-los aqui, com seus sorrisos, suas energias que dão mais vida e afagam a minha macerada alma, solitária na vontade de tantas vontades.

Hoje é dia de falar de amor...Do amor que apascenta meu coração.Aquieta meus temores.Bloqueia meus pensamentos nem sempre puros. Agarra a minha tristeza , embala-a, cantando canções e acalantos para acalmar meu espírito.

Hoje é dia de calar todos os gritos que querem ecos...Dia de aparar arestas que, impossíveis, teimam em desobedecer. Dia de ficar em silêncio...Silêncio para não sentir dor( mais?), para não falar o que o sentimento está pedindo, para não gritar.

Hoje é dia de receber abraços longínquos, afagos paridos por minha imaginação( pelo menos um abraço!),porque foram proibidos de presença pela força dos astros...
Hoje é dia de enfrentar os espelhos e labirintos borgeanos e gargalhar diante da impotência de realizar o meu desejo maior. Impotência que me acordou, me tirou dos vôos idênticos aos da Faxineira de Ilusões ,que sempre me dão licença para descansar em Vênus, correr pela Via Láctea e observar do alto e da imensidão do imaginário espaço de Peter Pan, as cores e os amores do meu encantado mundo.

Hoje é dia de falar de amor...

sábado, 10 de maio de 2008

UMA MULHER, A SOLIDÃO, O EFÊMERO E A AVENIDA PAULISTA.

O início de uma noite de fim de inverno em São Paulo marcava a sua rotineira função: garoar, garoar, garoar...
Do táxi, a Mulher olhava os transeuntes que percorriam a longa avenida...
Num momento estressante de carros e pessoas, o chuvisco beijava a alma de tantos seres que, passos apressados, tinham compromissos e não podiam parar.
A Avenida, centro nervoso da cidade, já era despedida de final da tarde, iluminando-se em toda a sua extensão, traduzindo a “loucura” de uma cidade que não pára...
Por que tanta pressa?
O que aquela Mulher, enquanto ia para o seu destino, espreitava do táxi, paralisando o seu olhar?
O que a tornou tão pensativa? O transportar pensamentos, abraçar idéias, embalar emoções ou o amparo do seu espírito tão angustiado e extasiado de momentos novos?
O que inibia de tanto silêncio a Mulher, quando a sua alma gritava pelo novo, pelas descobertas feitas e pela vida tentando acordá-la, congelando o seu olhar?
O que ela olhava tanto? O que lhe despertava tanta atenção?Por que as imagens imediatistas daquela longa avenida adormeceram em sua alma aquele momento em que a garoa insistia em permanecer, impedindo-a de andar, andar, andar, lavar o rosto e a alma? O que a fazia estática dentro daquele táxi?
O que a Mulher viu?
Ela viu e conheceu naquele instante único todas as respostas para a sua vida questionadora.
Viu na longa avenida que não pára, numa transversal, uma mulher contrastando com tudo que a Mulher( de dentro do táxi) estava vendo naquele momento e respondia às suas indagações silenciosas: mãos nos bolso do longo sobretudo negro, uma figura feminina iluminava toda a Avenida. Cabelos molhados pela chuva fina, passos lentos, como se a paz estivesse habitada em sua essência, parava, aguardando, no semáforo, o momento de prosseguir.
A Mulher, de dentro do táxi, acompanhou, com o olhar aquele ser sumindo na Avenida, na longa Avenida da cidade que não pára, sozinha, com seus lentos passos (que divergiam dos outros seres apressados), introspectiva figura, numa solidão tão linda e num momento único que, sem saber, havia mostrado à Mulher que espreitava do táxi, o efêmero da vida!
Emocionada, guardou aquela imagem.
Mas, a feminina figura solitária, mãos nos bolsos do longo sobretudo negro, que caminhava com passos lentos, ficou guardada para sempre n’alma da Mulher que, de dentro do táxi, olhava os transeuntes que seguiam seus destinos na grande Avenida da cidade que não pára।
Ana Virgínia Santiago

Minha Criança - ARTUR DA TÁVOLA

Peço licença para falar na minha criança, a que mora aqui dentro e não me abandonará jamais. Talvez com a morte eu até regresse a ela. Os sessenta anos que dela me separam não a removem. Ela ali está, magra e tímida a me olhar e ditar comportamentos e reações.
Slide 2: Minha criança esteve em todos os meus filhos e aparece no meu neto Davi. Ela se refaz da morte da irmã e abre os olhos para o mundo, com a certeza de que veio ao mundo para alguma missão, embora sempre se considere inferior ao tamanho da mesma. Minha criança sente enorme saudade de pai e da mãe com quem o adulto já não conta salvo no exemplo, na saudade e numa ou outra fugidia sensação de estarem, incorpóreos, a seu lado, mas sem se manifestar. Minha criança possui incomensuráveis solidões diante do mistério do infinito. Ainda recua diante do violento, embora não o tema, e ainda se infiltra em episódios de distração e inocência inexplicáveis num homem com minha carga de vivências.
Slide 3: Minha criança ainda gosta de abraço caloroso, proteções misteriosas e de um modo de rezar que o adulto nunca mais conseguiu tais a entrega e a total confiança no Mistério e na proteção de Deus. Minha criança carrega o melhor de mim, é portadora de meu modo triste de falar de coisas alegres e de algum susto misterioso sempre que se impõe alguma expectativa. Minha criança é inteira, mansa, bondosa e linda.
Slide 4: Eu a amo, preservo, e dou boas gargalhadas quando a vejo infiltrar- se nas graves decisões de algumas de minhas responsabilidades adultas. Ninguém a vê, salvo eu. Ninguém a acaricia, salvo eu, que a estimo, procuro e admiro mais a cada dia e com quem converso histórias infinitas, que somente a imaginação pode conceber no universo maravilhoso da fabulação.
Slide 5: Diariamente passeio com minha criança e estou muito feliz por cumprimentá-la, levar-lhe balas, nuvens, aquele cão da meninice, as canções de minha mãe e os carinhos de meu pai, levar-lhe os presentes que ganhava de meu padrinho e toda a enorme vontade de Ser que então adivinhava para a minha vida. Vida que chegou, ameaça passar, e da qual não me arrependo. Minha criança adivinhou em seus sonhos o adulto que eu queria ser. Talvez com menos tensões, mas igualzinho em meu modo de amar a vida.

UMA PAIXÃO LITERÁRIA:

A água da minha memória devora todos os reflexos.Desfizeram-se, por isso, todas as minhas presençase sempre se continuarão a desfazer.É inútil o meu esforço de conservar-me;todos os dias sou meu completo desmoronamento:e assisto à decadência de tudo,nestes espelhos sem reprodução.Voz obstinada que estás longe chamando-meconduze-te a mim, para compreenderes minha ausência.Traze de longe os teus atributos de amargura e de sonho,pra veres o que deles restadepois de chegarem a estes ermos domíniosonde figuras e horas se decompõem.Não precisaremos falar mais nem sentir:seremos só de afinidades: morrerão as alegorias.E saberas distinguir as coisas que parecem desoladas,olhando para esta água interminável e muda,que não floriu, que não palpitou, que não produziu,de tanto ser puramente imortal...Cecília Meireles in: "Viagem," 1939

sexta-feira, 9 de maio de 2008

MOMENTO DE VER O OUTRO...


Momento de persistir nas lembranças...
Nos valores absorvidos, nas ações testemunhadas
Momento de reviver ...
De enxergar com olhares amenos,sentidos profundos, percepção aguçada
Para ver o Outro!

Momento de ver...
De raciocinar sobre alma, sobre mágoas, sobre vozes...
Momento de desarmar os escudos de proteção, abrir os braços, olhar para o alto e não de cima...

Momento de respeitar as individualidades, as privacidades, os silêncios
Pois é hora de ver o outro!
De quedar as arrogâncias para conhecer seus limites
E para ver o Outro!

Momento dos momentos...
De saber os limites de que,quando se vive em comunidade,
Todos precisam de descanso, ouvir o que gostam com limites de volume, respeitar os sons, os quereres,as noites, as madrugadas...


Todos têm direito aos espaços que lhes são determinados nos códigos de postura,porque, enquanto cidadãos, cumprem com suas obrigações.
Podem gostar ou não de caprichos escondidos em frustrações...detestar os barulhos, os gritos, as ausências de padrões educacionais...
Momento de ver o outro!

Momentos de desafiar os demônios que habitam em cada um
Para que os anjos dominem as essências.
Momento de ver quem trabalha para você, que cresce no que faz, para você e crava conhecimentos por causas maiores...
Momento de ver o outro!
Por que não enxergar, ver, perscrutar,
escutar quem pode passar experiências?

Momento de persistir na memória...
Ter atos pensados,
Separar...
desejos ou sentimentos vis
do que é construtivo e inteligente.
Momento de ver o outro!

Momentos...o Outro...

Minha mãe


Minha mãe...talvez por tantas lutas enfrentadas e tantas perdas doídas,Deus achou melhor que sua memória adormecesse para não sofrer mais lacunas emocionais e afetivas। Então,fez com que ela construísse " um mundo" só dela, lembrando de épocas em que era só felicidade.




PARA MINHA FILHA MARIANA SANTIAGO

A UMA ENCANTADA DE VÊNUS

A saudade está abusando...
Enterneço o meu ser amadurecido e encharcado de vivências,para poder chegar até você , acreditar nos seus sonhos, aplaudir a sua alegria e fazer de minha essência, também, crença em seu amanhã...
Você sempre iluminou o meu dia, Mariana, fazendo jus ao ser habitante de Vênus, que possui a dualidade simbólica( Estrela da manhã e Estrela da tarde), e, como uma pastora nômade buriata, acredita que esta Luz é “ o pastor celeste guiando o seu rebanho de estrelas”...
Você fica eternamente enluarada olhando para os céus e passa a sua atração ensinando-nos que ali, bem alta,está o símbolo de diversão, de alegria, de festa na afinidade e na harmonia da troca, da comunhão afetiva e do sorriso numa sintonia total com os estados emocionais que transmitem beleza,encanto,graça e amor, muito amor.
Vênus é potencial de encantamento! Protege os seres que acreditam na poesia, na essência e no invisível-porém-existente. Pela Cabala, é um planeta que estabelece correlação com o anjo Amael,tem função cósmica de amar, situa-se no espaço em pleno oeste e opera na alma o amor e as relações, marcando a crença em uma simbiose do céu e da terra.
Sinto saudades de você,tão longe de mim, e, à distância, “observo” você, pastora de Vênus! E vejo como cresceu . Mas um crescimento tão rápido que me assusto e não encontro o pequenino ser que me pedia colo e falava de proteção e agora fala à minha alma de fortaleza para o meu espírito e doação de alegria que há muito eu perdi...
Mãe, continuo vendo você Menina..., mas, como cresceu!
Hoje a saudade está abusando, menina habitante do mensageiro do Sol!
Protegida pela multiplicidade de significados,Vênus é estrela Dalva, é planeta,é intercessor entre o Sol e os homens e ainda passeia no místico mundo grego onde reina poderosa como Afrodite a deusa da beleza ,filha de Urano, o Céu !E continua encantando mundos e almas, permanecendo única em seu mistério, a enluarar os seres sensíveis e abertos aos sonhos, a seres em crescimento como você, menina que ora é mulher iniciante, ora é encanto, sempre é amor.
Enterneço o meu coração para falar sobre a vida que habita em uma enluarada de Vênus, porque os recados silenciosos que a minha alma envia, nem sempre são ouvidos.
Ficam amortecidos na angustiante luta travada entre o sonho e a realidade, entre o ser e o querer ter, sem forças para o grito que espanta e acorda porque só habitantes de Vênus possuem o dom de eternizar a beleza da vida.
Hoje, a saudade está abusando...

PARA MEU FILHO GABRIEL SANTIAGO



A vida finca benefícios tão grandes na alma, que o coração os aconchega com bem proteção, para não desaparecerem,pois são alimentos para sobrevivências...
A dádiva de fazer parte de um projeto vital, com sementes bem plantadas e frutos já começando a serem colhidos, é um bálsamo para o coração, que já está macerado demais por mágoas, sustos, decepções, desamores, esperas e desencantos.
Como esquecer uma emoção que vai ampliando a sua essência, dignificando a condição humana de ser, para atingir um estágio de sublimação, que faz esquecer até as dores que rondam o dia a dia?
Como falar de um momento que abriu a visão para melhor entender e enxergar o mundo e as pessoas, por conta de um amor incontido e que sente fome de mais amar?
Apenas amando!
Como explicar a saudade de quem a gente ama tanto?
Apenas chorando pelos instantes em que a presença não pode dizer sim, em que a companhia é desejada e não esquecida por desamor e chorando pelas faltas, que são grandiosas em momentos maiores,porque se é essencial para o outro.
Como explicar esse amor?
Apenas falando a voz do coração,que clama por querências e desejos de realizações, sorrindo pelos caminhos que vão sendo traçados e agradecendo a constatação que as idéias que foram apreendidas.
Como falar de um amor intenso?
Claro que amando mais!
A fagueira vontade de querer estar junto de alguém que se quer e faz parte de sua essência, é compromisso do encantado milagre do viver e do querer bem,pois, só quem tem amor acalentando a saudade pela felicidade do existir,pode ter lembranças tão vivas, após tantos anos, de um momento especial.Como amar mais? O poeta Drummond, ensina que só há uma forma de amar com mais intensidade: “pluriamar”!

Ela estava ausente da vila,pois firmava a sua existência num espaço que traduz aprendizagem, crescimento espiritual e conhecimento das pessoas...
Recolhia-se ao estado inverso de sua existência,para vivenciar o que sempre teve.E como teve!
Ficou ausente da vila para aconchegar seu querer num bem maior.
E pensava na solidão de sua vida naquele momento.
Que olhos eram aqueles que, pedintes, diziam tantas coisas? Por que passos incertos, antes tão ágeis, tão firmes na função maior de comando, agora precisavam de companhia?
Por que ninguém aprende com o que a vida presenteia?
De que são feitos aqueles seres que perscrutam o espaço que, silencioso, revive passado, acentua presente e atesta futuro?

Ela estava ausente de sua vila, de sua função de varredora de sonhos, de arrastar para fora os indignos flagelos e farelos humanos para tanger a hipocrisia de seu chão.
Despiu-se da fantasia dos afetos para desfazer todas as farpas desumanas de quem estava tão próximo e escancarou a realidade.
Que realidade!

Era Faxineira de Ilusões e construtora de sonhos,agora, irrealizáveis, porque a indignidade rondava seu espaço e ela não sabia a dimensão.
Buscou a forma maior de digerir tudo que estava vivendo, longe de sua vila. Procurou encantos antigos, revirou os lamentos, espanou os tantos lampejos de dores físicas e emocionais, para ter sobrevivência, e percorrer os espaços que lhe doaram para acomodar o seu universo. Mas, estavam ocupados e bloqueados,porque a desarmonia, a ingratidão e o espanto tomaram assento num lugar que precisava de atenção redobrada, compreensão, retrocesso para etapas passadas, respeito humano.

Ela retornou à vila e encontrou a Mulher que não mais espiava pela janela do mundo drummondiano. A Mulher agora olhava pela janela o infinito para tentar entender o que via. Precisava da Faxineira para eliminar vontades revoltadas, esfregar visões que condenava pelo desrespeito e ajudá-la a chegar até aos seres alados que pulsam, inebriam e entendem as estrelas.

Ela retornou à sua vila. Para acalmar sua alma necessitada de paz. Para conter sua ira pelos atos desumanos de quem só precisava ter amor. Para fugir de uma realidade que está tão próxima. Para não saber de sua impotência diante de uma chama que, mesmo iluminada, precisa de espaços maiores para resplandecer.

terça-feira, 6 de maio de 2008

SAUDADE

Hoje a saudade está doída...
Saudade de meus filhos...Intensa e imensa saudade.
Saudade de barulhos, de sons, dentro da imensidão, que são as tantas paredes, brancas, questionadoras e frias que me abrigam e atestam a solidão na grandiosidade do espaço.
Saudades da presença contagiante de Mariana, de ouvi-la “enchendo” a casa toda,olhos sorrindo e aquela inigualável alegria de viver.Saudades até do silêncio, que traduz Gabriel, com seu violão, sua música, seu intimismo.
Saudades da dualidade que são as minhas duas frestas इलुमिनादास (que são एल्स) e me fazem lacunas de afeto e amor.
Saudades de mim...de um tempo em que os tinha em torno de minha vida e minha querência de amar, sempre amar e tê-los juntos ao meu mundo vivencial.
Saudades deles, simplesmente.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O PASSEIO DA FAXINEIRA DE ILUSÕES

Sou Faxineira!
Limpo sonhos e aspiro recordações...Varro todos os sentimentos, transformando-os em sublimes companheiros que dão sentido ao fragmentado coração. Incansáveis na espera, modificam-se em emoções, doces sonhos e carinhosos afetos, sempre lembrados que não podem sair da alma desarrumando a realidade.
Sou uma Varredora de sonhos! Arrasto os insuportáveis flagelos afetivos e os farelos de ilusões, sob os tapetes, para não “sujarem” a hipocrisia do mundo.
Desfaço as farpas da fantasia! Busco encantos, reviro os lamentos e espano os lampejos de dor, pois sou uma Faxineira de Ilusões. Percorro os espaços que me doaram para acomodar o meu universo. Mas estão todos ocupados!Apenas posso desafiar harmonia, assentar recados, desinfetar traições...
Existo das poeiras espalhadas que me dão para limpar, sobrevivendo dos destroços emocionais cabíveis à minha vida de Faxineira
Elimino vontades e esfrego visões enferrujadas dos desejos de mulher –que- anseia, para não pertencer aos seres alados que pulsam e entendem as estrelas.
Quem sou?
Que essência me deram para existir?
Por que não varreram do meu coração as doídas divagações?
Só porque sou Faxineira de सोन्होस, a realidade não pode adormecer em mim?
Varrendo as minhas ilusões e escondendo-as no canto de minha agonia, procuro respostas para minhas inquietações.
Fim de tarde, início de noite mudando de humor.
Começa a esfriar... A alma atenta para a vida. O dia a dia percorre a sua trajetória e a solidão insiste em permanecer, mas uma solidão calma, sem rumores nem lamentos...Em seu estado natural!
A consciência das ações humanas, em certas situações, chega em mim com um sentimento de impotência total. É assim quando o coração ancora no caos... vazio...sem nenhuma dimensão, sem espaço nem tempo. Sonhos? Perdidos. Minhas idéias formadas? Apagadas! Será que vale a pena refazê-los? Ou tiveram o seu tempo mínimo de sobrevivência para adormecer e não mais acordar? Quem poderá dizer ao meu coração a resposta? Quem? Não sei!...
Por que as pessoas magoam? Por que outras sofrem por isso?
Bate bem forte uma vontade de desafiar os “testes divinos”. Seria heresia? Ou uma forma de mostrar que ainda se quer lutar, acreditar, que é uma sucessão de fatos como o dia que tem a sua regularidade: nascimento..crescimento ... plenitude e declínio de vida? Ou como a noite que simboliza o tempo das germinações, das gestações, das conspirações, que desabrocharão em um novo dia, como manifestação de vida?
Sou Faxineira... Um espírito em repouso sob olhos em permanente vigília...Passeio entre corpos, gestos e olhares que traduzem os seus donos.
O terreno é frágil! Preciso ter equilíbrio para que as minhas emoções não sejam mostradas ,pois é preciso calar.
Não vale a pena expor (des) máscaras. As pessoas gostam do irreal ( ou surreal?).
Mas,em certos momentos, é preciso aprender a ser e fazer silêncio. Algemas especiais acorrentam as minhas vontades incorporadas por um Ícaro fugindo do sol e, covardemente, preferem ficar e fincar os desejos contidos, as vontades sonhadas que poderiam ser reais e viram sublimação, impedindo o expor idéias, gritar insatisfações.Tudo porque é preciso ser silêncio
Aqui, passeio entre homens, gestos,olhares e medos.Tudo é silêncio de verdades, mas olhos observam. Tentam descobrir, perscrutar, inquirir o que será que está errado.
Sou uma espécie de camaleão...Tenho capacidade de transformar o meu angustiado coração em sorriso pacifico. E escuto e procuro ouvir...
O que será que pensam outras vidas?
Quem acomodará todas as cinzas que varro dos cantos vitais e tento jogá-las fora, porque são nocivas?
Passeio entre as ruas e procuro as luzes.Em que lugar foram guardadas as suas construções, as lembranças das pessoas que por elas passaram e a sua história?
Por que estão escurecendo a vida que nelas existiu?
Sou Faxineira, mas ouço vozes que também choram pelos contares destruídos e pelas vaidades em evidência.
Por limpar sonhos e armazenar recordações, sinto falta do que não encontrei,pois tudo foi destruído.
Como resgatar que nos levaram?!

A MULHER E A SOLIDÃO NUM DIA DE REFLEXÃO

Reencontrei a Mulher que vive em solidão...Estava diante do mar, como das outras vezes. Olhar angustiado, de buscas inexplicáveis para quem não conhece o seu mundo, ela fitava o infinito numa vontade de viagem sem retorno.
Sempre a vejo assim. Em completa sintonia com o espaço que lhe abraça no instante.
Absorta, imersa em pensamentos impenetráveis, pois, pertencentes ao seu inatingível mundo interior, ela intriga a quem convive nos esparsos momentos de companhia.
Porque sentia arder em seu ser todas as contorcidas ausências, ali estava ela querendo falar com alguém e dizer da dor da saudade e da solidão.
Dizer tantas coisas...
Falou da vida que sonhou, de todas as perdas que teve, das pessoas que amou e viu partirem cedo, de algumas que acreditou e tornaram-se decepção, de tantos momentos e palavras que a fizeram sucumbir num caos de desalentado torpor.
Eu vi a Mulher desnudar-se de seus temores e desamores para falar dos seus quereres guardados no coração, das lembranças que lhe fizeram impassível diante de ações retardadas, de momentos que lhe amparam para sobreviver.
O que tem aquela Mulher que olha para o infinito com ânsias de vôos longos e, ternamente, começa a falar como se estivesse num monólogo intenso e me faz aquietar e prender a respiração?
Então, a ouço sussurrar, que vive há tempos mais na fantasia do que na realidade, que dorme com os seus sonhos não-concretizados, acorda com eles, dando-lhes as mãos durante todo o dia para não sucumbir, até chegar a noite e tornar a dormir, por eles acalentada...

Vi a Mulher sorrir quando falou do tempo que acreditava na comunhão de atitudes, na confiança de seres afins, nas palavras que acreditou, porque tinha a esperança na alma, enxergando-a perpetuada em frestas iluminadas.

Reencontrei a Mulher que vive em solidão.E, incrível, só agora começo a conhecê-la.
Ela é como tantas outras vulneráveis vidas, que seguem o destino, contrariadas e expostas à humilhação dos desejos reprimidos, dos gestos bloqueados, da anulação como seres que amam e anseiam, que sentem saudade do que não tiveram,mas sabem que existe. De todas as vidas que estão fisicamente num lugar e o pensamento voa para outro,bem longe, a buscar o que perdeu sem ter conhecido.Que sentem prazer em dormir para esquecer, pelo sono, o que lhe angustia e grita na essência: Vida, quero vida plena!
A Mulher que eu enxergava distante é como todas as mulheres que passam pela mesma angústia dos temores e questionamentos,porque não são leigas...
Ela é como tantas mulheres que vivem em completa solidão e bloqueiam suas emoções e seus desejos por terem gritos contidos e acorrentados à vida que levam...
Eu vi a Mulher que sente solidão olhar para o infinito e falar...Não sabendo que estava acalentando outros sonhos rasgados, emoções destruídas, desejos dizimados, quereres amordaçados...
Eu ouvi a Mulher que olhava para o mar e vomitava para o infinito todas as dores de um universo complexo,muitas vezes incompreendido pela falta de visão e sensibilidade...
Vi a expressão que dói, a falta que é sentida, os toques que não são presentes, as mágoas que somatizam dores diversas na fala da Mulher que sente a solidão!
A MULHER E A VIDA QUE PASSA...

Todas as manhãs, Ela chega ao ponto de ônibus, no mesmo horário.
Parada, observa as pessoas que, todos os dias, percorrem o mesmo roteiro.Todas ocupando o mesmo espaço e encenando o tedioso comportamento do dia a dia.
O tempo frio obriga os transeuntes às mudanças de comportamento e vestuário, mostrando nas expressões, os olhares, inquisidores ou não, que anseiam, acomodam, sonham ou questionam.
O que será que pensa aquele senhor que todos os dias busca no tratamento de saúde, a esperança para seus olhos tristes?
De que tanto sorri aquela jovem mãe, que leva a filha para a escola, o uniforme impecável denotando limpeza e noção de higiene?
E aquele casal que traduz a infidelidade visível, como será que encara os seus pares no fim do dia?
Como conversam aquelas senhoras que, no hábito das andadas matutinas, fazem suas terapias com as amigas e sorriem!
Por que aqueles jovens estudantes desconhecem o respeito ao próximo, ao sacrifício dos pais e às suas existências e vão chutando a própria vida junto aos recipientes coletores de lixo, que encontram pela frente?
A Mulher aguarda e observa...
Quantas vidas que desfilam todas as manhãs atestando que a vida realmente não pára! Evolui, estaciona em alguns momentos, em outros,prossegue, sempre.
Por que será que, algumas pessoas que estão no mesmo espaço que Ela, não conseguem balbuciar um cumprimento de bom dia? O que as impede de serem sociáveis? Alguma amargura? Esquecimento do que lhes foi ensinado na infância?E por que outras que, antes desconhecidas, agora, passam e sorriem e sabem o valor de um desejo de dia bonito apesar de mostrarem, pelo aspecto físico e pela face, o sofrimento que a vida lhes impôs?
A Mulher observa...E vê rostos, muitos rostos, pelas janelas dos coletivos, de pessoas,que rotineiramente, vão para os trabalhos e escolas e já são pessoas conhecidas.
É dia chuvoso.
E a Mulher, agora em outro espaço dividido com outras pessoas, continua a questionar as lacunas existentes na alma delas...
Será possível que o convívio diário, o contato ao lado com várias pessoas, não conseguem transformar angústias, mágoas, preocupações, desamores, desconhecimentos de valores morais e tristezas, nas qualidades que outras que estão ali sabem tão bem mostrar? Por que não os cumprimentos, as risadas, os desejos de dia de paz, os sorrisos?por que não a socialização?!
O que as impedem de ser gente?!
A Mulher continua a observar...

TEMPO DE PREPARAR O CORAÇÃO.

É tempo...
De acalentar a alma para adormecê-la, porque o momento em que se precisa sobrevoar outros espaços, alheios à sua realidade, para continuar a viver, é chegado.
É tempo de se guiar pelos próprios pensamentos, olhar o mar e questionar as próprias emoções; parar para saber o destino dos sonhos e as certezas que lhe foram norte na vida,
Indagar porque eles ficaram cegos e não enxergaram uma realidade que lhe chamava atenção (talvez pelas desatenções ampliadas), impedindo a clara visão.
É tempo de saber por que se ouviu apenas a voz que camufla e brinca de esconder com os desavisados de maldade e se deixou os olhos fechados para a vida que passava diante de si.
É tempo de saber...
As formas que poderiam evitar as mágoas que criam elos na essência e maculam a alma, amordaçando as vontades de amor e de querer.
É tempo de parar e de desencantar o macerado ser para refletir melhor, pois nem tudo traduz poesias lidas e amadas que alimentam (alicerces anímicos), mas, respostas do coração.
É tempo de acordar, abrir os braços para a vida que ainda pulsa, olhar para infinito e acolher o que ela ainda lhe poderá dar. É tempo de acordar, pois.
É tempo, ainda há tempo...
De alertar que a vida está estampada nas faces das pessoas, grita para ser ouvida mostrando a transparência que é.
É tempo de acordar, a vida adormece rápido,pois tudo é efêmero...
É tempo de refletir as indiferenças, os atos de esquecimento, as confidências ditas para messalinas, que possuem o poder diabólico de aniquilar.
É tempo, ainda há tempo...
É tempo de preparar o coração!
Para as ações que poderão não ser entendidas, mas que significarão sobrevivência, pois até a solidão precisa ser vivenciada em sua essência e também é companhia...
É tempo
Para as reflexões profundas que ainda terão espaço, se feitas com alma descansada.
Ainda há tempo,
Para dizimar a intolerância, para o entendimento ser assentado, para as vozes serem ouvidas.
É tempo...
De aliviar o coração para a alegria da despedida tão desejada,
Para a paz ser, enfim, selada,
Para a ausência ser solidificada.
É tempo de preparar o coração!

Ana Virgínia Santiago

A FAXINEIRA DE ILUSÕES E O PROUSTIANO MUNDO PERDIDO DE SUAS RECORDAÇÕES.

A Faxineira de Ilusões parou na praça para descansar e reencontrar emoções, lembrando que está pertinho de sua cidade fazer aniversário...
Mas, festejar é ato sério, requer veracidade de reconhecer a data como algo importante de ser aplaudido.
E , dentro da alma, buscou o passado, precisando fazer comparações...
E buscou,buscou, buscou...
Por onde anda aquela paisagem que foi sua companheira há tantos anos atrás? Em que beco se esconderam as pessoas que ali transitavam e davam um colorido especial à cidade?
Cadê a marca da infância que se formou ali, dos gritos infantis,que brincou de roda, de se esconder com os marmóreos leões e tinha a pureza de bater palmas para a imensa árvore, que dava limite ao histórico bar e à casa de Deus e foi derrubada?
Cadê a menina pequenina que gostava de passear ali, que sorria muito, tinha vestido pregueado, laço de fita nos longos cabelos e acreditava que todos eram iguais ao seu mundo?
Em que instante lhe avisaram que há paradas, como as brincadeiras de “mandrake” paralisando seus sentimentos?

Cadê a história de sua cidade?
Cadê a memória dela?

Em que gaveta estão guardados os manuscritos, as fotografias, os contares de quem amou tudo isso e não é mais lembrado?
Em que casa estão abrigadas as imagens de tantos momentos especiais à cidade, que a dimensionaram, dando-lhe o título nobre de princesa?
Por que tanta amnésia pelos grandes feitos e pelas idéias que, brilhantes, fizeram dos construtores da cidade, benfeitores de luz?

A Faxineira buscou, buscou, buscou...
Queria a essência de tudo que teve, porque sempre acreditou na evolução, em crescimento,mas, queria o eterno.
Queria a essência, a memória, a história!

Olhou para os lados e sentiu saudade de tantas saudades, de tantos quereres que se foram e , agora,descansam em mundos, que não podem ser vistos...
E andou, andou e parou em outro espaço que fincava mais recordações.
Cadê a casa que limitava a esquina da praça dos pinheiros? Cadê a sua imagem em papel, que eterniza a sua existência, pois deu lugar a outra construção?Cadê a praça e a sua história homenageando o homem que acreditou nos moços e escreveu sua oração?

Ela só queria a história, a memória!

Cadê os bancos que faziam companhia à tímida,mas, tão rica avenida, palco de tantas risadas, de tantos seres em plena juventude, com sonhos ainda adormecidos e, muitos, hoje concretizados ?
Cadê a lembrança da história de homens que, leões, criaram clubes de serviços em prol da carência e a favor da solidariedade?
Por que não se fala mais em tantos nomes, em pessoas especiais que chegaram aqui para construir e não apenas usufruir?
Por que não dizer às crianças sobre os homens daqui e os que aqui chegaram e tanto fizeram e que deixaram continuidade em seus ideais?
A Faxineira queria limpar as traições,os esquecimentos, os responsáveis pelos monumentos derrubados, os tesouros da cidade roubados...
Queria polir para ficar mais em evidência muitos exemplos...
E lembra do nobre gaúcho, lá dos pampas, que, aqui, ensinou tantas coisas, tinha sensibilidade e acalentava a doce poesia na alma ,e, hoje (pelo menos isso!) é nome de escola em bairro periférico. E vem junto um outro companheiro, que é nome de rua em seu bairro do coração.
Quem vai contar suas histórias para serem ouvidas?
Quem lembra de ações voltadas para a educação de um casal do passado, dos sacrifícios de sua família em nome do amor pela comunidade, pela vontade de abrir os caminhos do aprendizado para quem precisava trabalhar, oferecendo a sua própria casa?
Por que não contar suas historias e de tantos outros, reservas morais que tinham olhares especiais?

Faxinando os pensamentos, ela permaneceu em eterna busca...
Queria memória, queria história!

Em que caverna estão escondidos os adormecidos e hipnotizados seres que ela buscava para construir isso?
Queria a essência, a memória, a história! E sente pela terra, que está pertinho de comemorar data bonita...

Vai varrendo tanta sujeira, recolhendo tanto lixo e percorre as ruas, com o máximo cuidado para não sofrer acidentes... e, no calçadão, abraça a saudade daquela nobre mulher,Rosa lady , herdeira da terra de Davi, o longínquo e sofrido berço de seus antepassados, que mudou a visão feminina, arregaçando as mangas e provando que feminilidade pode ser traduzida em trabalho além do âmbito familiar e que combina com cultura, unindo olhar e vanguarda e ânsia de preservar a memória de seu amado.
Quantas saudades, quantas pessoas fazendo falta à Faxineira de Ilusões, que observa,de longe, o que fizeram com suas vivências!

Ela só queria memória e história, que chamam gratidão, lembram construções, eternizam contares e imortalizam grandes ações!
Ana Virgínia Santiago

DAR UM TEMPO PARA O TEMPO...


Dar um tempo,
para o tempo de pensar,
rever atitudes,
abrir gavetas emocionais
e acariciar lembranças que fizeram bem.

Dar um tempo para o tempo de recomeçar!

Dar um tempo,
para o tempo de olhar para trás,
apagar passadas incertas,
Abrir as mãos em conchas para abrigar energias tão ansiadas e
Espiar nas “janelas drummondianas” as esperanças que foram esquecidas.

Dar um tempo,
para o tempo ser modificado em fênix
e ressuscitar os sonhos que foram pisados,
transformar as pessoas que foram escolhidas de forma errada, em estátuas de sal,adormecê-las...
e voltar a ver outros seres que foram esquecidos por conta de utopias.

Dar um tempo,
para o tempo de retroceder,
avaliar atitudes que poderiam ser certas,ficaram impossíveis de sobreviver, mas, abrigaram a insensatez de raciocínios frios e insensíveis.

Dar um tempo,
para o tempo buscar a menina que foi enganada,
traída em seus sentimentos e em seus ideais e
Fazê-la (re)encontrar outros olhares, que habitam em outros céus, em outros mundos e foram vedados para seu entendimento.


Dar um tempo,
para o tempo de abrir janelas para que as frestas de luz ganhem o mundo,
Dar um tempo
Par ao tempo de voltar ao enternecimento das emoções bloqueadas pelo desamor,
De Interpretar as inúmeras palavras que não são esquecidas...
Dar um tempo
Para o tempo de conjugar verbos malditos e inaceitáveis
E aprender as lições rudes e traiçoeiras.

Dar um tempo,
para o tempo de frear as angústias,
Conter as tristezas,
Dar cores às saudades
Florescer as recordações, fazendo-as brotarem no coração entristecido.

Dar um tempo,
para o tempo amenizar as ausências de caráter,
Amparar as ações malévolas,
Fortalecer o campo que magnetiza e produz energia,
Para enfrentar quaisquer males que possam surgir.

Dar um tempo,
para o tempo de questionar por que tantas atitudes vãs,
tantas máscaras inúteis e inexpressivas
se quem as usam já são autênticos vilãos
e suas passadas já mostram os vãos dos absurdos?

Dar um tempo
Para o tempo de mudar de vida
Pisar novo chão
Enriquecer outras paredes
Satisfazer sonhos antigos
Poder criar, enfeitar, colorir
sem cárceres, sem impedimentos, sem recados destorcidos.




Dar um tempo
Para o tempo das despedidas
Do eternizar passadas frágeis, olhares perscrutadores, pedidos mudos pelos encanecidos contares de vida...
Para o tempo de colher, como caçadores de borboletas,
Os vôos do absurdo proustiniano mundo perdido de quem sempre abriu caminhos, dizimou obstáculos e alçou velas brancas...

Dar um tempo
Para o tempo de esquecer
Tudo que faz mal
Tudo que foi doído
Tudo que machuca
Tudo que macerou a alma

Dar um tempo!


5/5/2008